Caros Amigos,está matéria é um e-mail que recebir e autorizado pela autora para postar no site da rede, para que todos tomem o conhecimento que os orgão que “nos representa” também representa um orgão maior: O interesse os ESTADO. E não os interesses dos POVOS INDÍGENAS.!

Alex Makuxi

Por: Azelene Kaingáng

A direção da FUNAI não autorizou meu afastamento do país para participar do Fórum permanente da ONU, mais uma vez quero dizer que durante mais de dez anos em que participo dos fóruns internacionais de defesa dos direitos indígenas, nunca me foi negado o direito de afastamento do País para participar dos fóruns internacionais em defesa dos direitos indígenas, e fiquei surpresa e indignada com esta decisão da direção da FUNAI que, infelizmente me comunicou tal decisão quando já não havia mais tempo para providenciar e pensar em outra forma de participar (12/05/2010), porque minhas passagens estavam marcadas para o dia 13/05 e 14/05, ou seja, viajaria hoje (sexta-feira).

Ainda assim tentei argumentar com a direção mas foi em vão, porque o que está em jogo não é minha simples participação no FP, mas está prevista a minha participação em dois eventos paralelos nas Nações Unidas, onde eu falaria da questão da violação do direito a consulta pelo Estado Brasileiro na questão de Belo Monte, a decisão da CIDH sobre o tema e a reação do estado Brasileiro à posição da Comissão interamericana de Direitos Humanos.

Minha participação é sem ônus para os cofres públicos, embora eu seja funcionária pública há 24 anos, questão que nunca me impediu de participar de fóruns nacionais e internacionais em defesa dos direitos humanos dos Povos Indígenas do Brasil, das Américas (Declaração Americana sobre os Direitos dos Povos Indígenas) e do mundo (Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas), e solidificar uma história de lutas constantes, uma história que me rendeu respeito e prêmios de Direitos Humanos, história que me ensinou a não me calar diante das violações e dos absurdos cometidos pelo estado brasileiro e suas instituições contra os Povos Indigenas, enfim de não perder a capacidade de me indignar, como o faço neste momento, diante de uma ditadura silenciosa que se instalou no Brasil contra os Povos Indígenas e seus direitos.

Graças a este histórico nunca precisei fazer viajem internacional as custas do dinheiro público, porque minha história, minha luta e minhas convicções me permitiram conquistar a confiança de pessoas e instituições internacionais que fazem questão de financiar minha participação nos fóruns internacionais, mas ainda assim o Governo negou-me o direito de participar do Fórum permanente da ONU sobre Questões Indígenas, sob o argumento de que não havia interesse da instituição na minha participação.

Passo esta mensagem para Vocês que sempre acreditaram e apoiaram meu trabalho e minha luta, por sentir que devo uma satisfação pela minha ausência no Fórum das Nações Unidas e para agradecer mais uma vez a compreensão de todos e claro afirmar que ações como essa fortalecem ainda mais a minha vontade de lutar e não desanimar diante dos percalços e das pedras no caminho…e o que mais me conforta…nada é para sempre!

Com Saudações Kaingáng

Azelene Kaingáng