Algumas pessoas me perguntam

Algumas pessoas me perguntam por que trabalho com índios. Acredito que no estado atual da “evolução” de nosso mundo “civilizado” é preciso reorientar-nos. A busca desesperada pela matéria, a ciência como única verdade, tem nos deixado longe de nossa missão na terra: ser felizes! Nos últimos tempos a competição entre as pessoas, achando-nos um melhor que outro, tem acabado por nos separar, dizimando as famílias, distanciando os amigos, colocando fronteiras políticas, econômicas, sociais, religiosas… Toda e qualquer diferença tem separado o homem de seu irmão, de si próprio, da Natureza e de Deus. Mais hoje ainda há “civilizações” onde se evoluiu para a consciência de que cada um de nós forma parte de um todo e tem uma função dentro de um grande espírito. Onde entre os homens reina a solidariedade e a cooperação, onde o cuidado pela natureza faz parte diária do cuidado por si mesmo, onde existe um equilíbrio em Deus. A diferença que fazemos entre culturas mais primitivas ou menos desenvolvidas são conceitos para pôr em teia de juízo. E embora haja uma força querendo subjugar o índio, há também uma sabedoria contrária que nos mostra a sua importância, e o seu auxílio para com a realidade. Há uma energia disposta a se enriquecer com as diferenças, a transcender as cores da superfície chegando ao arco-íris interno. Trabalho com índios porque com eles aprendo a somar, a respeitar e a simplicidade de ser feliz! A primeira vez que fui na aldeia Kariri-Xocó fiquei surpreso pela tranquilidade e segurança, o clima de família se instalou como meu paraíso e até hoje existe o sentimento e a relação…
Agradecido, Sebastián Gerlic