MARINHO: Nossos ancião mais velho

MARINHO: Nossos ancião mais velho é o seguinte: A cultura deles, no princípio e no que eu entendi, é sobre a lavoura. A gente plantava a mandioca, o milho, o feijão e mais outras coisa importante – o inhame, a batata e mais alguma coisa. E sobre o que eles usavam de arma, era a flecha, tinha o arco e a flecha. Essa parte a gente faz – a gente não está usando, mas a gente faz. E mais era o seguinte: A gente tinha algumas raiz que a gente usava para fazer remedinhos. E ela ali já entende um pouco do assunto do remédio.

ELISINHA:Antigamente, aqui não tinha médico, não tinha nada de assistência na saúde. Quando adoecia um, nós se tratava com a erva da nossa mata. E hoje nós sempre vem pelejando, trabalhando, já comecei trabalhar, perdi… não achei força para continuar o trabalho, e o povo sempre me procurando, para pedir eu continuar, mas eu não tenho força para trabalhar. E nós sempre tem remediado muitas pessoas aqui, esse povo aí de prova, muita gente aqui já se serviu com os remédios que eu faço, na medicina. Hoje a gente é fraco. Nós tem vontade de trabalhar hoje, mas nós não tem o comforto de trabalhar. Nós experimentemos duas vezes, não foi? Trabalhando seis mulher, sem comforto nenhum, comforto era nossa coragem. Mas não achemos apoio, nós paremos. Agora nós quer continuar de novo, mas não sei se vai continuar.

Nós faz xarope, nós faz engarrafada, nós faz banho, para bronquite, para gripe, para febre, para dor, massagem, pomada, comprimido para verme, sempre nós faz. Remédio para coceira… tudo nós faz. Nós estamos querendo fazer essa horta, mas estamos sem comforto. Não tem comforto nenhum para comprar o arame, nem a tela… ROMILDO:Eu gostaria de alimentar às palavras de Dona Elisinha, como é conhecida aqui, ela á minha prima carnal, Marinho, que já deu esse depoimento, é meu primo carnal, eu sou primo do caboco Anselmo, Anselmo Pereira dos Santos. E quando ela fala que não tem força, essa força que ela tá querendo falar é com relação financeiramente. Que eu digo sempre que ela é uma jóvem.

Ele também – às vezes eu até brinco com esse termo jóvem, porque ela anda por aí, ele também, nós faz essas caminhadas aqui e até eu, que sou muito mais jóvem, digo que não aguento. E eles estão aí, e estão com essa resistência… mas financeiramte aqui deixa desejar para nós. E estou até tendo a esperança de que talvéz tenha alguém que nós ajuda economicamente, para nós desenvolver mais os nossos trabalho. Eu quero que o nosso pai Tupã nos dê, a mim, a eles, força… eu pretendo chegar a essa idade deles, dessa jóvem de 78 anos, desse jóvem de 69 anos, e quero preservar a mesma resistência deles, e a mesma disposição para prestar um trabalho a nossa comunidade Pataxó-Hãhãhãe.

E vou falar mais um poucinho, não é para querer mim aparecer nem me exibir não. Eu venho pedindo a eles, até enjoando essa anciã, enjoando esse primo aqui, que nós precisa de batalhar para nós ter um veículo nosso, para fazer o escoamento de nossas coisas. Que às vezes chega até perder aqui. A gente encontra difuculdade, porque o órgão que nos representa, que é a FUNAI, às vezes ajuda, mas por conta que tem muita gente aqui, às vezes a gente fica naquela carencia. Então estamos pretendo conseguir um veículo para escoar pra Pau Brasil, pra Camacã, pra Itabuna, pra Eunápolis e pra outras regiões do Brasil.

Não estamos criticando, e nem falando mal de quem quer que seja, mas na nossa carencia, na nossa necessiade nós precisamos dum apoio das autoridades. Que muita vontade de trabalhar a gente tem, já estamos trabalhando para que isso venha tornar realidade. E com fé em Deus, com fé no nosso pai Tupã, nosso criador, vai dar tudo certo, tem que dar certo.