Graças ao apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) começaram as reuniões para desenhar uma tecnologia educativa para que as comunidades indígenas, através de sua própria arte: O TORÉ, cantos e danças tradicionais, pudessem estar fortalecendo suas identidades, valorizando suas culturas e refletindo sobre seu presente para projetar-se mais plenos. Com as letras dos cantos os índios contam para si mesmos suas historias, dando outra dimensão a Historia.

Informalmente (1° foto) em quanto se faziam os preparativos na Aldeia Kariri-Xocó e se ajustava uma agenda que pudesse reunir sete lideranças da educação dos sete povos indígenas nordestinos participantes, na sede da Thydêwá se reuniam, Fitkya, um jovem puxador de Toré, que alem de viver na cultura Pankararu (PE) e Kariri-Xocó (AL) tem se dedicado a realizar encontros educativos, com Lenoir Tibiriçá, puxador de Toré e pajé dos Xucuru-Kariri (AL), com Ynwiomclo, índio Kiriri (BA), com Cristina Lima (Diretora Executiva da ong) e com Sebastián Gerlic (Coordenador do programa e Presidente da ong). Se realizaram varias rodas de Toré, onde cada índio cantava uma canção, e que por associação temática ia provocando a canção seguinte. Todos os índios se referiram a como se aprende a cantar, enfatizando o processo de aprendizado de pais para filhos e nos rituais sagrados. Tibiriçá se atreveu a improvisar uma aula de geografia, biologia e matemática partindo da confecção de um colar…. composto de diferentes sementes, de diferentes tipos de plantas que vivem em diferentes ambientes… analisou o porque das diferentes cores das sementes e distinguiu o calendário de sua aldeia a partir da época em que cada semente amadurece…. agrupou as sementes por conjuntos…. as vermelhas, as pretas, as brancas, logo as reagrupou as de árvores, as de plantas, logo as colocou em sequência dentro do colar seguindo um critério de tamanho e alternando números pares com impares. Brincando ainda com a arte, Fitkya fez uma pintura corporal, que explicava a cosmovisão kariri ao tempo que dava aula de geometria…

Um mês mais tarde, Fitkya voltava a Thydêwá para se encontrar com Tibiriçá e seu filho Tanawy (2°Foto)e com Tidy e seus filhos Denalva e Walacy (3°Foto) ; desta vez Ricardo Pamfilio o monitor do programa também se fez presente na sede para pesquisar em forma conjunta as relações do aprendizado do Toré. Utilizando o gravador foram gravados novos Torés (4°foto), discutindo-se principalmente o tema das línguas nativas e sua atualização. Chegando-se a conclusão que o Toré é uma das melhores formas de resgatar e recriar as línguas dos índios do nordeste que hoje se encontram bastante enfraquecidas.

CANTANDO AS CULTURAS INDÍGENAS é uma coolaboração da Thydêwá para a qualidade de ensino nas aldeias indígenas, em todas suas dimensões específicas: ser diferenciada, multilingue e intercultural.