Nesta matéria, a Thydêwá quer prestar homenagem

Nesta matéria, a Thydêwá quer prestar homenagem ao Capitão: Dena, grande guerreiro da paz, que vinha sendo perseguido desde os anos 90 por suas ações em favor de seu povo: Truká, especialmente na busca de seu território, na defesa do meio ambiente, na promoção dos direitos dos índios e na luta contra o narcotráfico.

No dia 30 de junho, Dena, Adenilson dos Santos 38 anos e seu filho Jorge de 17 anos foram mortos a tiros pela polícia militar dentro da área indígena Truká, na Ilha de Assunção, localizada no município de Cabrobó, Pernambuco.

Lembramos que nos últimos anos já existiram outros índios Truká assassinados e até agora nunca teve alguma punição.

Lembramos nesta nota, um depoimento dele, registrado na Ilha da Onça em junho de 2002. “Foi em 2000. Era um pegando pelo cabelo, outro tentando botar a algema e outro me espancando. Quem eles viam eles batiam. Nos pisavam como se a gente fosse bicho duro. Eles iam apontando armas para tudo mundo, mas os indios foram chegando… Quando os policiais viram a multidão se amedrontaram. Era muito indios chegando, ai chamaram um helicóptero. Eles iam atirando de cima para baixo… As balas passavam raspando por nossas cabeças… Queimando as orelhas.
Era uma ira que dava nesses policiais… Quanto mais sangue eles viam mais vontade eles tinham de bater. Eu perguntava porque eles queriam me prender e eles não me diziam, SÓ FALAVAM QUE EU TINHA QUE MORRER!

Eu sei que teve política nessa ação. Houve uma busca e uma apreensão sem ninguém saber, nem FUNAI, nem RECIFE, nem BRASÍLIA sabiam. Nenhum chefe de posto sabia… Então, só podia ser uma coisa arrumada, coisa armada por causa da terra. Porque os que viviam aqui tem muita ligação com política. São famílias de polícia, de delegado, de vereadores, de prefeitos…

Foram várias vezes bombas, tiros e todo tipo de violência contra nós. Por que só falam que o índio agressivo e não ele foi agredido? Apesar de sermos os donos da terra somos considerados ladrões!

As pessoas de Cabrobó dizem que o povo Truká é violento, mas sabe que se entrar aqui vai ver que é totalmente o contrario. Todo mundo vive tranqüilo e sossegado. Agora que só existe índio não existe roubo, estupro, nem amanhecem pessoas mortas…”

Lamentavelmente, a fala de Dena, registrada a tres anos e tão atual como profética.