O sétimo livro da coleção Índios na Visão dos Índios é sobre o povo Truká e foi lançado quarta feira 11 de junho, com a presença dos caciques: Issor Truká, Lázaro Kiriri e Jamopoty Tupinambá, na Livraria Sabor dos Saberes, rua das Laranjeiras numero 5, Pelourinho- Salvador – Bahia.

Cacique Issor (Truká – PE): “Eu acho que cada ser humano tem o direito de fazer da sua vida e da sua convicção religiosa o que quiser. Eu, particularmente, não sou católico. Não gosto da igreja, porque foi quem mais destruiu a nação indígena. Foi a igreja quem mais viciou os índios a fazerem coisa errada.

Nós, indígenas, e principalmente o povo Truká, temos a convicção de que a igreja é um dos maiores latifundiários. A maioria das terras indígenas está em poder da igreja. O problema é que algumas lideranças antigas, não só no povo Truká, mas em todos os povos, se encantaram com conversas bonitas, com pequenos presentes, que não são nem presentes, são formas de enganar e se aproximar dos índios e desviar a sua trajetória de vida.

Eu vim, não sei se determinado por Tupã, mas nasci com uma coragem imensa de voltar a nossa história como era antes”.

Cacique Jamopoty (Tupinambá –BA): “Cada planta que nasce, cada árvore, é nossos antepassados dando força pra que a terra não fique nua. Os brancos só querem deixar a terra nua. Cada vez que vejo as maquinas destruindo a mata, aquilo dói. A cada dia que passa os brancos vão tomando e nós sem direito a nada, nem a respirar, eles estão tirando as matas, poluindo os rios e eles também vão sofrer com isso.

Agora os brancos votaram uma lei que nos da direito a ter devolta nossas terras, foram os brancos também que nos deram direito na lei de ter uma educação diferenciada… mas não estão assumindo, e nós não vai ficar calado, vamos gritar, porque se alguém nos descrimina hoje e nos não fazemos nada ele vai nos descriminar a vida toda. Tem que denunciar… Tem que demostrar que nos não somos diferentes de ninguém, que só queremos viver nossa cultura”.

Cacique Lázaro (Kiriri- BA): “Em 1972 fui escolhido CACIQUE e pedi então só 3 coisas: Primeiro de tudo Amor, despois Paciência e Obediência. Nos percebemos que tínhamos nossos direitos e corremos atrás, não fomos correr atrás de posseiros e fazendeiros e sim da justiça, porque a justiça foi culpado de tudo isso ai, porque o governo sabendo que aqui era terra indígena deu para fazendeiros se apossar. A justiça pra nós é um principio sagrado, porque a gente é justo ate com nossos inimigos, nos perdoa a quem nos ofende e deixa para instrução. Os poucos com Deus são muitos e os muitos sem Deus é nada. A gente viu os posseiros e os fazendeiros arrumados suas coisas e indo embora de caminhão, saindo de uma vez. Eu busquei a indenização para os posseiros e assim ocorreu e continua a ocorrer. Nos resgatamos nossa terra através da paciência e do amor que temos por ela, porque a terra para nos é sagrada, ela é nossa mãe, porque o índio ele nasce da terra e depois torna a renascer, porque é um animal vegetal que só Deus pode conceder”.