Estamos nos aproximando do momento mais importante para o Povo Tupinambá de Olivença: a Caminhada em memória aos mártires do massacre no Rio Cururupe.

 

Conta a história que:

“Aconteceu que foi morto um índio, ficando o homicida impune. Então, se levantaram e mataram dois ou três brancos no caminho de Ilhéus para Porto Seguro, atacando depois uma roça perto da vila. E passando um magote deles pelo engenho São João, de certo Tomás Alegre, amedrontaram-se tanto o homem e sua gente que sem os índios lhe haverem atirado ao menos uma flecha, abandonaram em tumulto o estabelecimento.
Talvez já vingados com aqueles dois sucessos, a morte dos portugueses e a destruição da roça, os alvoroçados tupiniquins deixavam fugir com vida e teres muitos cristãos aterrorizados que topavam. Contudo, alastrou-se o pânico pelos outros três engenhos, despovoados num momento, recolhendo-se todos os seus moradores, com a escravaria à Vila de São Jorge. Tanta covardia encorajou os naturais, que arrebataram uns quantos negros do engenho São João e a este bem como aos demais, às fazendas e roças dos colonos queimaram, saquearam e talaram, indo, em seguida, cercar a sede da Capitania. De tal jeito, que ficaram reduzidos os moradores a se alimentar, exclusivamente, de laranjas dos seus quintais.
Em tão angustiosa conjuntura, bradaram por socorro ao governador Mem de Sá. Reunindo este um conselho de pessoas categorizadas da cidade, expôs-lhes o desesperado apelo dos obsidiados colonos. Diviram-se as opiniões, ficando porém assentado, por maioria de um voto, que se devia acudir à vila. A população de Salvador desgostou-se com semelhante decisão, temendo que os índios das aldeias circunvizinhas, tendo conhecimento da ausência do governador com a gente de armas que guarnecia a praça, viesse a atacá-la. Fazendo ouvidos moucos aos clamores da rua, embarcou-se Mem de Sá…”
(Fonte: Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus, João Silva Campos, pp.80-7)

 

 

A resposta sangrenta dos portugueses a tais eventos também ficaram
registrada na história, como a batalha ocorrida em Ilhéus comandada por Mem de
Sá por volta de 1561 contra os índios locais, conforme comenta Vasconcelos (1663,
p.55-59), citado pelo antropólogo Luis Mott (1988, p.95) 87

Depois de corrida espessas matas, altos rochedos e profundos vales,
quando se davam por mais seguros aqueles bravios selvagens, deu sobre
eles o ímpeto dos nossos, degolando, ferindo, pondo por terra todo vivente,
homens, mulheres e meninos. Alguns houve que passaram do sono
noturno, sem meio, ao sono da morte. […] Quando o sol começava o seu,
viram melhor os tristes bárbaros seu grande estrago, porque seguindo a
vereda de sangue, achavam os pais aos filhos, os maridos às mulheres,
defuntos pelos caminhos e os abrigos de seus esconderijos tornados
cinza… Em breve espaço se viram as praias cobertas de corpos sem alma,
e as espumas do mar que os lavavam tornadas cor de sangue.
Este massacre foi o primeiro dos muitos que sofremos. O Caboclo Marcelino, que lutou para não construírem a ponte sob o Rio Cururupe também foi perseguido e massacrado, até ser assassinado. Ainda hoje somos massacrados e perseguidos. Somos taxados de supostos índios. Somos humilhados por lutarmos por nossos direitos ancestrais.
No próximo dia 30  de Setembro estaremos lembrando os nossos mártires que bravamente lutaram para que hoje estejamos aqui lutando por nossos direitos e pela nossa Mãe Terra.
Clamamos por Justiça! Há séculos somos perseguidos, é chegada a hora de nosso Direito Ancestral ser reconhecido: DEMARCAÇÃO DO TERRITÓRIO TUPINAMBÁ JÁ!!!