Depois de mais de três anos no poder, o governador Jaques Wagner em fim de mandato não fez outra coisa com relação aos povos indígenas da Bahia se não divulgar ser o primeiro a empregar indígenas no seu governo, a ser o único a receber representantes das comunidades indígenas e de deixar as portas abertas para esse povo, mas por onde e como sai os indígenas ao visitarem a ilustre casa do poder?

A liderança Payaya com o secretário Pelegrino, ele estava no evento e  foi contra a fala do mesmo.
A liderança Payaya com o secretário Pelegrino, ele estava no evento e foi contra a fala do mesmo.

Um exemplo de tudo isso aconteceu durante o lançamento do Plano de Trabalho Operativo para os Povos indígenas da Bahia, que ocorreu no dia 25 de março de 2010 na Secretaria de Justiça Cidadania e Direitos Humanos da Bahia com a presença de representantes indígenas, onde o Secretário Nelson Pelegrino ao ouvir as fala de repúdio de várias lideranças indígenas, quanto à prisão pela Polícia Federal do Cacique Babau, disse em tom de ironia que as terras não são indígenas e que por isso é a favor de uma situação negociada. Como os indígenas presentes sabiam das injúrias do então secretário ao visitar a região de Ilhéus onde não deu a mínima atenção aos indígenas, e sim aos fazendeiros, e já que o mesmo deu apoio à proposta de fazer uma revisão nos laudos antropológicos que demarcam as terras indígenas Tupinambá, sua fala atingiu os indígenas presentes, provocando a fúria de muitos .Em defesa, um dos participantes, um guerreiro enfurecido conhecido como Agnaldo Pataxó o arrebatou dizendo: “Direito não se negocia, secretário, esse governo tem lado?”

Esse é o governo que pretende em menos de um ano, seduzir os indígenas da Bahia com a previsão de implantar e desenvolver mais de 45 ações. Dentre as ações a serem desenvolvidas pelo PTO estão previstas a formação de 115 professores pertencentes a 12 povos indígenas, reelaboração, implementação e acompanhamento dos projetos políticos pedagógicos das 57 escolas indígenas, construção de 18 escolas indígenas, melhoria das condições de moradia das comunidades indígenas, o incentivo a regularização institucional das associações dos povos indígenas da Bahia e a promoção de atividades produtivas e conservação ambiental.

Será mais uma estratégia típica de políticos em fim de mandado, ou mais uma façanha do poderoso marketing do governo de todos os nos, a fim de seduzir os indígenas e os não indígenas adeptos de um governo democrático e igualitário, será? O que é bom lembrar para os nossos parentes que acompanharam esse governo, Rosilene Tuxá, da Secretaria Estadual de Educação, Jerry Matalawê Coordenador de Políticas para os Povos Indígenas/SCJDH e Nádia Acauã Membro Conselho Estadual de Cultura, que é bom rever e analisar o que é ser profissional indígena no “poder” afinal o que temos para comemorar? O que fariam nossos antepassados estando em tal posição? Por que em nossos encontros de educação e políticas públicas para os indígenas da Bahia as reivindicações são sempre as mesmas? Onde, e em que avançamos? Se há embargos e muita burocracia, sabemos sim, mas que há outros caminhos, também sabemos basta querer e contar com o coletivo, com a nossa força e com as nossas lideranças.

O que nos resta é lutar para ver essas ações do Plano de Trabalho Operativo para os Povos indígenas da Bahia aconteçam de forma imediata. Iremos cobrara a toda hora e momento, pois os indígenas da Bahia estão cansados de reivindicar sempre as mesmas coisas.

Jandair Tuxá.

jandairribeiro@hotmail.com

Governador Jaques Wagner, indígenas entram pela porta da frente e sai pela porta dos fundos.
Governador Jaques Wagner, indígenas entram pela porta da frente e sai pela porta dos fundos.