Neste dia 07/06/2008 provamos mais uma vez para a sociedade e comunidade local, que nesta selva de pedra têm indígenas, por mais que alguns deles não nos queiram ver, mais sim existimos aqui.
Quebramos os estereótipos da visão de muitos, que não ver agente com olhares de guerreiros e resistentes. Não nos importam o que pensam, mais sim nossas atitudes em relação a nossa essência e valores.
Nós indígenas Pankararu, vivemos na periferia do bairro do Morumbi (Colinas verdes), há mais 5 (décadas) onde se localizam os mais luxuosos edifícios da classe media alta.
Por mais que não estejamos na nossa Aldeia Brejo dos Padres, de origem nunca deixamos de ser índios, porque independente os estejamos vamos sempre ser indígenas e honraremos cada vez mais nossas raízes.
“Tolo é o homem que nega suas origem, esquecendo de sua cultural tradicional, apagando suas raízes. Isso é contribuir com o genocídio e etnocídio.”

Na escola E.M.E.F. José de Alcântara Machado Filho, onde a maioria dos indígenas Pankararu de São Paulo estudou, fazemos da quadra de esporte o terreiro para dançar os toantes e toré.
Mesmo não sendo nosso sagrado terreiro deu muito orgulho e emoção em ver nossos encantados flutuarem naquela hora, e na hora do toré os parentes baterem o pé com fé no chão.
Não podia faltar a garapa de rapadura, umbuzada, comida típica (carne de boi, arroz e farinha de mandioca).
O maior orgulho de um índio é está de paz com o seu povo e a natureza. Pois as decepções são inúmeras ao analisamos o sistema em que vivemos hoje, sempre políticos envolvidos na corrupção, passando de coadjuvante para protagonista da cara de pau e bandido da pior espécie. Não temos em quem confiar na política, pois cada vez que mexe o angu, mais engrossa.
Brasília é o pior cadeião, pois é a verdadeira “Faculdade” da bandidagem, os mocinhos são os vilões.
Meus parentes, nós indígenas só dependemos de nós mesmos, temos que reunir cada vez mais forças para resistimos a esse mal.
Onde o capitalismo dos egoístas está se matando, e suas mascaras caindo. Isso é o que nos revolta.
Porque eles não façam valer sua ética se é que eles têm, pois se tivessem cumpririam com suas palavras.
Foi muito triste hoje, quando eu passei na Praça da Sé e vi uma indígena com duas crianças pedindo esmolas e tentando vender alguns artesanatos. Essa situação é que a FUNAI quer ver com seus cúmplices da política, nos vê se arrastando pra eles, mais somos honrados e vamos resistir a mais essas emboscadas.
É daí que vem a força dos Pankararu que moram aqui na selva de pedra chamada de São Paulo, não podemos deixar de relatar que aqui tem mão de obra dos Pankararu e de vários outros povos.

Edcarlos (Carlinhos)- Pankararu
edpankararu@yahoo.com.br