Parteiras em Dourados

As mulheres indígenas grávidas de Dourados, Mato Grosso do Sul, ao chegar na hora do parto sempre são encaminhadas para algum hospital onde elas posam ter seus filhos. O parto em casa é quase nulo, vários fatores levam as optarem a ter seus filhos em hospitais.

Antes de qualquer coisa temos que conhecer a realidade do povo GUARANI, KAIOWÁ E TERENA de Dourados, a reserva se encontra á 5 km do centro da cidade que possui aproximadamente 180 000 habitantes, e á 7 km de uma cidade vizinha; Itaporã. Divididas em duas aldeias JAGUAPIRÚ e BORORÓ, onde reside cerca de 14 000 indígenas com 3 500 hectares de terras.

Quando uma indígena grávida entra em trabalho de parto, em geral são levadas ao hospital da MISSÃO EVANGÉLICA KAIOWÁ, que se instalou do lado da aldeia JAGUAPIRÚ em 1928, atende a população deste então. Contudo elas também são levadas ao hospital da cidade quando á risco de alguma complicação ou quando tem que ser feito uma cesárea, que o hospital da aldeia não possui equipamentos para este tipo de parto.

São raros os casos de partos feitos em casa, devido ao medo que as senhoras sentem em ter alguma complicação na hora do parto. Mas, é valido lembrar que os partos que são feitos em casa geralmente é porque o carro da FUNASA não chegou a tempo, ressaltando também que é pouco nas aldeias de Dourados senhoras que dominem o conhecimento para fazer o parto caseiro.

Encontra-se mulheres como ESTANILAUDA AJALA, que teve seu filho em casa. Ela não teve escolha, para variar o carro da FUNASA demorou. Mas, preferia ter no hospital, segundo ela ia se sentir mais segura. Isso aconteceu há três anos atrás de madrugada. E quem realizou o parto foram suas duas cunhadas e sem conhecimento nenhum. Segundo uma das parteiras que preferiu não se identificar, disse que; “foi difícil achei que isso nunca ia acontecer comigo, tive que fazer o parto da minha cunhada, na hora de cortar o cordão umbilical que foi complicado eu deduzi mais ou menos onde era e cortei, ainda bem que não aconteceu nada com o bebe”. Caso como esse aconteceram e raramente acontece, segundo a FUANASA. Depois de o bebê ter nascido o carro chegou e ela foi levada para o hospital da aldeia. Hoje a criança tem três anos de idade e se chama wesley e segundo a mãe é muito saudável.

Portanto parteiras indígenas em Dourados são descoberta ao acaso e as que têm o conhecimento sobre o parto caseiro quase não praticam seu “saber” e esse conhecimento é pouco transmitido por elas. Resta o povo GUATEKA querer ao menos conhecer esse costume que tinha de partos em casa e valorizar. Devido a preferência em mulheres indígenas a não quererem ter seus filhos em casa.

PARTEIRAS EM PANKARARU

Em pankararu a maioria dos partos é normal e em casa, pois temos muitas parteiras que são verdadeiras guerreiras que não tem obstáculos para elas não importa a hora do parto e nem o tempo elas querem apenas fazer um bom trabalho, pois isso é pra quem tem o dom.
Dom que faz destas mulheres pessoas especiais, pois o ato mais lindo do mundo e o de conceder a vida este dom que é de todas as mães e as parteiras ajudam elas a conceder a vida.
Aqui em pankararu nossas parteiras são tratadas com muito respeito e as crianças as chamam de mãe.


Algumas parteiras têm o material necessário para realizar o procedimento mais algumas não e fazem o parto da maneira mais natural.
Tive uma conversa com minha avó Maria Januária (Maria jenu) e ela me falou que para cortar o cordão umbilical há muitos anos atrás era utilizado tesoura normal de costura e sem acompanhamento medico sem pré-natal.
Agora temos todo o acompanhamento medico e as mulheres fazem o pré-natal, minha mãe é parteira com mais de 300 partos na aldeia sem contar os que foram feito em hospital, pois algumas vezes ela ia com a gestante que estava com risco de perder o bebe e o hospital não tinha a parteira.
Em pankararu temos as parteiras aprendizes que fazem os partos acompanhadas das veteranas.
Não podemos falar sobre parteiras sem lembras das parteiras pankararu que já se foram:
+Maria de Asis (Maria Pequena).
+Maria Francisca Barboza (Mãe Chiquinha).
+Inês Bomba
+Maria de Severo
+Antonia de Joaquim Preto
+Mãe Tonha
+Chica Capucho
Entre outras que não estão entre nos mais já ajudaram a por muitas vidas no mundo.
Algumas parteiras têm algum tipo de ritual antes do parto como rezar para os encantados e por algumas ervas sobre a barriga das mulheres ou dão pra ela beber para ajudar no parto.

Umas das parteiras mais velhas aqui é a Mãe Prazer com 97 anos e ainda atuando ela é uma das mulheres mais velhas também.
E para terminar não podemos deixar de homenagear as parteiras que estão em atividade:
Maria das Dores da Silva (Dora)
Ana Maria dos Santos (Ana se Manoelzinho)
Maria Francisca dos Santos (Maria de João Ferrim)
Rosa de Orminio
Tia Dora
Tia Quitéria
Maria Januária (Maria Jenu)
Maria de Lourdes da Conceição (Maria de Anorio)
Rosa Maria (Tia Rosa)

A intenção desta matéria é mostra que existem mulheres guerreiras que apesar das dificuldades ainda acreditam em princípios e preservam antigos costumes que fazem parte de nossas raízes, pois sem nossas raízes não somos nada .
E cada vez mais temos que valorizar e procurar meios para continuarmos com nossa tradições e com nossa parteiras tradicionais.
Parto normal deixe a vida acontecer naturalmente.

Indianara Ramires/kaiowá
indianaraa@hotmail.com

Luciano (pankararu)
luciano.indiosonline@gmail.com