O Programa de Educação Superior Indígena Intercultural (Proesi), da Universidade do Estado de Mato Grosso(Unemat) lançará no próximo dia 30, no Museu Rondon, quatro livros das séries “Experiências Didáticas e Práticas Interculturais”, de autoria de professores e alunos indígenas de 34 etnias no Estado.

As publicações surgiram a partir desse programa que vem funcionando há dois anos. Um projeto editorial viabiliza a publicação da produção acadêmica. As publicações são organizadas nas séries: “Experiências Didáticas”, com livros escritos nas línguas-mãe e utilizados nas salas de aulas nas aldeias indígenas e Práticas Interculturais, que organiza e divulga textos e ilustrações de professores e alunos indígenas que relatam seus mitos, conflitos, costumes e saberes na língua portuguesa.

Boa parte dos livros que reúnem textos que narram o modo de fazer roças, a culinária indígena e restrinções alimentares, os problemas da luta pelos territórios indígenas e os marcadores do tempo, formas de observar o clima e regime de chuvas sempre através dos animais, das estrelas e os rios. As ilustrações foram produzidas pelos alunos e professores.

Autores Ikpeng, do Xingu

Os livros que serão lançados este mês são de professores e alunos da etnia Ikpeng, que vivem atualmente na parte central do Parque Indígena do Xingu, conhecido por Médio Xingu. Os livros: “Irwa”, “Ga”, “Orong”, “Ikpeng Ungwopnole” são de autoria dos professores; Iokore Kawakum Ikpeng, Korotowi Taffarel, Maiuá Meg Poanpo Txicão e organizados pelos coordenadores do Proesi, Elias Januário e Fernando Selleri Silva.

O Proesi ampliou horizontes daquele que era há 10 anos um projeto de cursos de licenciatura específica para a formação de professores indígenas, abrindo espaço nos cursos de bacharelado e nos cursos regulares. Atualmente são 275 estudantes na graduação, 50 na especialização e, este ano, dois jovens da etnia Ikpeng, Korotowi Taffarel e Maiuá Meg Poanpo Txicão concorreram com 52 pessoas e passaram no curso de mestrado em Ciências Ambientais na Unemat de Cáceres.

O programa surgiu para fortalecer a educação indígena mas principalmente proporcionar maior acesso ao ensino superior com suporte científico e didático, unindo conhecimentos e facilitando assim o entrosamento entre todos os brasileiros, índios e não – índios. Para o coordenador do Proesi, professor Elias Januário as publicações da produção acadêmica concebida por professores e alunos abrem diversas possibilidades.

“Tanto para as nações indígenas como para a sociedade brasileira, e isso cria um canal de comunicação que facilita o entendimento e a longo prazo pode derrubar preconceitos”, ele observou. “Ao dominarem a escrita, os indígenas passam a existir na história do País, mas agora a partir do conhecimento deles. E com esse instrumento podem também repassar aos mais jovens valorizando suas raízes”, assinalou Januário.

*Agência Amazônia de Notícias
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