Após os 500 anos do “descobrimento” do Brasil, os povos que aqui se instalaram, tem irracionalmente utilizado nossos recursos naturais, como água, solo, subsolo, florestas – sem nenhuma preocupação com o futuro, como se nuca fossem acabar. Hoje sabemos que as coisas não são bem assim, pois observando esta temática, achamos por bem fazer uma análise sobre a concepção de preservação ambiental dos alunos indígenas da Escola Indígena Pajé Miguel Selestino da Silva, pois qual será a percepção que os mesmo apresentam em relação à preservação do meio ambiente?
Ao dividirmos a terra em três partes, obteremos o seguinte resultado: duas dessas partes serão de água e uma delas será de terra. Temos muita água, mas isso não significa que seja um recurso natural infinitivo. A ONU nos alerta, “…escassez generalizada de água, sua destruição gradual e sua crescente contaminação…” (a ECO 92, in CARVALHO, 1999, p. 34), trará sérios prejuízos para as próximas gerações.
A fracionalização da terra foi apenas para tomarmos como exemplo a água, que é um recurso natural indispensável à existência da vida no planeta. Porém, acreditando que as águas eram sempre infindas, nossa atitude foi sempre a de usá-las até o limite, sem pensar no amanha. “Águas são muitas; infindas. E em tal maneira e graciosa (a terra) que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”. (CAMINHA, Pero Vaz. Carta ao Rei de Portugal no século XVI, in CARVALHO, 1999, p. 05)
Caminha também falou das imensas matas que, vista do litoral, pareciam cobrir todo o território. Hoje após séculos de exploração, resta pouca dessa Mata Atlântica que tanto impressionou os navegadores portugueses. Em muitos pontos se transformou quase em deserto.
Infelizmente, não estamos sozinhos nessa história. Em todos os países, em todos os continentes, com maior ou menor intensidade, os relatos sobre o passado e a realidade de hoje são semelhantes.
Estamos diante de situações preocupantes, já que são muitas e variadas transformações presentes na natureza. Lavoisier, (in ABRÃO, MAGALHÃES, MATTOS, 1993, p. 17) afirma há muitos anos: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Entretanto as pesquisas em Ecologia e a aplicação de novos conhecimentos e novas técnicas de utilização dos recursos naturais já permitem alternar esse cenário mundial tão preocupante. Conhecer um pouco do passado e atualizar os conhecimentos sobre Ecologia talvez nos ajude a entender melhor o que aconteceu, para mudarmos o presente e construirmos um futuro melhor.
O dicionário Michaelis (1998, p. 760) define Ecologia como a “parte da Biologia que estuda as relações dos organismos com o ambiente, isto é, com o solo, o clima e os outros organismos que povoam determinada zona da terra”.
O meio ambiente é um sistema em permanente processo de mudanças e transformações, e dele fazem parte todos os organismos vivos.
As alterações ambientais são provenientes das ações do homem. Pois as atividades promovidas por ele, desde o cultivo agrícola, à criação de animais e as indústrias, causam inúmeros problemas ambientais, porém, através dos estudos realizados no mundo inteiro, por ecologistas, esses problemas podem ser resolvidos com o uso de técnicas já existentes na produção não desperdiçando energia e recursos naturais, não poluem o ambiente, não geram produtos que fazem mal a saúde humana e também não resultam em excesso de lixo. Isto é possível com a prática de desenvolvimento sustentável, vista que utiliza-se os recursos naturais de forma mais econômica e racional, buscando produzir o maior beneficio social possível e assegurando que esses recursos não se esgotem e beneficiem também as gerações futuras. Partindo com essa concepção a Constituição da República Federativa do Brasil (1988), no seu artigo 225, assegura:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, impondo-se ao poder público e à coletividade, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Se voltarmos ao passado mais distante, veremos que os indígenas já tinham uma cultura extrativista, já que viviam daquilo que retiravam da natureza, através da caça, da pesca e da coleta de frutas.
Suas moradias, pequenas ou grandes palhoças eram feitas com madeira e folhas tiradas das arvores. Para fabricar suas armas de caça, utilizam recursos do meio ambiente: pedra, madeira e venenos extraídos de certas plantas.
Algumas etnias cultivaram e cultivam alimentos como a batata, o inhame, a macaxeira, a mandioca e o milho, e a técnica usada para preparar o terreno para o plantio sempre foi à queimada das árvores e arbustos, atividades que chamam de coivara.
Será que isso significa que os índios já vinham destruindo a natureza do mesmo jeito que os não-índios fizeram, após terem desembarcado aqui?
Aí temos muitas respostas e claro que todos sabem que não, haja vista que os índios usam os recursos necessários a sua sobrevivência. As queimadas, por exemplo, nunca atingiam grandes extensões de terra. A pesca, a caça, a coleta de frutas e o plantio são calculados em função das necessidades da comunidade. Contudo, como seres vivos, que atuam na transformação do ambiente em que vivem, os indígenas jamais foram uma ameaça à sobrevivência do ecossistema, ao qual estão integradas, partindo daí temos a concepção de ambiente ecologicamente correto, sendo fundamental esse estudo na citada comunidade escolar, pois buscamos informações deste tipo para assim sabermos que relação os membros da Escola Indígena Pajé Miguel Selestino da Silva, tem a fundo com o meio ambiente.

REFERÊNCIAS

ABRÃO, Salete Maria Antônia Moons; MAGALHÃES, Nícia Wendel de; MATTOS, Neide Simões de. Nós e o ambiente. Editora Spicione, 1993.

CARVALHO, André Martins. Meio Ambiente – em defesa da vida. Rio de Janeiro: Sindicato Nacional dos Editores de livros, 1999.

MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998.

SANT’ANNA, Carlos. Constituição da República Federativa do Brasil. Ministério da Educação. Brasília, 1989.

BIBLIOGRAFIA

HABERMEIER, Kurt; SILVA, Avanilda Duque da. Agrofloresta: um novo jeito de lazer agricultura. Recife: Centro Sabiá, 1998.

PAK, Tetra. Gerência de Desenvolvimento Ambiental. São Paulo: Monte Mar, 1998.

Trabalho realizado e publicado por Gecinaldo Xucuru Kariri-Professor do Ensino Fundamental do 1º ao 5º Ano da Escola Indígena Pajé Miguel Selestino da Silva da Aldeia Fazenda Canto-Palmeira dos Índios-Al. E-mail:gecinaldo@yahoo.com.br