Presado parente, a história se movimenta.
Eu sou Edesio Pataxó, nasci no ano de 1980.
Vou falar sobre água, sobre essa propriedade.
Que não pode faltar para a nossa comunidade.
Rio Salgado já secou o que será da gente?
E cavar poço no braço para sermos sobreviver.
Água encanada por aqui, isso é só de momento.
A bomba quebra. Nada é feito e ficamos nós ao sofrimento.
Minha esposa e os meus filhos, está comigo a lutar.
Já cavamos uma cacimba, “caçando” água para usar.
Como o nosso povo vai viver esse cotidiano.
A seca aqui está de mais, meu amigo conterrâneo.
De Caramuru à Bahetá o povo sofre bastante.
Sem água, para se banhar, matar essa sede constante.
Meu povo Pataxó Hãhãhãe, vamos abrir a nossa visão.
Cacique e liderança vamos tomar uma posição.
Eu Edesio Pataxó mim sinto triste com tal situação.
Pois a falta de água é muito grande, para mim e para meu irmão.
Onde é que estão os órgãos, que diz que são pela gente.
Parece que tomou doril, sumiu de vez! Da nossa frente.
Espero que leiam os versos, reflita e entre em ação.
Lembre-se que nós somos gente, como qualquer cidadão.
Que seja FUNAI ou SESAI, lembre-se da nossa nação.
Honra as suas inicias, cumprindo o papel de órgão.
Já chega do índio sofrer a falta de compreensão.
Lutando para sobreviver, vivendo para união.
Nem tudo será por dinheiro, nem tudo será pelo ouro.
Mas tudo será por amor, pois esse país é de todos.
Sem água não teremos vida, e sem vida não seremos nada.
Com a água teremos vida, e com a vida teremos alma.
A cima imagens do local onde se localiza a bomba. Hoje (03 de maio) faz cinco meses em que se encontra sem funcionamento, e ainda não há previsão de voltar a funcionar.
Escrito por Edesio Pereira Pataxó
Publicado por Hemerson Pataxó