Após o sucesso na realização dos IX Jogos dos Povos Indígenas, o Ministério do Esporte já tem planos para intensificar políticas públicas voltadas para indígenas brasileiros. Além da continuidade dos jogos nacionais e a publicação de livro, CD e documentário sobre o assunto, o Ministério discute os jogos regionais, os eixos da Ação de Identidade Étnica e do Patrimônio Cultural dos Povos Indígenas (já orçamentada), um canal eficiente de interlocução com lideranças indígenas para políticas de Esporte e Lazer e o programa Segundo Tempo nas aldeias.

São vários os pedidos de ações voltadas para indígenas que o Ministério do Esporte recebe. Somente no período de 2001 a 2008, foram mais de 200 solicitações como implantação de programas sociais, apoio em encontros, pesquisas, infra-estrutura e publicações. Para criar uma política social mais abrangente e sólida para este público, parte das iniciativas serão fundamentadas a partir de duas fontes principais de informação.

A primeira diz respeito às pesquisas acadêmicas desenvolvidas por sete núcleos da Rede Cedes (Centro de Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do Lazer) sobre a questão indígena, o esporte em aldeias e os jogos tradicionais indígenas. A outra surge a partir da avaliação dos IX Jogos dos Povos Indígenas e das entrevistas feitas pelo Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria Nacional de Desenvolvimento Esporte e Lazer com os organizadores do evento, o público, atletas, voluntários e lideranças indígenas.

Esse material se unirá a uma vasta pesquisa sobre os aspectos sociohistóricos e políticos de conquista dos direitos indígenas, as dimensões socioculturais dos jogos indígenas e o que a experiência analisada contribui para uma política mais ampla de esporte e lazer para estes povos.
O conteúdo completo será publicado pelo Ministério em um livro e um CD, com lançamento previsto para março de 2008, junto ao documentário produzido sobre os Jogos.

Avaliação dos Jogos dos Povos Indígenas
A Comissão de Organização do IX Jogos dos Povos Indígenas, que aconteceu entre 24 de novembro e 1º de dezembro de 2007, se reuniu na semana passada (15/01) para avaliar o evento. A importância da avaliação se dá pela riqueza de informações que servirão para incrementar as políticas de esporte e lazer para indígenas. Além disso, o conteúdo será parte de uma publicação e CD sobre os Jogos. Participaram da reunião representantes do Ministério do Esporte, Ministério da Justiça, Comitê Intertribal, Funai, Funasa, Universidade do Estado de Mato Grosso.

De acordo com a chefe de Gabinete da Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer do Ministério do Esporte, Cláudia Bonalume, a questão indígena é hoje para a Secretaria tema de pesquisas, ações e programas. “O processo de avaliação pretende contribuir com a estruturação de documentação no sentido de criar um lastro capaz de colaborar com a realização de futuros Jogos com maior qualidade”, diz.

Foram destacados pela comissão organizadora diversos pontos positivos dessa edição dos jogos, como a aprovação dos atletas, o intercâmbio entre os indígenas, a visibilidade da cultura indígena para o público, além do fortalecimento da auto-estima das etnias, principalmente as de Pernambuco, que tiveram suas tradições enfraquecidas pela opressão histórica.

A comissão também indicou os aspectos que necessitam de aperfeiçoamento, como uma maior instrução dos voluntários e do público sobre a cultura das etnias, um forte Fórum Social Indígena, planejamento mais antecipado e a qualificação do tempo livre dos atletas para se criar um espaço de maior troca de experiências entre as etnias.

Ascom-Ministério do Esporte