O ABC porque não existem “raças” na espécie humana!
(de C. Ardaga Widor, Lençóis, Bahia)

A) Dezenas de milhares de anos atrás

Há dezenas de milhares de anos não existiam cidades no mundo. As pessoas desses tempos antigos eram poucas e viviam em grupos pequenos. O tamanho desses grupos variava. Podia ser minúsculo de uma família extensiva só, por exemplo. Podia ser media de um clã ou podia ser relativamente grande no caso de uma tribo.
Naqueles tempos ninguém dominava a agricultura. Quer dizer que todas as famílias, clãs e tribos caçavam e/ou pescavam e procuravam por raízes e frutas silvestres para se alimentarem. Os grupos eram maiores onde tinha sempre peixes e mariscos e/ou caça em abundancia. E eram menores onde estes alimentos de origem animal eram mais escassos.

Quem caça sem armas de fogo e quem busca frutas e raízes para comer às vezes tem de percorrer grandes distâncias durante dias e até semanas a fio. E aqueles lugares onde tinha caça e/ou peixes em abundancia sempre atraiam os famintos da região. Sendo assim não espanta, que mesmo com tão poucas pessoas no mundo daqueles tempos antigos, acontecia frequentemente que dois grupos diferentes encontravam-se pelos sertões e várzeas e litorais do mundo. Às vezes, estes encontros eram tranqüilos e a curiosidade falou mais alto. Conversava-se, por meio de senhas quando as línguas eram diferentes demais para serem entendidas por todos, trocavam-se presentes, comia-se e namorava-se e assim os dois grupos construíam um laço amistoso entre eles. Depois os grupos ou separam-se com a possibilidade de alguns ficando com o outro grupo, ou os dois grupos ficaram juntos de vez para aumentar seu número e, portanto, sua segurança.
Tinha, porém, também os encontros belicosos. Brigas e lutas podem ter originadas por causa da caça ou por causa do lugar (se era rico em peixe, por exemplo). Ou por causa da escassez de mulheres e crianças. Porque todos os grupos sempre procuravam aumentar seu prestígio e sua força pelo aumento de seu número. (Naqueles tempos antigos morria muito mais gente do que hoje e, também, muito mais jovem. E deste modo, os pequenos grupos andavam muitas vezes à beira da extinção.)
Mas seja como for a natureza desses encontros, pacífica ou belicosa, sempre resultou, também, em homens e mulheres fazendo sexo.

Por que o sexo rolou sempre? Porque isto é profunda e tipicamente humano. Nós, os seres humanos, somos os únicos que sempre prontos e com vontade de transar. Os (outros) animais de nosso planeta de quando em quando passam pelo cio. Más nós estamos sempre em pleno cio. E isto nunca mudou. Até hoje continua assim, porque é a nossa própria natureza.
Agora imagine! Por dezenas e dezenas de milhares de anos. Em todos os cantos do mundo. Entre todos os grupos andando por aí atrás da caça, houve sexo sempre que se encontravam. Qual é o resultado disso? Que todos se misturaram, é claro!
Quando, finalmente, os primeiros grupos descobriram aos poucos a agricultura e podiam, assim, ficar durante o ano todo num lugar só por causa das safras que as alimentava, toda espécie humana já estava totalmente misturada. Que nada de raças! Somos todos nós parentes uns dos outros. Somos uma grande miscigenação global. E em cada “branco” tem um monte de “negro”, e em cada “índio” tem um monte de “chinês”, porque em todos têm de tudo.

Desenvolvemos cores de pele e de olhos diferentes dependendo do clima onde nossos ancestrais passaram mais tempo, aprendemos línguas e costumes diferentes dependendo com que grupo e em que região vivemos, porém, dentro da gente corre o mesmo sangue vermelho, e rimos das mesmas graçinhas e choramos das mesmas tristezas.
Não há raças humanas. Somos, todos nós, uma raça só: A Raça Humana.

B) Mas tanta gente anda falando de “raças”

Por que é, então, que quase todo o mundo fala de “raças” se é que elas nem existem?
Pois é, primeiro porque com nós humanos é assim: quem fala mais também fala mais besteiras. Porque quem anda falando sem parar (como, por exemplo, o Galvão da globo esporte ou os políticos na véspera de eleição) nem sequer tem tempo para estudar, pensar e aprender. Olhe no seu redor! Quem sabe mais fala menos. Quem sabe nada não para de tagarelar. É ou não é?
Agora, este papo de “raças” é uma moda bastante nova. Nada de dezenas de milhares de anos. Só 400 anos atrás ainda tinha ninguém falando de raças.
Na verdade “as raças humanas” são pura invenção. Verdade! Apenas uma mentira! Inventaram “as raças humanas” para assim dissimular um crime horrendo. Um crime terrível? Que crime? E quem inventou?

Foi assim: As chefias de alguns paises Europeus e seus ajudantes sofriam de uma doença horrível: a cobiça. Sempre queriam mais. (E esta doença, sem pensarmos bem, continua hoje. Também aqui no Brasil. E é por isso que tem tanta corrupção que deixa tanta gente na miséria. Mas isto já é outra história…) Os velhos chefes europeus, então, não conseguiam roubar mais nada de seus próprios súditos porque todos estes já viviam na mais profunda pobreza. Assim aconteceu que as chefias cobiçosas começaram a desejar as riquezas de outras regiões ultramar. Investiam em navios e armas de fogo e mandaram suas frotas cheias de soldados, padres e criminosos para os quatro cantos do mundo. Queriam terras, ouro, prata, pedras preciosas para poder construir mais navios e assaltar mais regiões… A doença do “mais”.

E como você sabe foi assim que os primeiros europeus chegaram, também, nas Américas depois da viagem pelo Oceano Atlântico. Mais do que 500 anos atrás, no caso do Brasil. Que pena que os povos nativos (que os invasores da Europa chamavam de “Índios” já que acreditavam de terem chegado na Índia) não entendiam bem o perigo. Muitos dos povos nativos nem ligavam. Preferiam de guerrear contra seus vizinhos, quer dizer outros “Índios”, que consideravam rivais. E muitos “Índios” até ajudavam os primeiros Europeus porque sem esta ajuda da parte dos nativos Português, Espanhol, Inglês, Francês, Holandês, etc. nenhum teria sobrevivido por muito tempo nestas terras desconhecidas por eles.
Não demorou muito e os Europeus tinham construído fortalezas e começaram a escravizar os nativos. Ou os escravizavam ou os infectavam com as suas doenças da Europa ou os massacravam com suas armas poderosas. Mataram milhões de “índios”. Povos inteiros.
E quem ia fazer os trabalhos pesados agora? Desmatar, construir, plantar, colher, garimpar, produzir…?
Aí os chefes e ajudantes cobiçosos e sanguinários destes países Europeus mandaram suas frotas e seus meios de corrupção que nem a cachaça para a África, onde captavam com a ajuda de alguns chefes Africanos viciados na cachaça e tão cobiçosos como os da Europa dezenas de milhões de Africanos. Homens, mulheres, crianças. Gente de todas as profissões e talentos. E levavam os à força para as Américas para substituir os escravos “Índios” cada vez mais escassos.
Pois é. E quem cometeu todo este crime gigantesco e horrendo, dos reis e papas até os negreiros e compradores de escravos, todos eles eram bons cristãos. Como, porém, combina escravizar e maltratar e massacrar homens, mulheres e crianças com aquele mandamento que diz “Amem seu próximo”? Não combina nada, não é? Pois é. E era aqui onde entram “as raças”.

No ano 1735 foi o médico e pesquisador Sueco Carl von Linné que discriminou os seres humanos do mundo em seis “raças”. No topo colocou “a raça européia” (os brancos) e em baixo dela “a raça americana” (os “Índios”), “a raça asiática”, “a raça africana”, “a raça dos selvagens” e “a raça dos monstros”.
Quais as provas científicas de sua classificação? Não tem. Nenhuma!

Mas por que, então, fez tal alegação?
Esta resposta é fácil: Porque a Suécia, tal como outros paises europeus também, estava profundamente envolvido no comércio de escravos da África. Enriqueceu com ele, também, como os outros. E para justificar-lo moralmente precisava de “provas” de que os escravizados, sejam eles “Índios” ou Negros, fossem não só diferentes pela cor, mas, também, inferiores pela sua natureza, pela biologia, pela “raça”. O objetivo era fazer o mundo acreditar que eram quase nem gente. Diziam que estas populações não-européias eram que nem retardados, crianças irresponsáveis e que precisavam da escravidão para educar e civilizar-los. Tudo mentira tudo invenção. E todo mundo acaba acreditando. É inacreditável, não é?
E é assim que funciona ainda hoje. Um rei ou um governo ou uma empresa poderosa querem uma “prova” para justificar algo que não tem justificativa e pagam, portanto, um cientista para que “faça pesquisa” e chegasse ao resultado desejado (“as provas”) pelo cliente rico. Depois se espalham estas “provas” como verdades científicas. Seja pela boca do povo crédulo, ou seja, pela televisão ou pela internet e todo mundo já acredita em mentira forjada. No caso da mentira das “raças” as suas raízes são tão fortes que até o Presidente da República e o Ministro de Cultura não param de falar em “raças” mostrando que até eles acreditam nela. Brincadeira, nê!

E tudo isso embora que tenhamos hoje em dia, mais ou menos 300 anos após a invenção falsa da parte de Carl von Linné, provas científicas verdadeiras (não compradas) que comprovam sem deixar dúvidas que não existem raças humanas, mas uma raça humana só!

C) Agora ta provado: somos todos uma grande família e não há “raças”!

Como foi, finalmente, possível comprovar que Carl von Linné (e tantos outros pesquisadores racistas e/ou corruptos após ele) teve errado (e/ou mentido) e que existe realmente uma raça humana só?
A porta para a verdade foi a genética. A genética é aquele ramo da biologia que estuda como são transmitidas as características de uma geração para outra, dos pais para os filhos e netos e bisnetos…
O DNA é uma substancia presente em tudo que vive e carrega as informações genéticas. O DNA foi descoberto em 1869 más demorou mais do que 100 anos até os pesquisadores conseguiram “ler” e entender as suas informações.
A célula é a partezinha básica dos seres vivos. Ela é dividida em várias partes minúsculas como a membrana, o citoplasma e o núcleo. No citoplasma foram achadas as mitocôndrias. Essas têm cerca de 0,003 milímetros de comprimento. Quer dizer que são tão diminutas que é preciso usar microscópios bem fortes para poder ver-las. Nessas mitocôndrias têm, também, pequenas quantidades de DNA nas quais achamos armazenadas as informações sobre todos os nossos antepassados do sexo feminino. Carregamos, com efeito, nossa árvore genealógica dentro da gente!
Aí começou uma equipe de pesquisadores da Universidade de Berkely, Califórnia analisar e comparar as informações do DNA nas mitocôndrias de milhares de pessoas de todas as regiões do mundo e de todas as cores. Que trabalho gigantesco! E o que acharam? Pois é, em 1987 publicaram na revista científica “Nature” sua descoberta fantástica: Todos os seres humanos do planeta Terra descendemos de uma mesma mulher que viveu há uns 200.000 anos na África!
Depois outros pesquisadores fizeram outras pesquisas e comprovaram o resultado da primeira: Todos nós! Todos nós somos é uma grande família só! Você que ta lendo isso, eu que to escrevendo isso, o Galvão da globo que não sabe disso mas fala besteira de “raças”, idem o Presidente e tantos “professores” e “intelectuais”. Todos nós! Os negros mais retintos e os brancos mais alvinhos, os “índios” e os indianos, os japoneses e os aborígines australianos, os árabes e os judeus. E tem mais: quando pesquisadores começaram fazer comparações do DNA descobriram que muitas vezes é que um branco europeu tem mais parentesco com um africano do que este africano com outro africano da mesma aldeia! Já pensou? Quer dizer que a cor de nossa pele e o lugar onde moramos nada tem a ver! Que papo furado de “raças”! Somos é uma única grande família.

Pois é. Ta claro mesmo que não existem “raças” na espécie humana. Nem este negócio de “sangue”. Mesmo assim continua, infelizmente, a mania de dividir e discriminar em “raças” o que resulta, entre outras coisas, na proliferação do racismo. É pura estupidez!
Agora, se todo mundo souber que não tem raças como pode ter racismo então! O que tem sim é ignorância. Muita e profunda ignorância. E quem sabe menos sempre fala mais, como já constatamos no começo desta leitura. Porém, temos que dar um basta neste papo ignorante de “raças”. Se quisermos acabar com o racismo, temos que corrigir aqueles que não sabem mas falam, portanto, besteira. Sem medo temos que dizer “Me perdoe seu Presidente, mas ta falando coisa que não é verdade. Porque não existem “raças”!” O mesmo vale para os professores: “Me perdoe pro, mas o que a senhora ta dizendo já foi comprovado que nem existe. Somos uma única raça humana só!”

Para a verdade vencer é preciso falar a verdade. Assim plantaremos paz e respeito na nossa família. E nossa família é enorme mesmo: São todos os oito bilhões de seres humanos em todos os cantos do mundo.
Fale para todo mundo ouvir, meu amigo e minha amiga: Não existem “raças”! Somos uma raça só! Com cores e formas diversas, costumes diferentes, canções, danças e línguas diferentes, más, por dentro e em nossos direitos e capacidades somos todos iguais!

Graças a Deus ou Tupã ou Oxalá ou Alá ou a Mãe Natureza ou Gaia…!

cmb_ardaga@gmx.net