Historicamente às dominações, renegavam e desqualificavam a cultura do dominado, chegando a total extinção de várias, mas felizmente muitos povos encontraram soluções estratégicas para assegurarem parte da identidade cultural. Os portugueses quando invadiram nosso território, dando-lhes várias denominações e por último de Brasil, instalando aqui uma guerra que dura 513 anos, praticando genocídio, etnocídio e todos os tipos de violações dos direitos humanos, negaram todas às culturas existentes, e ainda hoje, infelizmente, esse sentimento continua forte.

Assim como os originários do continente africano, os povos autoctones ou originários das Américas foram submetidos ao “aculturamento” e tiveram que estrategicamente fazer a fusão religiosa com a européia, a fim de assegurar parte da cultura dos antepassados. Nós Tupinambá de Olivença, secularmente participamos da celebração cristã do 7º domingo, após a Páscoa, em memória a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.

Começando no domingo de Páscoa, a saída da Bandeira do Divino, acompanhada por romeiros, que vão de casa em casa, a esmolar pela Vila de Olivença, peão da Aldeia do Povo Tupinambá, e aproximadamente, um mes antes do dia de Pentecostes, a comitiva levando a Bandeira e duas caixas de marcação rumam a área rural, nos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, chegando às vésperas da festa religiosa, que acontecerá este ano dia 19/05, encerrando-se assim a peregrinação como sempre na Igreja de Nossa Senhora da Escada – Olivença. Sempre com a participação maciça dos Tupinambás, chegando nas casas, com seus cantos e saudações religiosas, e pernoitando e saindo todas às manhãs. Na parte superior do mastro da Bandeira, tem instalada uma pomba branca simbolizando o Espírito Santo da Igreja Católica, são colocadas fitas de várias cores, muitas com nomes de pessoas pedindo curas, proteção, etc., sempre acompanhada pelo toque de caixas, que representa o sincretismo tupinambá, pois nossos antepassados utilizavam-se de batidas de tambores, nos rituais religiosos, nas guerras, e em comemorações.