Nós vivemos com os fatos, sem culpa sem orgulho. Não precisamos falar do óbvio. Não precisamos dizer bom dia se é óbvio que é um bom dia, nem falamos das condições da estrada se é óbvio para a outra pessoa que ela também sabe disso.

Contamos só o começo e o fim. Você então forma as suas próprias imagens do que aconteceu e como você se relaciona com o fato, não como lhe seria dito em português, com todas as palavras inseridas.

Partindo desse princípio não haveria necessidade de falarmos da ajuda que nós precisamos porque é óbvio.

A finalidade dessa proposta, portanto, é apelar para a sensibilidade de todos, despertar o espírito de fraternidade, justiça e cooperativismo existente, de forma a poder reparar os equívocos e fraudes de uma intelectualidade histórica mais voltada para privilegiar a economia dos ditos poderosos em detrimento aos valores culturais e sociais de uma raça humana ameaçada de extinção.

Nós Povos Indígenas do Brasil necessitamos de uma aliança com toda sociedade brasileira, em caráter emergencial.

505 anos passaram-se e ainda continua o processo de dizimação. Vários apelos vem sendo feitos ao longo de décadas para que toda a nação brasileira volte seus olhos para as ameaças que pesam sobre nós.

Caravelas despontaram no horizonte, anunciando o declínio de uma raça. O homem branco trazia os paus-de-fogo, micróbios letais, e uma cultura inacessível. Essas três armas destruíram-nos. Em alguns séculos fomos reduzidos a algumas dezenas de milhares de indivíduos. Nações inteiras foram extintas e uma grande parte do acervo cultural perdeu-se ou degenerou. Estima-se, que cinco milhões de pessoas indígenas foram mortas, acredito que nem “Adolph Hittler” foi capaz de tamanha atrocidade, juntando as três Américas, foi o maior genocídio praticado neste planeta.

O rápido declínio não se deveu somente a guerra que nos foi movida pelos brancos; os contatos pacíficos foram igualmente perniciosos, e ainda o são.

O processo de aculturação levou a substituir nossos próprios valores por normas típicas dos brancos. Entretanto, o abismo existente entre as duas culturas impede que haja uma síntese completa entre ambas, desestimulados em nossa própria cultura, permanecemos um marginal dentro do mundo branco.

Tomam nossas terras, viciam-nos, rotulam-nos como preguiçosos, negaram por décadas e décadas nossa identidade, grande parte do nosso Povo perdeu o idioma, a cultura (costumes e tradições). Nos deixaram um longo período sem rosto e sem voz.

Mas, ainda hoje lutamos contra três armas que impedem o direito de exercermos nossa Cidadania Plena.

1 – O Estado

Gera conflitos
Corrompe
Fragmenta nosso Povo
Desenvolve políticas de assistencialismo
Expede Decretos favorecendo latifundiários
Não cumpre as leis estabelecidas pela Constituição

2 – Mídia (meios de comunicação de massa)

Massifica-nos
Padroniza-nos, desconsiderando os valores e identidades regionais
Funciona como uma delegacia a serviço do Poder Político, Religioso, ou Mercantilista
Reforça a visão distorcida, que tem marginalizado e provocado uma imagem falsa dos valores e capacidade do nosso Povo

3 – Sociedade

Marginaliza-nos.

Segundo algumas definições de Cidadania: Todos os seres humanos são iguais perante a Lei, sem discriminação de raça, credo, ou cor.

Todas as mudanças nascem de um sonho, desde que esse sonho, que no inicio era de uma pessoa apenas, venha se tornar o sonho de muitos. Como dizia o Cardeal e pensador humanista – D. Helder Câmara: “Sonho que se sonha só é só um sonho. Mas, sonho que se sonha junto. Torna-se realidade”.

Toda a Nação Brasileira deve estar comprometida com o nosso destino e com o nosso direito a uma existência digna e autônoma.

Aproveitando a XXXII Jornada Internacional de Cinema da Bahia (inicio de tudo), onde a tecnologia e a arte se colocam a favor da evolução do ser humano, solicitamos a todo Povo Brasileiro sensível à causa indígena, que se coloquem a nossa disposição para referendar nas questões por nós consideradas mais emergentes:

· Demarcação das Terras Indígenas.

· Criação do Ministério Indígena, juntamente com Secretarias em todos os estados brasileiros

· Atualização e Aprovação do Estatuto do Índio

Não queremos ser grandes. Não queremos ser pequenos. Queremos nossos direitos garantidos!

Yakuy Tupinambá
Representante indígena Tupinambá de Olivença na APOINME (Articulação dos Povos Indígenas Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo).

Contatos:

E.mail: yakuy@indiosonline.org.br

Tel: (73) 3694 1169

Tel p/ contatos: (71) 32494237

Auere!

Yakuy Tupinamba