Por: Emeson Guarani de Sao Paulo 28/02/2010
Kunumi Guy’ra Morantin
Acadêmico Ciências Sociais Puc-SP e Membro do Programa Pindorama PUC-SP.

A esquadra de Cabral encontrou a terra indígena em 22 Abril de 1500, com um contingente de homens cujas vidas eram tarefas, obrigações e trabalhos subordinados ao lucro.(1) A costa atlântica e praticamente todas as extensões da América do Sul (2) eram ocupadas por inumeráveis povos indígenas, estimados em torno de 5 milhões de pessoas apenas no Brasil.

Portugueses, espanhóis, franceses, holandeses entre outros se deliciavam com as maravilhas de um país indígena, e que se espalhava por uma extensão sem fronteiras.

“A América Indígena recebeu um grupo invasor recém-chegado de além-mar que eram super agressivos, capazes de atuar destrutivamente de múltiplas formas. (3)”.

“A peste que o homem branco trazia no corpo, e mortais para as populações indígenas. As disputas de seu território, de suas matas e riquezas para outros usos. No econômico e no social pela escravização do índio e pela mercantilização das relações de produção”.(4)

Frente à invasão européia, os índios defenderam-se e ainda o fazem até os dias de hoje, até o limite possível do seu modo de ser.

“Os Europeus iniciaram sua guerra, armados de canhões e arcabuzes contra indígenas que contavam unicamente com tacapes, zarabatanas, arcos e flechas”.(5) Já completaram cinco séculos de luta e extermínio. Tudo em beneficio da posse e propriedade de suas terras.

Diversos nomes se destacaram na matança e escravização do índio em todo o Brasil.
No passado Mem de Sá e suas guerras, que realizadas em nome da corte com seu plano de destruição e colonização em nome do rei, organizou diversas matanças.(6) Hoje, grupos de extermínio, são liderados por políticos ligados à grilagem de terras em todos os cantos do país.

No século XVII (1628/1629) Antonio Raposo Tavares e Manoel Preto organizaram um exercito com 3 mil Paulistas e atacaram as reduções jesuíticas no Guairá (atual Paraná), e levando 30 mil índios como escravos para São Paulo.(7) Em 1729 João Paes do Amaral exterminou 20 mil índios Manao, no Amazonas.(8) E alguns anos depois em 1758, o Marques de Pombal (8 de maio) supostamente declarou extinta a escravização de índios em todo o Brasil, (9) quando na realidade nada ocorreu.

Neste século, os protagonistas utilizam outras armas não menos destrutivas. Após todos os tipos de matança, extermínio e escravidão. O Governo tratou de conduzir a Historia como se nada tivesse ocorrido, tratando estes supostos heróis com todos os tipos de honra, homenageando-os numa história evolucionista, e viraram monumentos, nomes de ruas, praças, institutos, rodovias em diversas partes do País. Em São Paulo, por exemplo, o governo local tratou não só de não mostrar a historia como deveria ser e se instalou no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. E símbolo do processo de destruição de massa de comunidades indígenas.

A história das populações indígenas Brasileiras foi terrivelmente destruída e transformada.

Em muitos casos a matança foi geral em busca pelos recursos que a terra produz. A Historia tratou de propagar o preconceito e o racismo, e diferentes grupos foram lembrados em diversos livros de literatura como “selvagens”. (E hoje ainda são assim considerados).

Se no passado, na agricultura o indígena plantava para subsistência da comunidade a mandioca e cultivava o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o urucu, o algodão, cuias e cabaças, as pimentas, o abacaxi, o mamão, a erva-mate entre outras plantas, inclusive dezenas de árvores frutíferas, como caju, o pequi, etc. A agricultura lhes assegurava a fartura alimentar, durante o ano além de obter outros alimentos através da caça e pesca onde garantiam a total sobrevivência do grupo.”(10) E hoje diversos destes produtos são vendido ao exterior como produtos”made in Brazil”.

Hoje suas terras tradicionais estão sujeitas à politicagem local que defende interesses de uma classe burguesa, como em Roraima. A reserva Raposa Serra do Sol demarcada e homologada em 2005. E apenas em 2009 a duras penas, foi realmente oficializado sua demarcação e entregue às comunidades indígenas locais. Ainda o grupo de arrozeiros liderado por Paulo César Quartiero, prefeito de Pacaraima, ousaram em diversas instancias adiar  a homologação destas terras.

Nos dias de hoje governador do Mato Grosso também lidera um grupo de fazendeiros ligados à monocultura e ao agro negócio. O governador é hoje um dos homens mais ricos do país. E as comunidades indígenas Guarani Kaiowá vivem às margens das rodovias e em pequenas ilhas a espera da Homologação de suas terras tradicionais invadidas por fazendeiros. Apenas em 2007 pelo menos 53 guaranis foram assassinados no MTS.

O descaso também se dá diante do assassinato de lideranças indígenas. Já em 1752 Sepé Tiaraju, líder Guarani morto por tropas luso-Espanholas já denunciava esta invasão e mesmo antes de ser morto gritou: “Esta Terra tem dono”. (11)
Outros lideres foram assassinados em todos os cantos do Pais, Marçal Guarani, em 1983, com cinco tiros a queima roupa no MS,(12) Xicão Xucuru, em maio de 1998, Ângelo Cretã entre outros (13)…

(Continua…) Quem sao o Bandeirantes do Seculo XXI?

E pra vocês! Quem seriam estes Bandeirantes?

Bibliografias

(1) Darcy Ribeiro “O Povo Brasileiro” 2ºediçao p.32
,2,3,4) Darcy Ribeiro “O Povo Brasileiro” 2ºediçao p.30
(5) Darcy Ribeiro “O Povo Brasileiro” 2ºediçao p.49
(6,7)Retrato do Brasil “Índios Terras e conflitos (fonte cimi 1980) p.73.78
(8)Fonte Benedito Prezia
(9) Retrato do Brasil “Índios Terras e conflitos (fonte cimi 1980) p.73.78
(10) Darcy Ribeiro “O Povo Brasileiro” 2ºediçao p.32
(11)R. Agora Missões o apogeu e queda do sonho Guarani p.14
(12) Marçal Guarani –Benedito Prezia
(13)Fonte Benedito Prezia