Eu sou adubo desta terra
A quem mim fortalece,
Não troco, nem vendo, mas,
Sim morro por ela.

Eu Tupissara sou liderança, tenho 19 anos, o meu papel é trabalhar pela
comunidade e defendê-la. Na retomada estamos muito bem de saúde, com
visita do Presidente da saúde (Fabio Titiá) começou o atendimento médico
na região. Alimentação não está faltando por enquanto.

O conflito é continuo, na noite de Domingo para Segunda–feira,
estava todo mundo tranqüilos, quando às 7:00horas chegaram 3 carros cheios de pistoleiros, para a Fazenda de João Sobral, a um lado de uma represa, os pistoleiros começaram a sair sua fazenda, passando para onde nós está ocupando Fazenda Edilson Lima, dando vários tiros.

Neste momento eu saí às pressas correndo pelos matos, e fui salvar muitas
famílias que estavam ocupando a Fazenda Beto Pacheco, onde se encontra
mulheres, crianças,jovens que não estão preparado para a luta. Essas
família saíram de sua residência para dormir na Fazenda (Paulo Peixinho)
onde se encontra o nosso parente Nailton Muniz, muitos dos nossos parentes apavorados dormiu no mato.

Então começamos a fazer fogo nas estradas, perto das fazendas vizinhas,
dando um sinal para os pistoleiros, mostrando que nós estávamos ocupando a terra.Enquanto a Polícia Federal, não está dando assistência ao índio, só
foi na região quando já tinha acabado o conflito, esteve no local no dia
de sábado (11/02/06) para ver se o índio já tinha retirado a madeira da
torre.Por que o juiz de Ilhéus pediu para nós retirar as madeira da torre,
caso não retirassem ele mandara uma ordem para o Exército nos retirar, da
terra, então o Juiz ordenou para Policia Federal, vim ao local para
observar se índio retirou realmente a madeira das torres.

Desse dia para cá, a Polícia Federal nunca mais foi até a nossa região,
para ver como estamos passando.Eu como liderança e a comunidade, caso
alguns dos nossos forem atingidos por tiro, e se a justiça não tomar nenhuma uma providência, nós mesmo irá tomar a nossa iniciativa, porque? A justiça só dá a favor aos fazendeiros, e não ao índio.

Neste momento de conflito estou muito preocupado com meu povo, porque
tenho medo que alguns deles morra nas mãos do pistoleiro. Por que, quando
nós vamos fazer uma retomada, nós queremos que saia todo mundo vivo, pois quando perdemos um parente indígena, é uma grande tristeza porque morreu por nós, e pela terra.

Quando começa o tiroteio, fico triste e apavorado pensando no meu povo,
naquela aflição, e reflito para que Tupã tenha compaixão desta nação, em que estas pessoas querem tirar a vida desse inocente, que arriscam a sua vida por um pedaço de chão chamada Mãe Terra.

Este texto foi feito por Yonana Pataxó a partir de uma conversa com a
liderança Tupissara Pataxó.