O Serviço de Proteção aos Índios (SPI), órgão do governo que inaugurou uma nova fase no indigenismo brasileiro e que, no final dos anos 60, foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai), completa um século de criação neste domingo (20) passado.       O SPI foi criado em 1910, num cenário em que proliferavam os “bugreiros”, famosos matadores de índios, e as mortes por doenças assolavam as aldeias. Há um século, as frentes de expansão penetravam pelo interior do Brasil e os índios eram considerados, então, um entrave ao desenvolvimento.

Onde na verdade o “achamento” do Brasil pelos tais colonos, que fez da vida de nossas vidas uma verdadeira escravidão, tanto de nós indígenas quanto também dos escravos. Os quais pagavam com suas vidas se não fizessem o que os colonos ordenavam. Segundo alguns historiadores dizem descobrimento, mais meu ponto de vista e achamento mesmo, pois como você descobre algo que já existe? Os indígenas já habitavam o país e os colonos nos acharam aqui, para nossa infelicidade e destruição em massa do nosso povo e para os não-indígenas (branco) o tal progresso.

A idéia de Marechal Cândido Mariano Rondon, diretor na época era boa, pois o primeiro objetivo do SPI foi pacificar e integrar os índios à “civilização” para formar mão-de-obra para o país. Não à toa, o SPI surgiu inicialmente como Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais, promovendo a expansão econômica por meio de política educacional e sanitária.

Mais esse idealismo caiu por terra, pois éramos ou somos usados como mão-de-obra barata, promovendo a tal expansão econômica para o país e ficando as margens da miséria e do esquecimento. Cadeia essa hereditária que somente os ricos, plebeus, playboys ficam mais ricos e a classe trabalhadora pobre fica mais pobre, redundância essa que quer dizer que o país tem que mudar por um todo e não por uma parte.

Na época o projeto “civilizatório” do SPI incluía não só transformar nós indígenas em trabalhadores rurais, como também força nos adequar nossos hábitos e costumes das aldeias ao mundo dos não-índios (branco). Desta forma deu no que deu, diversas populações perdendo seus costumes culturais e até mesmo sendo extintas do país. Papel esse formado pelos usurpadores de direitos e corruptos.

Pois então, o que dizer dos princípios inalcançados pela SPI agora FUNAI, reconhecemos o pouco que nos ajudou, mais clamamos por mais, pois está deixando a desejar e continuamos pagando com nossas vidas a negligencia da mesma.

Nos indígenas não precisamos de terras para o latifúndio, mais de terra para sobreviver. Terra essa que não é do vizinho, mais sim terra essa que sempre foram nossas dos verdadeiros donos da terra.

Ressalto que temos o que comemorar, sabe o que? O espírito de luta e perseverança dos nossos antepassados e parentes que ainda se encontra na terra, com o mesmo objetivo, nunca deixar de lutar por nossos direitos indígenas e civis, já que nos dão essa nomenclatura de civilizados nos reconhecendo, mais ainda não cumprem com o que rege a Constituição Federal do Brasil. E ainda vem esses projetos de reestruturação da FUNAI, a qual deixaram de existir vários postos de atendimento próximo das comunidades indígenas.

Temos que virar o jogo, deixar de serem os coadjuvantes e passar a ser o protagonistas da nossa própria história, com idealismo dos nossos antepassados que é promover o bem-estar social e qualidade de vida das nossas comunidades indígenas. Então vamos lutar sempre por justiça social e por uma sociedade mais justa e igualitária.

“Com a borracha da negligencia e da corrupção, apagam do papel nossos direitos constitucionais. Mas, com o lápis da sabedoria e da esperança escrevemos nossa história cada vez mais forte, com a cultura, crença, dignidade e tradição. Isso pode ter certeza que nunca apagarão!”

Edcarlos (Carlinhos) – Pankararu

Edcarlos (Carlinhos) – Pankararu

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