As guerras invadem aldeias, cidades, estados e países, afogando nações em um mar de sangue e lágrimas, nações indígenas e não indígenas. Gotas de lágrimas unem os filhos da terra que são irmãos de uma mesma dor e pedaços da história revelam a escuridão que cresce ao redor da terra no solo sufocado pela dor e sofrimento.

Conflitos de opiniões, sentimentos, ideias, pensamentos, crenças, desejos e sonhos, muitas vezes separam homens e mulheres, fazendo irmãos inimigos.

A ilusão da disputa pelo poder é alimentada pela vaidade que cega e engana mentes humanas. Quantas vezes não vemos aqueles que um dia lutaram por todos, lutando apenas por si mesmo?

Os verdadeiros guerreiros sabem que apenas de mãos dadas é que tudo faz sentido nas lutas e causas que muitos acham que estão perdidas. Tudo está perdido quando largamos nossas mãos e tudo é possível quando as juntamos, com nossos corações unidos fazemos nossa verdadeira resistência.

Não existem causas perdidas e sim mentes adormecidas alimentando corações congelados. Devemos olhar para a criança de hoje porque ela será o jovem e adulto de amanhã colhendo frutos que um dia plantamos e plantando novos frutos na terra.

A faixa de Gaza que nos divide é a mesma que estrangula nossos pescoços, o apartheid que separa nossos corpos é o mesmo que os junta sem vida e o campo de concentração onde vivemos é o mesmo que provoca nosso holocausto.

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O Acampamento Indígena na Esplanada dos Ministérios em Brasília, foi brutalmente atacado pela força militar do DF dia 10 de julho de 2010.
Homens que jogam spray de pimenta em outros homens  não poupando nem mesmo crianças, mãe que não poderá  mais ver seu filho nascer porque ele sofreu violência antes mesmos de nascer, pessoas feridas enquantos outras ficam felizes ao saber que os ”barracos” que estavam deixando uma ”visão feia” em frente Esplanada dos Ministérios foram destruídos. Elas nem mesmo se importam se aqueles seres humanos habitando aquele espaço estão lá lutando pela revogação do Decreto Presidencial 7.056/09, que extingue 40 administrações regionais e 337 polos indígenas, além de substituir antigos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Não podemos esquecer também da guerreira Amanayara Tupinambá  presa no íncio do mês passado com seu filho de apenas dois meses, ela havia participado de uma reunião da CNPI com o Presidente Lula,  denunciando as perseguições de que as lideranças Tupinambá têm sido vítimas por parte da Polícia Federal no Sul da Bahia.

Uma sociedade marcada pela desigualdade em todos os seus níveis e que se alimenta de discriminação e violência não pode servir de base para um bom futuro.
O que resultou em violência no passado, só pode resultar em violência no futuro.

Toda ditadura é cruel, principalmente aquela que se veste de democracia quando lhe convém, vivemos uma política de poderes paralelos. Lembro das palavras de uma grande irmã de luta chamada Laura Juliani: ”O movimento contra hegemônico se alicerça na educação, na organização e na articulação das bases e não na imposição de um grupo”. Suas palavras me fazem lembrar e traduzir o que um dia escutei de uma senhora Quilombola: ”A gente junto é forte, mas todo mundo junto, não apenas uma roda mas uma grande roda onde cabe todas roda, não apenas minha roda”.

Não adianta oprimido virar opressor em uma sociedade doente, que em seu silêncio e cegueira sempre quando chega a escuridão da noite clama por cura. O antídoto para uma mordida de cobra venososa a gente encontra na floresta, para uma sociedade patológica começa em uma educação de base e honesta que em sua virtude promova o respeito ao outro independente da cor de sua pele, formação cultural e religiosa.

O que está sendo ensinado para nossos filhos e netos nas escolas? Que exemplo estamos dando para o futuro de nossas nações? Perseguição e extermínio?

Tudo é aprendido. Ninguém ataca ninguém ou discorda de alguém ou acredita em algo se não recebeu uma educação que serviu de base para formação de sua identidade e personalidade. Nossos ancestrais deixaram  heranças sagradas em nossos corações: seus saberes e tradições, que muitas vezes acabam sendo engolidos por uma força que envenena aos poucos nossas raízes nos afastando de nossa verdadeira essência.

Existem leis, programas do governo, projetos para ajudar ou que dizem prestar auxilio, o que realmente falta?

Vejo seres que caminham em fileiras, parecem soldados armados para um combate, movimentos sincronizados pelas ruas na selva de concreto, eles não olham para trás, eles não olham para os lados, eles só estão olhando para eles mesmos. Enquanto não olharmos uns para os outros, não adianta leis, não adianta projetos, não adianta apoios.

RESISTÊNCIA! UNIÃO! RESPEITO! PAZ!

”É necessário fazer um mundo novo, um mundo onde caibam muitos mundos, onde caibam todos os mundos” (Marcos)