Nas 14 aldeias dos Pankararu, situadas a 482 quilômetros do Recife, capital pernambucana, as condições de vida são precárias. Os 5,5 mil índios que ocupam 14 mil hectares na Serra da Borborema, semi-árido nordestino, vivem da lavoura, às voltas com posseiros que insistem em ocupar suas terras. Sem água para tocar a agricultura familiar, alguns sobrevivem de pequenos serviços prestados nos municípios vizinhos. A taxa de analfabetismo é alta e a renda média não passa de R$ 72 mensais, provenientes do Bolsa Família. Apenas 16% das casas têm banheiro, só 20,8% das pessoas fervem ou filtram a água antes de beber e 70% do lixo é jogado a céu aberto.
O cenário é propício a todo tipo de doença – de gripe e diarréia a verminoses, pneumonia e tuberculose, males comuns entre aqueles povos, cuja taxa de mortalidade infantil é superior a 50 mortes por mil nascidos para uma média nacional de 24 mortes por mil. Mas a situação está mudando, afirma o índio pankararu Cícero Soares da Cruz, 33 anos, casado e pai de dois filhos. “Há três anos, os óbitos de gestantes e de crianças em minha tribo reduziram-se a zero.”, afirma. “Nenhuma mulher de nossa tribo morreu no parto, desde que o Projeto Saúde e Cultura Pankararu começou, e isso é um avanço muito grande para nosso povo.”
O resultado não foi um milagre, diz Cícero. Deveu-se a uma articulação da multinacional do setor farmacêutico Pfizer, que financiou o projeto, com a organização não-governamental Associação Saúde Sem Limites (SSL), o governo federal – representado pela Funasa – e a prefeitura do município de Jatobá, a 30 quilômetros da aldeia. E ao envolvimento da comunidade, que deu resposta positiva imediata, participando das ações propostas. A Pfizer aplicou R$ 700 mil no projeto, entre maio de 2005 e julho de 2007. “A meta é melhorar as condições de saúde dessa população, levando em conta os aspectos da medicina tradicional e da cultura Pankararu, por meio de um diagnóstico participativo, a formação de agentes indígenas de saúde e o acompanhamento de gestantes em conjunto com parteiras tradicionais”, observa Cristiane Santos, diretora de comunicação da empresa.
Gilvan:
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