Acompanhando a trajetória histórica do meu povo vemos que cada pessoa traz um conhecimento adquirido. Notamos que “cada pessoa é um livro vivo”, cada geração é um volume desta “grande biblioteca humana”, constituindo esse espetacular acervo da “memória social do povo”.

Quando eu era criança conheci o velho Analbertino nascido em 1894, que morreu em 1972. Este ancião era filho do antigo cacique Xocó, Inocêncio Muirá, meu tetra-avô. Inucencio nasceu em 1855 e morreu em 1930. O cacique Muirá fez várias viagens a pé para o Rio de janeiro. Fez uma em 1870, outra em 1888 e uma última em 1890, sempre para falar com o Imperador Dom Pedro II, para reclamar a invasão de nossas terras pelo Coronel Jõao Fernandes de Brito na Ilha de São Pedro de Porto da Folha. Eu não conheci o cacique Inocêncio Muirá, mas conheci seu filho Analbertino, isso me permitiu conhecer uma época. Atraves da vida das pessoas, a gente conhece um determinado tempo.

Vamos registrar as histórias de cada geração. Cada pessoa é um livro vivo. Vamos organizar nossa “biblioteca viva” do acervo Memória Social Indígena.

A soma de todas as pessoas consideradas livro vivo é a memoria social de seu povo.

INDIOS ON-LINE é uma forma de organizar nossa bibloteca viva. PARTICIPE!

Muitos de voces poderão escrever projetos de PRESERVACAO DE MEMORIA…e para aqueles que forem escrever outros tipos de projetos, ainda assim é bom que tenham em conta esta perspectiva.

Nhenety Guardião da Tradição Oral.