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Hoje, sabemos que as Américas não foram descobertas como a literatura retrograda ainda insiste em manter um pensamento colonialista de puro sentimento de exploração e dominação.

Não podemos aceitar em hipótese alguma o que nos acontece como parte do processo de “civilização” e “progresso”. O homem dito civilizado chegou aqui matando e escravizando nossos antepassados, destruindo e roubando nossas riquezas naturais enriquecendo seus cofres, espalhando terror e dominando nossos espaços criando mão de obra barata a serviço dos Impérios e Religiões dominadoras.

Trouxeram sua grafia (escrita), sua religião e seu sistema e nos impuseram através de – massacres sangrentos; extermínio de várias nações com armas de fogo; micróbios letais; e estupros – suas leis como verdadeiras a ser seguida e respeitada, dividiram nossos espaços em fronteiras, criando-se estados federativos e suas subdivisões, não se contentando criaram o direito de propriedade a fim de esmagar o direito originário daqueles que sempre viveu aqui e nos faz acreditar que isso sim é a legalidade.

A capacidade de dominação é tão grande que nós os filhos, netos, bisnetos, tataranetos e demais gerações passamos de vítimas a algozes, os selvagens que aterrorizam e cobram por direitos que foram extinguidos pelo processo de dominação e usurpação.

Para nós indígenas ainda somos usurpados e não aceitamos a dominação que nos foi imposta, não importa se somos miscigenados ou não, e sim que somos originários deste território e nossas raízes pertencem a este solo sagrado.

Para os que se dizem proprietários porque possuem documentos e pagaram com moeda de valor fictício não fomos nós os verdadeiros donos que executamos a negociação, o que sabemos é que os que se dizem proprietários de hoje fomentam o processo iniciado no século XVI.

São as vossas leis que afirmam de intrujão e punem um individuo que recebe objetos furtados para comercializá-los e para nós o nosso território ainda continua sendo usurpado (roubado) violentamente, nossas mulheres estupradas, nossas crianças e anciões assassinados, lideranças ridicularizadas, assassinadas e criminalizadas.

Enquanto isso a mídia e o poder judiciário continuam a serviço dos poderosos e usando a massa para favorecê-los e fechando os olhos para o que realmente acontece.

Brasileiros não vêem que o processo de colonização ainda continua e sustenta a violência das cidades e campos.

A revista época deste mês representa bem o interesse da classe dominante, que não aceita os fatos históricos e verdadeiros que permeiam a vida dos oprimidos e que hoje buscam reparação dos erros cometidos.

O território Tupinambá de Olivença hoje, se encontra nas mãos de 07 (sete) latifundiários significando a maior parte, e 40% com pequenos agricultores incluindo indígenas que conseguiram se manter em pequenas áreas. Com a demarcação serão indenizados e relocados  em áreas do INCRA. Infelizmente esses processos não são transparentes por parte do governo e promovem o uso por parte dos grandes proprietários como massa de manobra os pequenos agricultores que desconhecem seus direitos.

Tupinambá de Olivença sempre viveu no litoral bahiano e foi obrigado por décadas e décadas esconder seu rosto e mostrar sua voz, minha avó paterna nasceu em 1896, na Vila de Olivença (Aldeiamento Jesuítico), e foi arrancada dos seios da sua mãe quando estava sendo amamentada e seu irmão para não morrer foi obrigado a se tornar um pistoleiro do Coronel Basílio, figura conhecidíssima da literatura de Jorge Amado, um dos implantadores da lavoura cacaueira, meu tataravô Nonato do Amaral, filho de uma indígena e um português, que não esqueceu suas raízes lutou para manter seu povo longe dos coronéis do cacau foi preso e cometeu suicídio, assim foi com tantos outros que tentaram se levantar, como por exemplo, Caboclo Marcelino quando quis impedir a construção da ponte que ligava a cidade de Ilhéus a Vila de Olivença e depois na época em que Juruna era Deputado saíram quatro membros da Comunidade para Brasília no intuito de encontrá-lo para retomar nossos direitos, não permitiram que eles chegassem até o Deputado e quando retornaram depois de uma peregrinação e fome, dois deles tiveram as unhas dos pés e das mãos arrancadas pelos fazendeiros. Veio a “vassoura de bruxa” e outras pragas da lavoura cacaueira e o mercado baixou e o Povo Tupinambá de Olivença se levantou!

 

Vejam como a grande mídia brasileira tenta distorcer fatos a favor de interesses de pequenos grupos acessando:

 

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI105789-15223,00-O+LAMPIAO+TUPINAMBA.html