Por: Vilma Almendra

Representantes do povo indígena Nasa da Colombia compartilharam palavras, reflexões, lutas e sentimentos com os indígenas Tupinambá da  aldeia Tucum em Olivença, Bahia, Brasil.

O indígena Guarauna Tupinambá foi quem tive a iniciativa de propiciar esse intercambio de pensamentos entre nossos povos. Por isso, fomos juntos caminhando pelo mato, visitando as famílias e convidando a nos encontrar na sede do Núcleo Escolar da aldeia Tucum.

Nosso encontro começou com a fala de Guarauna Tupinambá, quem compartilhou sua experiência do aprendizado com a Oca Digital. Ele explicou a importância da boa utilização de um computador e um celular para a luta dos Tupinambá.

Depois nos apresentou dizendo: “O povo delas tem uma luta forte pelo território. Agora mesmo lutam pela autonomia e por isso estão tirando a todos os militares fora do território indígena Nasa. Eles sabem que o inimigo maior são as transnacionais que se beneficiam do deslocamento que causa a guerra, para explorar a natureza. Eles foram noticia mundial a semana passada”.

Depois dessa apresentação compartilhamos resumidamente a memória da resistência indígena Nasa e de nosso processo desde o século XVI até agora. Falamos também do legado de nossas lideranças que abriram o espaço que hoje temos como espelho para o futuro. “Cacica Gaitana (XVI): resistência armada; Juan Tama (XVII): Resistência com a palavra; Manuel Quintín Lame (XX): Resistência com a consciência; CRIC: Retomadas de Terra (70s-90s): Álvaro Ulcué Chocué: Resistência com a organização; Autonomia (XXI): Controle territorial”.

Além, visibilizamos a importância de comunicar para resistir, defender a vida e proteger o território. Contamos as ações feitas por nosso povo desde Colombia que têm sido cruciais para a luta do movimento indígena do Cauca tecido com as lutas de outros povos e movimentos no mundo.

A resposta dos Tupinambá em Tucum foi ótima, não só porque entenderam que nossa luta por mudar o sistema e viver em equilíbrio e harmonia com a Mãe Terra, é uma tarefa difícil e responsabilidade de todos. Sem não porque eles reconheceram-se em cada palavra, ação e pensamento proposto desde nosso povo.  Ao final da partilha, uma das participantes cantou com muito sentimento, sem poder controlar suas lágrimas. Depois todas e todos acompanharam seu canto e agradeceram nossa visita com essas palavras:

 

“Parente eu agradeço
Eu agradeço de coração            
A nossa luta e muito grande            
Mas nós lutamos com precisão”  Awere!!!

Ficamos muito agradecidas com o povo Tupinambá de Olivença, com os moradores da aldeia Tucum, e especialmente, com o parente Guarauna Tupinambá, de quem estamos aprendendo muito e com quem gostaríamos seguir caminhando a palavra dos povos em resistência.

 

Vilma Almendra e Constanza Cuetia, indígenas Nasa visitando as aldeias Tupinambá.