Existe um novo olhar, um novo paradigma se estabelece como será sua roupagem não sabemos, mas com certeza será menos cruel haverá um entendimento com menos incompletude. Brotará no coração dos homens um sentimento mais humanista voltado para o todo. O homem a de perceber sua essência e deixará de sentir-se individualista, ou de criar rivalidades separando as pessoas através de classificações. Essa percepção acontecerá, tão logo, o homem perceba o quanto ele está vendado pela ignobilidade do SER que compreende “civilizado”. Passará ouvir com atenção a todos, e perceberá o quanto um sentido completa o outro não mais renegando sua própria espécie.
Na escala evolutiva não existe ab-rogação dos costumes, se dá de forma natural através, da compreensão das dimensões percebidas de acordo o ângulo de cada olhar.
A efemeridade do homem é algo perceptível, alcançada por todos, não há como subjugá-la. Paradoxalmente a cientificidade permite ao mesmo acreditar em uma superioridade acima da sua própria capacidade de perceber ontologicamente o sentido da própria vida. Não se importando com as conseqüências advindas do comportamento radicalizado separatista. Não mesmo sendo capaz de enxergar sua fragilidade, idéias são preconcebidas a partir de ideologias fundamentadas em um SER superior que se destacou pelo fato de determinado momento, ou situação ter passado um sentimento de completude, jamais estabelecida numa escala tridimensional da razão humana.
Os ídolos perderão por sua vez a posição de “superstar”, sem a presença abstrata dessa condição criada a fim de promover segregados a espécie humana conseguirá enfim, permitir a proximidade existente entre cada elemento importante na construção da humanidade. O senso natural permitirá perceber a todos de forma horizontal.
Gritos ecoam em toda parte, há muito sufocados pela insanidade daqueles que acreditam ser superiores, clamando por misericórdia, por justiça, e liberdade. Muitos sem direção, são levados a cometerem às mais diversas atrocidades, devido o tempo em que passaram sufocados, amordaçados e aprisionados sem saber qual a razão. O homem se tornou uma arma mortífera contra ele mesmo, fabricado para a destruição.
A simplicidade e humildade foram postas de lado, o perceber o outro naturalmente, foi suprimido por valores percebidos através de projeções presumidas dentro de um contexto concebido de acordo a posição ocupada pelo destaque de classes, origem, acúmulos, ou de títulos. Não se houve mais a sabedoria essencial que permite o homem viver em harmonia com o universo, esquecendo-se ele próprio que sua natureza é bruta.
Quantos são postos de lado, não são ouvidos os clamores pertinentes a uma vida mais próxima da realidade em que se vive, em detrimento de um comportamento imperialista que vem há muito esbulhando a essência humana?
Nós indígenas na concepção do homem dito “civilizado”, precisamos estar a margem da margem, salvam-se aqueles nossos que se submeteram a curvarem-se diante de uma realidade imposta, precisam falar a linguagem da hipocrisia, para serem aceitos e admirados. Aqueles que se aproximam simples e verdadeiros estão condenados ao esquecimento, sua voz é abafada por soar como uma ameaça a uma ordem estabelecida em vias de sucumbir aos desígnios da Mãe Natureza, que vem se manifestando contra às práticas deploráveis da conduta humana, que se sente superior. Sábia é a Natureza, que sabe por fim na degradação do homem, aumentando sua força a fim de eliminar o mal da face da Terra, se não estabelecer uma nova consciência, uma transformação do SER, o respeito por todas as coisas.

Nessa forma de perceber o passado e o presente, construímos o novo, o chamado futuro, tão esperado como momento de renovação. Mas, para que possa acontecer é preciso construí-lo no presente, no hoje, e não no amanhã, não podemos esquecer que vivemos uma efemeridade, que nos é permitido viver um dia de cada vez, e além disso produzimos sementes, que precisam continuar tendo os mesmos direitos que obtivemos.

Nessa constante renovação, que acreditamos na possibilidade de vivermos com dignidade, cuidando melhor das nossas atribuições, cumprindo com o nosso dever de guardiões da nossa própria Vida, e conseqüentemente da Vida de todos.

Evolução é acompanhar a naturalidade, sem a necessidade de promover transformações, que venham causar a destruição do SER.

Na compreensão indígena, ser “civilizado”, é saber preservar, é respeitar tudo e todos, é cuidar do meio em que vivemos para às futuras gerações, é perceber que fazemos parte do todo, e se destruirmos algum elemento seremos punidos por nossas próprias ações, causaremos o desequilíbrio do universo.

Acreditamos, que a parte humana, que se distanciou da sua essência ainda possa se perceber, e venha promover o direito de todos continuarem sua caminhada evolutiva sem serem esbulhados e percam o brio.

Somos capazes de produzir tantas fórmulas mirabolantes, e por quê não pensar e fazer o mundo melhor, promover a paz e harmonia para todos? Tudo gira em torno de se ganhar mais, ser o melhor, promover a longevidade, esquecendo-se que existe um conjunto, um corpo coletivo que não pode ser abandonado, esquecido, segregado capaz de reagir contra sua própria vontade, mas sim pela necessidade de sobrevivência, e que pode se voltar contra aos autores do abandono. Precisamos ser o melhor para o mundo, para torná-lo em um mundo melhor.

Se plantamos algo, e não observamos a condição do solo, e o abandonamos, ou morrerão, ou se transformarão em plantas mirradas, ou às ervas daninhas tomarão conta, e não conseguiremos colher nada que se aproveita. Dentre às ervas daninhas existem aquelas que possuem espinhos.

O homem precisa acreditar nele mesmo, sentir sua verdadeira importância, para que se possa perceber a importância da existência do universo, conseguimos isso, quando nos permitimos saber quem somos.

Nós povos indígenas somos arredios por conta das violações sofridas, mas, não possui em nossos corações o rancor, a mágoa, ou o desejo de vingança em relação aqueles que promoveram, ou promovem a violação dos nossos direitos, porque sabemos que esses sentimentos são ervas daninhas, assim como a inveja e a ganância, e destroem a nossa essência

Queremos dar nossas mãos, continuar contribuindo com os nossos saberes, mostrando que existem outras formas de viver sem que cause danos a existência humana, ou provoque a destruição de todas as formas de vida.

Continuar sonhando é preciso, e fazê-lo transformar em realidade é uma necessidade!

Yakuy Tupinambá (Irmã do Mundo)
yakuy@indiosonline.org.br