A violência contra nós Tupinambá continua! O fato de sermos indígenas virou crime! E a sentença é dada sem haver julgamento, basta ser indígena ou apoiar os Tupinambá para já estar condenado. Nesta semana houve vários casos de violência contra nós Tupinambá. No dia 03 de Setembro um índio foi assassinato e tem tido várias tentativas de assassinado contra indígenas aqui na região. Inclusive algumas de nossas Lideranças sofreram atentados de morte. Pistoleiros têm rondado a nossa área. O terror continua!!!

 

Ontem dia 05 de Setembro de 2013, o professor Edson Kayapó, coordenador da Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto Federal da Bahia (IFBA), mesmo não sendo Tupinambá, só pelo fato de ser indígena foi espancado e só não foi assassinado pois a arma falhou!!! Tudo isso aconteceu em Buerarema, e este crime foi cometido pelos Jagunços dos supostos pequenos agricultores, contrários à demarcação de nossa Terra Tradicional.

 

Onde estava a Força Nacional neste momento?

 

Antes disso, o professor Edson Kayapó, tinha passado por outra violência na Cidade de São José da Vitória, quando o carro onde estava foi parado por manifestantes induzidos pelos supostos pequenos agricultores atearam fogo no carro onde estava juntamente com outros professores que inclusive estavam aqui em Tupinambá fazendo atividades com os professores indígenas Tupinambá que estão cursando o LINTER.

 

Leiam o relato do próprio Edson Kayapó postado em seu Facebook:

 

5 de Setembro de 2013:

“Um crime absurdo!

Mais um carro (oficial) incendiado e professores e motorista da Licenciatura Intercultural Indígena do IFBA ameaçados.
Foi hoje [5/9], por volta das 11h, um grupo de quatro capangas interceptaram o carro do IFBA, em São José da Vitória, nas proximidades de Buerarema. Eu estava com os professores João Veridiano (Antropólogo), a professora Julia Rosa (História Indígena) e o motorista. Tínhamos concluído atividades da LINTER em Olivença e estávamos a caminho de Pau Brasil, onde teríamos atividades na aldeia Caramuru (Pataxó Hã Hã Hae). Os capangas pararam o carro e disseram: ‘tem um índio no carro’ e, em seguidas, fomos violentamente expulsos do carro e o veículo foi levado por eles.
Fui orientados pelos colegas de trabalho a voltar de táxi para Itabuna, uma vez que os capangas demonstravam ódio contra índios. Foi o que eu fiz, no entanto, o taxi foi interceptado em Buerarema e lá fui espancado e ameaçado de morte por pessoas desconhecidas.
O carro do IFBA foi incendiado e jogado no meio da BR, na cidade de São José da Vitória. Os colegas de trabalho bem, estão na delegacia da cidade e eu, nem sei onde estou… Escondido? De que mesmo? Não cometi nenhum crime.
A violência contra nossos povos não recua e toma proporções alarmantes.
As autoridades pouco esforços mobilizam contra esse estado de coisas.

06 de Setembro de 2013:

Queria que fosse só um pesadelo, mas foi bem assim:

Você é índio, né?
- Sou Kayapó, não sou daqui da Bahia.
Mas você é indío, né?
-Sou, sou Kayapó, sou da amazônia.
O que você tá fazendo aqui?
- Sou professor do IFBA, trabalho na Licenciatura Intercultural Indígena.
Você é amigo deles.
Você está preparado pra morrer?
- (silencio)
(barulho do gatilho da arma…Não disparou)
Vá embora, nem olhe para trás”.

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Advogada Indígena, militante social pelos Direitos Humanos Indígenas. [email protected]

4 COMENTÁRIOS

  1. Ser indígena nesse território inteiro é considerado crime!!!

    As maiores neocolonialidades estão dentro de nós (nos nossos corpos e nas nossas mentes). Sentimo isso cotidianamente e é justamente essas que temos que ajudar a destruir (não sem muitas dores e conflitos). As jogadas neocoloniais são inúmeras e quando pensamos que não estão aos nossos lados (e também dentro de nós).
    Colocam indígenas contra indígenas e também caboclxs, cafuzxs e muitxs outrxs e mais um monte de ordas (rebanhos) contra os Povos Indígenas. Eta Luta Desigual!!! 190 milhões contra provavelmente 10 milhões entre Povos Indígenas e Simpatizantes da caus são muitas desigualdades…

    Forças parentes Tupinambás querem colocar mais Povos Indígenas contra outrxs e nos manterem nos obscurecimentos neocoloniais.

    Da cerâmica Marajoara,
    Do remo Sateré,
    Da plumaria Kaapor,
    Da pintura Kadiweu
    Do Muiraquitã das Icamiabas…

    Cantem Povos Indígenas desses Desbrasis - Indígenas dos Brasis (David Assayag)

    Marleide Quixelô e muitos mais…

  2. É um absurdo nao mudou nada desde a colonizaçao e francamente nao vai mudar a sociedade vai crescer mais todos sabem disso e as terras vao diminuir moro na cidade apesar disso mas adoro muito a cultura indigena e nao pensaria 10 vezes em mudar de vida ,acho que é a hora do povo indigena se juntar e pedir um acordo ao governo para dar literalmente estados brasileiros a indigenas .

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