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Patrimônio histórico de valor inestimável, o prédio do antigo Museu do Índio, no Maracanã (RJ), fundado por Darcy Ribeiro na antiga sede do Serviço de Proteção do Índio construída em 1910, na Rua Mata Machado, 127 (em frente ao Portão 13 do Maracanã), ocupado desde 2006 como centro de preservação e difusão da cultura indígena, está ameaçado de demolição.

Foto:Luciana Kaingang
Segundo artigo publicado na página de Maria Rachel Coelho, professora da UFRJ e diretora-presidenta do MEB (Movimento Educacionista do Brasil),  há interesse público e privado no terreno no Maracanã, com vistas na Copa do Mundo de 2014. Especula-se de que o imóvel estaria sendo negociado pela Prefeitura do Rio com uma empresa privada espanhola para construção de um Shopping Center e um estacionamento para 3.000 automóveis

Nesse sábado, 24, das 9 às 17 horas, ocorrerá no local o 1º Seminário Índios em Contexto Urbano, que abordara uma reflexão sobre os três anos de Retomada do espaço e avaliação sobre os desafios a serem enfrentados, como o risco de ser demolido para construção de um estacionamento. O evento conta com o apoio do CESAC (Centro de Etno Conhecimento Sócio Cultural e Ambiental Cauieré), do Movimento Tamoio e estudantes de Línguas Indígenas e Antropologia da UFRJ/MN.

 

museu-2 Foto: Luciana Kaingang

 O antigo Museu do Índio foi ocupado em outubro de 2006 por indígenas de 17 etnias, como forma de resgate dos Direitos dos Povos Originários do país. O prédio, de propriedade do Ministério da Agricultura, abandonado e em ruínas, despertou o interesse dos indígenas em reformar o local no intuito de transformá-lo num centro de convergência educacional, de preservação e difusão da cultura indígena. A empreitada previa ainda a criação de uma Universidade Indígena. O Ministério da Agricultura manifestou apoio na época, por meio de seu superintendente regional, para transformar o espaço novamente em um centro cultural.
Arão da Providência Araújo Filho, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, declarou sobre a criação da Universidade Indígena: “Os indicadores do IDH são: Saúde, Educação e sustentabilidade ou economia. A função primeira é a formação para a dos saberes étnicos e tradicionais conciliados com os saberes da educação formal para a atuação dos indígenas nessas áreas”. Segundo Arão da Providência, o Governo do Estado não implementa as políticas públicas indígenas: “Nós temos 35 mil indígenas no Estado isolados das políticas públicas. A verba para educação não é utilizada por falta de gestão pública. E às vezes desviada para outros segmentos”.

Representantes de algumas etnias indígenas do país concebem o prédio do Museu do Índio como propriedade indígena e o ocupam como defensores de Direitos Humanos, visto que além de ser um espaço destinado à educação e à transmissão de cultura, o imóvel hospeda indígenas de todas as partes do Brasil que chegam ao Rio de Janeiro sem apoio governamental ou abrigo que os acolha. Ao lado do museu funciona, o Laboratório Nacional Agropecuário e a Secretaria de Defesa Agropecuária. Uma comitiva do Ministério da Agricultura decidiu, em ato secreto, entregar o terreno ocupado pelo Museu do Índio, S.D.A e Laboratório Nacional Agropecuário para os Governos Estadual e Municipal com o objetivo de demolir o imóvel o mais rápido possível.

Assessoria de Imprensa – CESAC