Verificando a organização Social e Política Tribal, percebemos que a posição do indivíduo no mundo cultural indígena segue um processo hierarquizado de valores no campo humano.

CRIANÇA:
Ao nascer, a criança pertence à primeira categoria social da comunidade, onde seguirá até aproximadamente os 5 anos de idade sendo educada pelos mais velhos. Nesta fase conhecerão os segredos dos insetos, dos arredores da aldeia, conhecimentos artesanais com os pais, histórias da formação da tribo.

MENINO:
Depois chega a segunda fase, dos 5 aos 10 anos, é quando aprenderá a aplicação dos conhecimentos na prática, nas artes disponíveis na sua cultura. Começa a fabricar o primeiro arco, instrumento principal de sobrevivência, além de outros objetos: flechas, brincos, cestas, etc.

ADOLESCENTE:
A adolescência vai dos 10 aos 18 anos, tempo suficiente para trilhar os conhecimentos internos da tribo: história, lendas, mitos, código social, brincadeiras, roça, músicas, cantos, danças, etc.

ARQUEIRO:
O jovem será considerado um arqueiro, quando dominar as emoções e agir pela razão do conhecimento adquirido, terá então uma posição na vida social, será um agente da cultura, um membro do corpo coletivo tribal.
O Arqueiro tem uma tendência a ser um Guerreiro, um defensor do seu povo.

GUERREIRO:
Luta pela sobrevivência de seu povo, mostra as soluções dos problemas e ajuda a resolve-os junto à sociedade a qual pertence.
O Arqueiro só terá êxito na sua missão, se for preparado, formado e capacitado para realizar ações conhecendo o interno do seu povo. Tem vezes que deverá também saber como buscar no exterior, com outros povos, a união de força para resolver um problema que seja global.
Os povos se unem por afinidade, na dor e no amor, em problemas, resoluções, na paz, harmonia, construindo, organizando, articulando, as partes do mundo que vem evoluindo. Como por exemplo aqui, no ARCO DIGITAL.

Ser um Arqueiro é saber direcionar a flecha (conhecimento, ação, projeto etc.) no ponto certo, para solucionar o problema.
Atirar uma flecha não é causar um problema, mas solucionar uma carência, desenvolver, progredir, criar o melhor para todos.

FORMAÇÃO DOS ARQUEIROS

Nossos guerreiros antigos, primeiro aprendiam com seus pais, avós e pessoas da comunidade, todos os conhecimentos necessários a sua formação de acordo com a vocação almejada. Se por acaso o jovem queria ser um caçador, ele teria de perfazer um círculo de tempo aprendendo com todos os caçadores disponíveis da tribo. O futuro caçador nunca poderia desempenhar uma caçada sem antes passar por esse tempo educativo tradicional. Quando esse ciclo de aprendizagem se completava, era quando o jovem passaria para a fase adulta. Ele estava pronto para fazer a caçada junto com os outros arqueiros.
Todos nós que participamos desse projeto coletivo do ARCO, constituímos uma Comunidade Inter-étnica. O sucesso do projeto local de cada comunidade indígena vai depender do esforço de cada um, ter dados concretos da realidade do seu povo para soluções dos problemas, em nossas aldeias. Para complementar esse ciclo digital, faremos várias incursões na internet, para completar nosso aprendizado e ir aos lugares onde estar à caça (financiadores de projetos).
Nhenety Guardião da Tradição.
Nhenety Kariri-Xocó
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Aqui no ARCO DIGITAL, estamos todos nos qualificando para sermos melhores guerreiros. APRENDENDO OS UNS COM OS OUTROS.
O CURSO ARCO DIGITAL se propõe compartilhar nossas experiências do caminhar. Passando-nos as dicas de como melhor preparar as flechas (os projetos) e de como melhor lança-las (buscar o financiamento).

Em breve abriremos uma página especial: “Projetos”, lá a THYDEWAS colocará alguns materiais de alguns projetos que foram executados, e desde já solicitamos a todos os que já participaram de algum tipo de projeto, que se possível for, vão preparando materiais para poder compartilhar a experiência. Especialmente, através dos cadernos de cada arqueiro, e dessa pagina que virá, que convidamos a cada índio ir escolhendo o problema que ele buscará atenuar ou resolver… Cada um de vocês tem que ir visualizando seus alvos, ir pesquisando e refletindo sobre as problemáticas de sua comunidade e ir sonhando com as possibilidades de soltar uma flecha para melhorar essa situação.

Alguns atirarão a flecha para Educação, outros para Saúde, outros para Sustentabilidade ou contra a violência e o preconceito… Alguns atirarão varias flechas ou uma flecha em varias direções. O grupo e a THYDEWAS estará junto, para nos dar conhecimento e esperteza para fazer as flechas (projetos) e força para lançá-las (encaminhar o projeto).

Sebastian