Mas uma vez eu estou me preparando, para participar de umas das mais belas manifestações cultural, de meu povo indígena Pankararu, ainda pra ajudar hoje é noite de lua, que dá um toque a mais de misticismo no ar. Sei que todos os anos, essa tradição se repete, geralmente entre os meses de fevereiro e março, durante 05 sábados e 04 domingos, mas toda vez que eu participo, sempre sinto a emoção como se fosse a primeira vez.
E por esse motivo que me orgulho de ser indígena, por possui uma cultura própria e diferenciada, e agradeço aos meus antepassados, por conseguirem manter uma cultura, preservado como no passado, até os dias de hoje. Mas sinto muita triste, por eles não terem conseguido, manter a nossa língua mãe, mas também não os culpo, até porque não foi porque nossos antepassados quiserem, que nossa língua fosse esquecida, mais foi porque não conseguiram sustentar a pressão, que os Padres Jesuítas impuseram, para que só falássemos a língua portuguesa. E por isso eu não posso esquecer, os nomes dessas grandes guerreiros e guerreiras Pankararu, como a índia Maria Calu, Maria Chulé, o grande João Tomas, o grande cacique João Binga entre outros. Que sempre lutaram, para que tivéssemos esse direito de participarmos de nossas manifestações culturais, como eles participaram no tempo deles, e quando eu vejo uma criança indígena Pankararu, com um maracá feito de embalagem de desodorante, sinto a convicção que nossas tradições vão durar ainda, muitas gerações futuras. Pois a cultura é o beneficio, mais valioso dos povos indígenas, mas infelizmente hoje existe alguns indígenas, acha que o maior beneficio nosso, é uma vaga na faculdade, remédio do INSS, passagem para fazer uma consulta medica a 500km de distancia, entre outros benefícios, que qualquer ser humano tem direito, seja ele indígena ou não indígena.
E esquecem do seu maior patrimônio, que é a sua cultura, sua historia, suas tradições, seus costumes e o seu jeito de ser, o jeito de ser indígena, e nos dias de hoje é isso que nos diferencia dos não indígenas. Então eu vou agora, passar a noite no terreiro do poente, e quando o sol raiar eu estarei lá, com os pés descalços, e exercendo o meu direito de cidadão indígena, de dançar o toré tradicional Pankararu.

Alexandre Pankararu
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