Meu nome é Tania

Meu nome é Tania, tenho 35 anos, sou índia Xucuru-Kariri, da Aldeia Mata da Cafurna e sou professora da mesma a 15 anos.

Eu procuro o melhor de mim para os meus alunos.Procuro trabalhar com a alma e com o coração. Nossa cultura está no nosso sangue. Nosso sangue é nossa alma e circula em nosso coração tornando-nos cada vez mais pessoas humildes. Nosso sangue torna nosso corpo uma cultura viva. Procuro passar tudo isso, para meus alunos, como para todos os que tenho oportunidade de orientar, como faço com meus filhos. Primeiro faço uma auto-avaliação do que quero pro futuro dessas crianças, o que já fiz, o que estou fazendo e o que devo fazer. Procuro buscar no fundo da mente de cada um através de conversas, produção de texto e passeios em nossa mata, uma forma de conscientiza-nos do que podemos fazer para termos sempre a natureza ao nosso dispor. E assim, manter nossos costumes, nossas tradições sendo repassados de geração à geração, até o dia que Deus quiser.

Analiso e procuro ver as pessoas, principalmente pelo lado bom. Não costumo tirar impressão pela primeira vez e julgar as pessoas.O que é bom pra mim pode não ser para as crianças da minha comunidade, ou até mesmo pra aldeia toda.

Procuro separar muito os costumes do Catolicismo dos costumes da cultura indígena. Eu sinto muito quando eles afirmam ser católicos e adorar imagens.

Mas espero de todo o coração que essa nova geração venha viver consciente de sua cultura e que não permita, jamais, tamanha interferência como aconteceu com nossos antigos. Devemos respeitar a nossa cultura e a de todos os povos, para que cada vez mais a nossa seja respeitada. Devemos assumir nossa identidade diante de qualquer situação.Procuro passar para todos essa segurança, seja autoridade dentro da comunidade ou não.

Todos somos iguais e temos uma responsabilidade.

Nós, professores da comunidade indígena, somos também psicólogos de nossos alunos. Observamos se eles estão alegres ou tristes, e buscamos respostas. Até porque os problemas deles são nossos. Tem que ser “todos por um e um por todos”. Eles são a razão de nosso viver e o futuro de nossa comunidade, da nossa cultura.

Lutamos por nossa comunidade.. É nossa vida. Graças a Deus.

Nós, professores da comunidade indígena, temos um objetivo muito importante para alcançar, que é desenvolver em nossos alunos a luta e a responsabilidade pelo povo. Lutar com amor e não por obrigação. Temos que tentar formar nossos alunos para que amanhã lutem por conquistas.Chega de lutar pra morrer, a gente quer lutar pra viver!

Tania