Encontro-me aqui na aldeia Pankararú

Encontro-me aqui na aldeia Pankararú e vejo o esforço e o sacrifício das pessoas para viver mais dignamente. Pouco têm e muito agradecem. Dói-me saber que de alguma forma a corrupção política à qual estamos acostumados também lhes atinge e muito.

São poucas as verbas que o governo dispõe para os índios e são infinitamente menores aquelas que verdadeiramente chegam às comunidades.

O egoísmo chegou e ensinou uns índios a se aproveitarem de outros. Mas muitos lutam hoje por desemaranhar as redes, as teias, com as garras acordadas, atentas, assinalando o valor da união e reavivando a força de lutar por uma vida mais justa.

Para eles, quebrou-se o Equilíbrio, a Paz que dará muito trabalho para reconquistar. Espero que um dia chegue essa certeza que todos somos um coração só. Espero não só que os Pankararu retomem sua união, mas cada povo, para que finalmente sejamos todos um povo só. Durante este tempo que fiquei em uma realidade muito carente, sem recursos, com fome, descobri que era nada carente de solidariedade, que tinha o recurso de se juntar e a fome dividida ficava menor. Descobri que a falta de chuva não seca a beleza das almas.

Sebastián Gerlic