No Brasil existem aproximadamente 230 povos indígenas e mais de 190 línguas faladas. A partir daí, se pode notar a diversidade de culturas e costumes existentes no país. Infelizmente, nem sempre essas tão ricas diferenças
culturais são respeitadas.

Na época da invasão do Brasil (1500), nós e outras etnias (Botocudo e Maxacali) éramos conhecidos como os temíveis “Aimorés”. A primeira descrição de nossos antepassados, já com nosso verdadeiro nome de “Pataxó”, foi feita em 1850 pelo viajante austríaco Maximiliano Wied Neuwied, perto do Monte Arará, atual Monte Pascoal (Pataxó), situado no sul do Estado da Bahia.

Em 1861, por decisão do governo, fomos deportados e aldeados à força em Bom Jardim, atual Reserva Barra Velha que fica perto do Monte Pascoal (Pataxó), e aí permanecemos esquecidos por quase 100 anos.

Em 1943, o governo da Bahia irresponsavelmente criou o Parque Monumento Nacional do Monte Pascoal expulsado todos os índios que viviam nesse território.

Em 1951 ocorreu um grande massacre na aldeia de Barra Velha, causado por policiais militares da Bahia. Naquela época muitos índios fugiram de barra Velha para não serem mortos pelos opressores, deste então, a maioria do
nosso povo escondeu sua identidade indígena por medo ou para evitar discriminação e perseguição.

Em 1961, o Estado da Bahia repassou o território do parque para a União, que criou por decreto o Parque Nacional do Monte Pascoal (Pataxó). A implantação do Parque foi uma violenta agressão aos direitos dos povos indígenas que foram obrigados, mais uma vez, a retirar-se de suas terras tradicionais e abandonar suas roças e moradias. As aldeias de Coroa Vermelha, Mata
Medonha, Corumbauzinho, Craveiro, e outras surgiram à medida que, com passar dos anos, os parentes dispersos se juntaram nessas regiões.

Em maio de 1997 foi demarcada a terra de Coroa Vermelha, que passou então a ser chamada de Terra Indígena Pataxó de Coroa Vermelha. A partir daí, nos despertamos e nos organizamos para recuperar nossa identidade cultural.

Ate hoje as outras aldeias não tiveram suas terras demarcadas e nem reconhecidas pelo o governo federal. E a maioria dos indígenas vive em estado de pobreza crônica e abandono total por parte dos órgãos competentes.

O povo Pataxó e guerreiro e não se rende diante da opressão dos Cabrais que querem a todo custo roubar o nosso território tradicional e sagrado. A Frente de Resistência e luta Pataxó vem lutando incansavelmente pela demarcação de um território único. Essa é a nossa vontade e tem que ser respeitada.

Somos Pataxó, somos da Frente, somos Guerreiro…
Por Edmundo Santos Pataxó