GECINALDO SOARES DE QUEIROZ,LUCIETE DE SOUZA FERREIRA, MARIA ESTER BARBOSA DA SILVA, MARIA BETÂNIA CELESTINO DA SILVA, ROSINEIDE DA SILVA, SELMA ALVES DE SOUZA ,SHEILA MAGMA DE SOUZA PEREIRA

PROJETO DE PESQUISA
A HISTÓRIA DOS XUXURUS KARIRI DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

Projeto de pesquisa valendo como nota parcial de avaliação na disciplina Metodologia Científica ministrada pelo prof. Roberto César Alves Correia.

COORDENADO POR TÂNIA MARIA ALVES DE SOUZA

ORIENTADO POR PROF. ROBERTO CÉSAR ALVES CORREIA

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DOM FERNANDO IÓRIO RODRIGUES
FACULDADE SÃO TOMÁS DE AQUINO – FACESTA
CURSO NORMAL SUPERIOR

Palmeira dos Índios, 2004

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 03
REVISÃO DA LITERATURA: HISTÓRICO DOS XUCURUS KARIRI DE
PALMEIRA DOS ÍNDIOS 06
A terra dos índios 10
Os marcos da demarcação 12
Fixação do índio 13
Chegada do primeiro branco 14
Diretório indígena 16
Missão indígena palmeirense 17
Diretores da missão 18
Guerra da confederação do equador 19
Terra para os índios 21
Religião e crenças 22
As principais entidades espirituais dos xucurus-kariri 23
Sutilezas de religiosidade 24
Simbolismo do pajé, do cacique e das insígnias usadas no toré 25
A alimentação 26
Algumas receitas 26
Bebidas 27
Ervas medicinais e esotéricas 28
Pesquisas arqueológicas 29
CONCLUSÕES EM TORNO DA IDENTIDADE DOS
XUCURU-KARIRI DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS, ALAGOAS, BRASIL 31
1. Indigenismo brasilero e identidade cultural 31
2. Resistência cultural do índio no Brasil 33
3. A identidade cultural do xucurú-kariri 33
4. A pergunta territorial 33
5. Outros elementos de identidade 35
6. O xucurú-kariri e as políticas indigenistas oficiais 36
7. Reconstrução do xucurú-kariri de identidade 39
8. Testemunho da história oral e a procura de identidade 39
9. Relação com outros grupos 40
10. Reação para as conquistas do xucurú-kariri e necessidades atuais.
Conclusão final 42
CRONOLOGIA DO XUCURÚ-KARIRI (1640-1995) 45

PROBLEMA 59

HIPÓTESE 60

OBJETIVOS 61

JUSTIFICATIVA 62
METODOLOGIA 65

CRONOGRAMA 66

ANEXOS 67

BIBLIOGRAFIA 73
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INTRODUÇÃO

Este projeto de pesquisa científica, sobre a história do povo indígena xucurus kariri de Palmeira dos Índios, consta de informações qualitativas sobre os trações de cultura, vestígios de usos e costumes oriundos desta etnia. Ele foi preparado com duplo objetivo: de um lado, como subsídio para conheceremos profundamente a história dos indígenas palmeirenses, e de outro, para servir como requisito de estudo para a disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica. Constando também de citações fundamentais para compreendermos o porquê de estudarmos um tema tão importante para ser exposto para a comunidade escolar e para toda a sociedade.
Sabe-se que toda a comunidade indígena é motivo de ambição por boa parte da população brasileira não-indígena. Com o povo xucurus kariri não é diferente, sofrem discriminações errôneas e desnecessárias, como toda comunidade indígena, tais como na luta pela demarcação de suas terras que muitos das passeiras a julgam como maldita medição, generalizam que os índios “são todos iguais”, desconhecendo-a e negando-se a grande diversidade cultural dos indígenas palmeirenses são do passado: primeira nega-se a presença dos povos indígenas como parte da primeira população brasileira e como integrantes do futuro do país; segunda, considera-se o índio como representante da “infância” da humanidade, como remanescente de um estágio civilizatório há muito tempo ultrapassado, que “os índios não tem história”, decorrente da nação anterior, esta se baseia na falsa certeza de que os indígenas “passaram no tempo, não evoluíram”, vivem como na nossa pré-história. Como conseqüência, imagina-se erroneamente que as sociedades e culturas indígenas não se transformaram, não se desenvolvem e que suas tradições são absolutamente imutáveis, “são seres primitivos, atrasados”, que precisam ser “civilizados”. Nega-se aos povos indígenas o direito à autodeterminação e à autonomia de suas escolhas e desqualifica-se sem patrimônio histórico e cultural. Isso impede que se admita e reconheça a existência de ciências e de teorias sociais indígenas, de uma arte e religião própria, etc. “São aculturados, não são mais índios”; imagina-se que quando os povos indígenas alteram alguns aspectos no seu modo de viver, tornam-se “aculturados”, deixam de ser “autênticos” não podendo mais reivindicar direito relativo à condição de índio, mas tudo isso é para omitir a legitimidade dos verdadeiros donos das terras brasileiras, em particular de Palmeira dos Índios.
Como o nosso estudo é voltado para a história da formação e cultura do povo indígena xucuru kariri, vamos fazer algumas citações para compreensão da importância que uma comunidade indígena representa para o Brasil. Citamos nesse propósito um exemplo claro de que Roraima é brasileira graças aos índios. Veja a argumentação usada para essa afirmação:
No começo do século passado, o Brasil ganhou o território de Roraima disputado com a Inglaterra; a presença da população indígena naquelas terras foi à argumentação usada e resolutiva, portanto, Roraima ficou com o Brasil.
Tendo em vista a utilização prática que desejamos dar a este estudo, pensamos na sistematização de informações a respeito da realidade na qual a história dos xucurus kariri está inserida que é o contexto histórico de Palmeira e, ou até mesmo do Brasil.
Fazer um estudo detalhado sobre os nativos de Palmeira dos Índios não é tarefa fácil, ao contrário, trata-se de uma empreitada de difícil realização e sempre sujeita a muitas críticas. Pois, desenvolver a ponderação sobre um povo indígena e expor para a sociedade é um longo processo de muita paleja e dedicação. Exibir a luta, a cultura e toda constituição de um grupo étnico que tem sua história de maneira ordenada é gratificante, o que ainda não é o nosso caso. Parte da miscigenação que constituiu o povo indígena xucuru kariri, originou-se devido à migração de famílias dos xucurus de Cimbres (Pesqueira – PE), quando foragidos em tempos idos, pelo flagelo das secas do sertão nordestino e ficaram-se na entrada da Serra da Cafurna em Palmeira dos Índios.
Examinar o contexto histórico dos xucurus kariri, implica na montagem de um enorme quebra-cabeça, cujas peças de tamanhos, cores e texturas diferentes se espalham por toda a história da formação de Palmeira dos Índios. No entanto, compor uma imagem da realidade do povo indígena e sua história, a partir de materiais muitos já fragmentados que reúne diferentes origens produzidos por poucas pessoas, usando formas e metodologias não muito variadas é tarefa árdua, repleta de dificuldades.
Se a história do povo indígena xucuru kariri é um fato, o problema é como aprendê-lo. A inadequação de instrumentos conceituais é, talvez, um dos principais empecilhos à apreensão desta história. Muitas são as variáveis que precisam ser levadas em conta, especialmente à constatação de que dispomos de informações que sofreram redução, contudo, coletados de vários contextos e diferentes propósitos, cuja simples reunião nos permite compor um quadro geral da história dos xucurus kariri. Poucas são as bases de dados disponíveis em relação ao povo indígena e grande é a variedade de critérios empregados para organizar os dados, o que torna complexo o trabalho de sistematização das informações disponíveis.
Contudo, acreditamos que vale a pena tentar reuni-las, sintetizá-las e disponibilizá-las em nosso trabalho. Vale salientar que os xucurus kariri é um povo de origem secular, que vive até hoje no município de Palmeira dos Índios, lutando por seus direitos e buscando conquistar o seu espaço na sociedade.
Mesmo que os palmeirenses não aceitem que são de descendência indígena e a cidade de Palmeira dos Índios, assim como o Brasil também foi descoberto e habitado primeiramente por índios, iremos preservar, pois apesar de toda civilização atual, a qual nos coloca sempre à prova testando a nossa capacidade dentro da sociedade; e diante de tantas lutas em busca de um merecido mérito tivemos grandes perdas, porém muitas vitórias, que nos fortaleceu ainda mais para assumir com responsabilidade a verdadeira identidade que é a etnia xucuru-kariri.

REVISÃO DE LITERATURA

HISTÓRICO DOS XUCURUS KARIRI DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

Em Palmeira dos Índios, cidade prospera do Sertão Alagoano, também conhecido como Princesa do Sertão Alagoano, habita ainda hoje remanescentes índios na Fazenda Canto, Serra da Boa Vista e Serra da Capela.
Reconhecidos pelo Serviço de Proteção ao Índio, antigo SPI, hoje Fundação Nacional de assistência ao Índio – FUNAI.
Os remanescentes indígenas são conhecidos como Xucurus. Contudo, os atuais índios principalmente os mais velhos afirmam que ouviram seus avos dizerem que “eles não são Xucurus, mas sim índios Kariris da tribo Wakonãn”. Xucurus é um apelido, afirmam.
O Etnólogo D. Ribeiro, em seu livro: “Etnologia Brasileira” – 1957, classifica os do municípios de Palmeira dos Índios como aculturados.
Segundo alguns historiadores alagoanos, os chamados Xucurus palmeirenses vieram de Cimbres, município de Pesqueira em Pernambuco da Serra do Urubá.
Xucurus, etnologicamente quer dizer Andarilho. Contam os atuais indígenas palmeirenses que uma família Xucurus de Cimbres de Pesqueira em Pernambuco, foragida em tempos idos, pelos flagelos da seca do Sertão, solicitou abrigo aos Kariris de Palmeira e fixaram-se na entrada da Serra da Cafurna, onde hoje se encontra o bairro chamado Chucurus, cujo açude tem o mesmo nome.
Quando os kariris desciam da Serra da Cafurna, da Serra da Capela, iam visitar os Xucurus, ou mesmo pernoitavam em suas casas. E assim aos poucos, os Xucurus tornaram-se influentes e hospitaleiros. Aos poucos, tornou-se costume entre os brancos chamar todos os índios que habitavam Palmeira dos Índios de Xucurus,em lugar de Kariris-Wakonãn.
Daí, tornou-se comum e muito generalizado aos aradores em arrôbo de oratória dizerem:
“Palmeira dos Índios, terra de Xucurus”, quando deviam afirmar que é terra dos Kariris-Wakonãn. Pode-se provar que o grupo remanescente de índios palmeirenses são da tribo Wakonãn através da lingüística, estes remanescentes ainda hoje sabem distinguir palavras da língua Kariri de outro idioma indígena.
Os índios caetés, tão conhecidos da história do Brasil e de Alagoas, como também os Kariris, que habitavam toda faixa litorânea do Nordeste são as tribos mais antigas.
Os atuais indígenas de Palmeira, embora atualmente sofram influencias culturais dos Funiôs de Águas Belas – PE. Os indígenas de Porto Real do Colégio – AL é quem são chamados Kariris-Xocó por estarem mais ligados aos Xocós de Sergipe e Bahia.
Ø Segundo Darci Ribeiro:
Os Kariris formam um tronco lingüístico escrito que compreendia os Kanuarú, os Dzubukua, Kipea e Sapuya e foram desalojados da aldeia de Pedra Branca, perto de amorosa na Bahia.
Ø Robert Lowie:
Em sua contribuição para o Handbook American of South American Indians, no vol 6, falando sobre os Kariris afirma:
“Os Kariris formam uma família lingüística, compreendendo os Dzubukua, Pedra Branca e Sapuya como dialetos. No tempo da ocupação portuguesa, eles residiam no interior do Brasil até o começo do século XIX”.
Destes grupos os kariris e os Sapuyas eram os únicos do Oeste da Bahia, reduzidos em número devido ao contato holandês e português, os índios Kariris foram colocados pelos jesuítas em aldeias a oeste da Bahia”.
Os Kariris tinham um nível de cultura mais alto do que a maioria dos brasileiros orientais. Eles plantavam: milho, feijão,algodão,dormiam em redes; faziam cerâmica, correspondendo a louça Xucurus de Cimbres – PE.
Os Kariris aos poucos foram se dispersando, devido a certas circunstancias como por exemplo: a perseguição pelos brancos.
As famílias foram se constituindo em tribos menores, conservando ou perdendo suas tradições e, especialmente o idioma. Portanto, todas as terras de Palmeira são dos índios. Como o governo não pudesse indenizá-los, então em 1952 procurou através do Serviço de posto que é a atual Fazenda Canto.
O terreno dos Kariris de Palmeira foi delimitado no tempo do Império, através do auxilio de D. Maria I. foi ela quem mandou demarcar as terras dos índios.
Ø Segundo D. Maria Luiza Jacobina:
Havia antigamente, em Palmeira uma capelinha na aldeia. Os limites das terras indígenas abrangiam uma área de uma légua de terra quadrada e que hoje em dia podem-se comprovar seus limites:
Pedra montada na gruta do Engenho Velho (é uma pedra redonda montada em três pedras); Serra Pelada na Cafurna (passa por Palmeira de fora, em direção aos Guedes); Estrada do Moreira, junto do pé de jacarandá que não existe mais (vem direto pela estrada de Panelas até chegar ao Guedes). O terreno dos índios estava delimitado, mas os policiais da época não deixaram tomar posse, e assim os indígenas sem orientação perderam suas terras.
Ø Segundo W. D. Hohenthal:
Afirma que os índios palmeirenses são Kariris oriundos dos cariris da Bahia (as tribos do Médio e Baixo Rio São Francisco).
Palmeira dos Índios fazia parte de uma sesmaria de 30 léguas, concedida pelo governador geral do Brasil ao Desembargador Cristovam de Burgos, em 1661, que depois veio pertencer ao Coronel Manoel da Cruz Villela.
Depois de um século, chegando na Vila da Palmeira, mais ou menos em 1770 um Frei Domingos de são Jose; começou a catequizar os índios.
Durante o mesmo ano o imperador mandou demarcar as terras dos índios fundando as sesmarias indígenas dentro das sesmarias dos Brancos. Onde houvesse 100 famílias indígenas era fundado uma sesmaria.
Daí adquiriram o direito de possuírem duas léguas de terra.
Com a morte do Imperador tudo se acabou, o governo federal da República de 1889 considerou extintas todas as aldeias de índios.
Os xucurus viviam próximos aos Wakonãn, fugindo dos corsários brancos que através das entradas e bandeiras penetravam no hinterland em busca de índios para escravizá-las. Fugindo, abandonaram suas aldeias que margeavam o Rio São Francisco, penetrando cada vez mais no interior em busca de refúgios, se fixando nas Grotas e Furnas, principalmente na Serra das Palmeiras, com o objetivo de viver em paz e livres da escravidão.
Procurando aldeiar-se, preferiram muitos dos Kariris as plagas do sertão de Cimbres em Pesqueira e outros se fixaram na Serra da Capela, pertencente à sesmaria de Pernambuco, Santo Antonio e Garanhuns.
Na Serra da Cafurna ou Furna e na Serra da Capela, os Xucurus felizes foram conviver com os Wakonãn formando a Tribo almagma chamada de Wakonãn-Kariris-Xucurus.
Embora, seja muito provável que Frei Domingos de são José e Frade Capuchinho, pelos anos idos de 1770 tenha chegado a Palmeira dos Índios e em 1773 oficialmente recebia a doação de um terreno para edificar uma capela em honra do Senhor Bom Jesus da Boa Morte, ao sopé da Serra da Palmeira, hoje chamada Serra da Boa Vista.
Assim foi facilitada a catequese dos índios aldeiados que viviam do amanho da terra, do cultivo das ervas doce e medicinal, dedicando-se aos trabalhos da olaria na fabrica de potes, jarras e igaçabas além de outras atividades.
Assim também começou uma nova cidade, uma nova cultura e uma nova civilização.
O dia 27 de julho do ano de 1773 realmente é a data magna oficial da fundação da cidade de Palmeira dos Índios, quando Frei Domingos de São José assina e recebe em cartório a doação de um terreno para erigir uma capelinha, a Capela dos Índios Wakonãn-Kariris.

A terra dos índios

Os descendentes dos primitivos fundadores do aldeiamento que deu origem a cidade de Palmeira dos Índios, foram enxotados de suas terras, das terras ocupadas por eles desde que aí chegaram. Muitos deles, conforme depoimentos dos caboclos mais velhos, foram caçados e mortos como caça do mato, enquanto outros fugiam para terras distantes e desconhecidas.
Os que ficaram, porém, lutavam pelo direito á terra, na qual dominavam há mais de cem anos.
Em 09 de dezembro de 1821, o governo recebeu o seguinte documento:
”O que podemos informar a vossa Excelência é que os índios da povoação da Palmeira não possuem terras em que morem, ainda que toda vida morou sem títulos desta posse e é justo que se lhes mande dar terras neste lugar para suas persistências, porquanto viveram sempre em desordem com os portugueses, e sobre as suas administrações até hoje tem sido boas, só sim o velho costume que tem de obedecer ao seu diretor. Com obediência e respeito, causa porque estão mal satisfeitos com o que preside. Vossas excelências mandaram o que forem servido.
Deus guarde por muitos anos. Anadia em Veneração de 9 de dezembro de 1821.
Ilmº. Exmº. Srs. da junta provincial: João Pereira de Almeida, Diogo José Pinto Cabral, Semeão dos Reis Silva, Joaquim José Pinto Correia e Joaquim José Pereira da Costa”.
A câmara de Vereadores de Anadia achava justo que se dessem aos índios as terras para sua subsistência, pois assim poderia haver paz entre os caboclos e os portugueses que se apossaram delas. Houvera realmente alguns escaramuças entre os lados litigiosos.
Os índios tinham em seu direito um ardoroso defensor, por isso obedeciam a ele cegamente. O Presidente porém não era de seu agrado.
Em 22 de maio de 1822, o presidente da província enviou ao diretor dos índios a seguinte correspondência:
Este governo querendo dar uma decisiva providencia sobre a falta de terras para agricultura de que tanto se queixa os índios de palmeira q’ Vmce. É diretor, lhe remeto o requerimento dos mesmos e seus documentos juntos, e outros sim uma copia de §9. do Diretório, para Vme. Dando a execução ao que lhe contem no dito § formalize uma relação exata das terras adjacentes e seus possuidores e títulos, com o mais que no caso convém e faça subir com muita brevidade ao governo, para que este mande proceder exatamente na forma das ordens regias fazendo Vme. Entretanto constatar aos ditos índios que este negocio se acha presentemente em movimento. Deus guarda Vme. Alagoas, 22 de maio de 1822.

Os marcos da demarcação

Segundo Luiz B. Torres, durante suas pesquisas encontrou os marcos de demarcação do aldeamento antigo dos indígenas, bem como termo de afincamento do marco. Os marcos de demarcação foram encontrados na fazenda do senhor Leopoldino Torres. Tanto os marcos como o terreno de afincamento acham-se no museu Xucurus, uma jóia etinografica do município de Palmeira dos Índios. E após dois anos e meio de pesquisa de campo, encontrou em 05 de agosto de 1971 o primeiro marco (composto de três pedras) da delimitação do antigo aldeamento dos Wakonãn-Kariri-Xucurus que foi sentado em 16 de novembro de 1822 o marco foi encontrado numa distancia de meia légua em direção sul, partindo da atual catedral Nossa Senhora do Amparo. Apresentamos o texto do documento que se encontra no “Museu Xucurus” palmeirense.
Termo de afincamento do Marco, segundo Luiz B. Torres:
“Aos dezesseis dias do mês de novembro de oito centos e vinte e dois anos, neste lugar barro vermelho nas catingas do Moreira, termo de vila de Anadia, da comarca de Alagoas, a onde se acabou a medição de meia légua de terra como consta do termo supra-fora requerido ao dito Juiz pelos índios o Capitão José Caetano, Joaquim José Fernandes, Felipe Dantas, José Camello, e outros que mandasse afincar num marco de pedra para ficarem dividido e logo pelo dito Juiz fora mandado apregoar se havia se opusesse ao assentamento do dito marco como não apareceu pessoa alguma o mandou assentar a revelia das partes em presença dos ditos índios louvados e das testemunhas o Capitão Manoel Texeira Pereira e o Sargento Raimundo Ferreira da Silva, e logo a vista de todos fora medida numa pedra preta qual se achou com três palmos de altura com palmo e meio de largura no pé e na ponta num palmo a qual fora afincada de meio a meio em linha reta de leste a oeste demorando duas testemunhas de pedra da mesma qualidade em linha retro do sul a norte e ficou assentado seis palmos extensão a num ântico que esta em meja partida de Oeste a nordeste e ficou com uma cruz feita a machado de que para constar o dito ministro fazer este termo em com o Piloto, ajudantes louvados e as testemunhas assignou e eu José Antonio de Farias Lobo escrivão que o escrevo
Assinam:
– Rocha (Sargento Mor José da Rocha)
– Manoel Texeira Pereira
– Raimundo Ferreira da Silva
– Bento Moreira Viano (Piloto)
– Bernardo José Moreira (Ajudante de corda)
– José Francisco da Silva (Louvado)
– Benedito Antonio de Jesus (Louvado)

Fixação do índio

Duas tribos em Palmeira dos Índios, nos começos do século XVIII, em 1740, xucuru e kariri, ambas nação tupi.
Por isso, os tentáculos da colonização foram se dilatando cada vez mais, buscando apossar-se de regiões antes desconhecidas.
A princípio, os aborígines tentaram deter a intromissão indesejável, viram derrotadas fragorosamente, como aconteceu em outras tribos. Não caíram em poder do branco que os escravizava, seria impossível vencer inimigo tão poderoso.
Era desejo do homem branco implantar uma nova civilização, pelos vencidos. Presente de grego português! Costumes e crenças incompatíveis com suas tradições.
Um documento escrito pelo padre José de Maia Melo na década de setenta do século passado, viviam os xucuru à beira do Rio São Francisco, na região atual do município de Colégio. O Padre Maia foi pároco de Palmeira dos Índios a partir de 1847, apenas setenta e sete anos depois de Frei Domingos de São José estabelecidos contato com os índios. Este frade foi o primeiro branco a pisar em terras palmeirenses.
Os kariri haviam estabelecido na região de Cimbres, no alto sertão pernambucano, tiveram de desmontar palhoças a fim de buscar novas paragens, em face da penetração do branco. O litoral de Pernambuco estava ocupado, restando-lhes apenas o sertão.
Os xucurus e kariri, estropiados da fuga, coincidiram na mesma meta escolhida: AS MATAS DOS PALMARES, região denominada por causa das milhares de palmeiras nas serras no Vale da Promissão. Os primeiros aramaram palhoças pelos vales, a partir dos sopés de serra, ao norte da cidade até as terras dos Olhos D’água do Acioli, município de Igaci e circunvizinhas.
Os segundos apossaram-se das lombadas nos maciços das Serras da Boa Vista, Goiti, Amaro, Candará e Mandioca.
Durante a viagem, o Rio São Francisco, os xucurus foram fixados pelo percurso afora. Há sinais de passagem em Limoeiro, Tanque D’arca, Belém, Mata Verde, Igaci e Quebrangulo.
As tribos xucurus e kariri subdividiram-se em grupos ou clãs, em diferentes localidades da região. Cada aldeia, o grupo preparava o Campo Santo, onde sepultavam seus mortos. A chefia dos grupos polarizada na pessoa do Tuchau, traço de união entre inúmeras famílias.
Segundo um documento de 1822, cinqüenta e dois anos da chegada de Frei Domingos de São José, nascia cerca de 700 índios em Palmeira, em proporção ao grupelho de brancos recém-chegados e atarefados com a construção de um povoado dentro da civilização européia. Talvez, uma quarenta cenas de alienígenas, com no máximo cem a cento e cinqüenta brancos.

Chegada do primeiro branco

A colonização criava raízes, os aborígines começaram a sofrer pelas novas investidas do europeu, que pretendia melhor efetivar a posse iniciada em 1500. Palmeira oferecia boas terras à exploração da cana-de-açúcar, a cultura da época, tanto que veio a contar com mais de dezessete engenhos.
A cobiça de seus súditos, a coroa portuguesa era pródiga na concessão de extensas faixas de terra denominadas sesmarias.
O índio posseiro multissecular da terra, foi vencido, mesmo ouvindo reclamações, alegando domínio histórico, os novos senhores não reconheciam os direitos dos indígenas. O direito partilhava da cana do invasor, se colocava sempre ao seu lado, detrimento do silvícola.
Na posse dos xucurus-kariri, os brancos foram se apoderando, infelizmente.
Para desalojar os índios das terras cobiçadas, o branco usou dos expedientes mais desumanos. À crença do invasor pouco importava que o aborígine fosse devorado pelas chamas. O chiado doloroso de carnes sendo colonizadas não comovia sertanistas, que só se preocupavam com recursos econômicos de Palmeira.
Os índios sofreram outros tipos de vexames: sersícias, perseguições, escravidão e até morte.
Em 1770, apareceu um frade Domingos de São José, a que ordem religiosa pertenceu.
Frei Domingos conseguiu a confiança dos aborígines e foi fácil convencê-los a construírem uma capelinha de taipa e palha no local situado a serra da Capela e o Sítio Carangueja, hoje conhecido pelo nome de Igreja Velha.o religioso lançou as bases de Palmeira dos Índios. Essa região fazia parte da Sesmaria de Burgos, adquirida pelo Coronel Manoel da Cruz Vilela e por falecimento, passou para as mãos da viúva, D. Maria Pereira Gonçalves e seus filhos, moradores em Sambaúba e Brejão. Conseguiu uma doação de meia légua de sesmaria, onde o frade se comprometeu a exigir uma capela para ser venerada a imagem do Bom Jesus da Boa Morte. A doação foi registrada no Cartório de Garanhuns no dia 27 de julho de 1773. Esta data marca o instante da fundação de Palmeira dos Índios.
De posse da escritura, Frei Domingos resolveu transferir o sapé da serra da Boa Vista a estrutura física da sonhada cidade, local adequado, visto lombadas das serras não permitiam o desenvolvimento de um povoado, pelos altos e baixas do terreno. Retirou, ou mandou retirar a imagem da capelinha de palha num oco ao tronco de uma maçaranduba, local onde hoje se ergue a Catedral de Nossa Senhora do Amparo.
Ao sapé da serra, os índios construíram outra capela, anos de 1773 e 1780. O tempo melhorou a estrutura. O corpo da igreja era de taipa, a capela-mor e a sacristia eram de pedras.
Ao ser elevada a categoria de paróquia, o Senhor Bom Jesus da Boa Morte foi substituído por Nossa Senhora do Amparo, hoje como a padroeira de toda a população católica de Palmeira dos Índios.

Diretório indígena

Os aborígines, porque haviam chegado por primeiro, estavam no domínio das melhores áreas da região, que havia água em abundancia e solo fértil para o plantio, além de ricas em caça e pesca.
Embora os Xucuru e Kariri já tivessem recuado, deixando o litoral para o novo dono da terra, assim não conseguiram livra-se da ação de rafinagem do vencedor. Os possantes braços da chamada civilização ocidental foram se distendendo mais e mais até reencontrá-los nas matas de Palmeira.
A caça ao índio brasileiro foi iniciada em 1537 através de Carta Regida o piedoso rei D. João III concedeu expressa autorização para escravizar membros da “raça guerreira dos caetés”. A curiosidade por provara carne de Bispo da poderosa Igreja Católica custou muito caro.
Em 1549, os primeiros jesuítas dedicaram à catequese dos nativos. O zelo pelo missionário dos Filhos de Santo Inácio sensibilizou a regente D. Catarina em 1558, encarregou-os da panificação dos silvícolas. Os portugueses tomaram o que o índio tinha, roubaram suas mulheres, desvirginaram suas filhas, não satisfeitos, viciaram pela cachaça. E quando o índio reagia, deveria ser castigado em rigor. Era preciso que baixe a cabeça para oferecer o pescoço à causa da escravidão ao trabalho mal remunerado.
Em 1665, grande número de índios ocioso as habitações dos brancos, criando problemas sob o regime de Missões Indígenas, dirigidas por religiosos, não sentia pejo por reduzir a meros expectadores de apropriação das terras… O índio, expulso do seu habitat natural viciado por gostos e costumes europeus, vegetava em torno dos povoados, descaracterizados dos hábitos tribais.
Em 1758, as missões representavam porções geradoras de riquezas despertando a cobiça de políticos de manipularem os índios em benefício próprio. Nesse ano, o Rei D. José I, publicou uma Ordenação Real criando o Diretório Indígena. Os índios passariam a ser dirigidos por um diretor, até que os autóctones adquirissem a capacidade de governarem a si mesmos.
O Diretório Indígena começou o processo organizado da integração do índio na civilização européia deviam aceitar um só governo, o Rei; um só Deus, dos cristãos; um só chefe espiritual, o Papa; uma só lei, a dos portugueses, rompendo com toda a tradição nativa de centenas de anos.
O Parágrafo Sexto do Diretório, ABOLIA O USO DE IDIOMAS NATIVOS. O parágrafo onze exigia que os índios em vez de nomes realmente indígenas, passassem a adotar nomes e sobrenomes de famílias portuguesas.
Ao Diretório Indígena cabia a obrigação de atrair índios para filiarem ao credo católico, e forçar sua integração no desenvolvimento do Brasil, que necessitava do trabalho braçal, para fazer retornar juros satisfatórios investidos na nova terra.

Missão indígena palmeirense

Não se sabe ao certo a data da criação da Missa Indígena em Palmeira dos Índios. Supõe que ela tenha sido instalada depois da criação da Freguesia de Nossa Senhora do Amparo, em 1798.
Os Diretores eram escolhidos pelos Presidentes da Província das Alagoas entre os nomes de uma lista tríplice indicada pela Câmara de Vereadores. O Diretor era a autoridade máxima na Missão, cabia a função coordenar ações da catequese dos índios e integração no trabalho do desenvolvimento da economia nacional.
Na Guerra de 1817, Alagoas se separou de Pernambuco, e na guerra da Confederação do Equador, em 1824. Na Guerra do Paraguai, alguns índios marcharam até o sul numa refrega que durou cinco anos.
Com a criação da Missa Indígena em Palmeira, outros índios vieram habitar no município, os Uruaz, Progez e Carnijó.
Palmeira dos Índios chegou a ter pelo menos três Companhias de Milícias, duas kariri e uma xucurs. As companhias eram comandadas por um capitão, um alferes e um sargento. As companhias eram formadas por um mínimo de 50 (cinqüenta) índios.

Diretores da missão

Os nomes desses diretores:
ü 1813, Agostinho José da Costa;
ü 1822/22, Diogo José Pinto Cabral;
ü 1822 em 11 de fevereiro, Câmara de Anadia enviou a lista tríplice à Governativa de Alagoas, aprovou o nome de José Ramos da Cruz. Os dois candidatos foram Padre José Caetano de Moraes, pároco da freguesia com 30 anos, Francisco da Rocha Guedes. José Ramos da Cruz comandante militar de Palmeira dos Índios, 1824, ocasião da Guerra da Confederação do Equador;
ü 1822, Diretor José Correia da Costa;
ü 1823/35, Alexandre Gomes de Oliveira, assassinado em 1935. Diretores da Missão;
ü 1835/42, Luís de Araújo Jucá, genro do Padre José Caetano de Moraes;
ü 1842, Capitão Luís de Souza Barros.

Os seguintes comandantes das Companhias:
ü Capitão Mor: Custódio de Menezes da Cunha
ü 1ª Companhia: Capitão José Miguel
Alferes Desidério de Brito Lima
Sargento Manoel Antônio

ü 2ª Companhia: Capitão José Atanásio
Alferes José Custódio Simão
Sargento Alexandre Gomes

ü 3ª Companhia: Capitão Inácio Manoel Pias
Alferes José Cordeiro
Sargento José Raimundo

ü 4ª Companhia: Capitão Carlos de Souza Brasil
Alferes José Joaquim
Sargento Manoel Brás

ü 1850, Diretor Antônio Zacarias da Costa;
ü 1851, Mateus Antônio de Almeida;
ü 1860, José Correia da Costa.

1853, o Padre José da Maia Melo, carta de 19 de abril, escreveu ao Diretor Geral dos Índios em Alagoas defendendo-se de acusações feitas pelos índios a cobrança de taxas nos batizados ou casamentos.
A Missão Indigna foi desativada o Aviso do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas declarou extintos os aldeamentos de índios no Estado de Alagoas, 17 de junho de 1872. O Presidente da Província, Silvino Elsídio Carneiro da Cunha, assinou Portaria de 03 de julho, fazendo autoridades competentes sobre a execução e que fossem tomadas providências cabíveis.
Em 1874, Câmara de Vereadores de Palmeira dos Índios solicitou ao Governo as terras para constituírem o patrimônio municipal.
Em 17 de julho de 1879, a Câmara de Vereadores tomou conhecimento da solicitação do Presidente da Província, papéis e documentos existentes em relação ao extinto aldeamento.

Guerra da confederação do equador

José Ramos da Cruz, rico proprietário de terras figurava o sítio de Palmeira de Fora, tomou posse em 1813, exibia a patente de Alferes da Guarda Nacional. 09 de janeiro de 1824, Provincial do Governo do Estado de Alagoas nomeou-o comandante militar com jurisdição sobre o Distrito de Palmeira dos Índios.
No dia 18, José Ramos da Cruz informou às tropas de Panema, Buíque e Garanhuns que haviam marchado, o dia 02; Recife encontrou em Bezerra, o comando de Inácio Cutila. Panema, reagrupados em um combate travado em Maceió. Faziam parte Manoel Vieira Dantas e filhos, o 2º Tenente Francisco Frederico Vieira da Rocha e o Capitão Manoel Duarte Ferreira Ferro Genro, Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque. Tinham como objetivo comum: atacar Maceió. A primeira atacaria Porto Calvo e a segunda, Palmeira dos Índios.
A situação em Palmeira dos Índios era difícil, José Ramos da Cruz encontrava-se diante problema sem solução. Durante o comando deste Capitão, no ano de 1823, houve fuga em massa dos integrantes da Companhia de índios xucurus.
O caso da fuga relatada em ofício de 15 de março de 1823 ao Governo Provincial, no dia nove a Companhia xucurus abandona Palmeira dos Índios, a Companhia mais hábil e obediente ao serviço. Diretor da missão, estava em marcha, vindo da capital, grande bandeira para destruir os índios, Manoel Cavalcanti de Albuquerque chamou o Capitão-mor, a transmitir a falsidade das notícias, os xucurus retiraram-se em número de cinqüenta a Missão de Urubá.
No dia 04 de março, Inácio Cutiba, um dos importantes lideres dessa época apareceu em Palmeira, Fazenda dos Olhos D’água onde estava com três companheiros, mas era muito hábil nos combates. A tropa combateu trinta a quarenta homens de Penedo, fizeram parte das cem praças que adquiriram bastante experiência nos combates as forças lusitanas na Bahia.
Em 10 de março, José Ramos da Cruz informou que a povoação de São Miguel achavam-se no Taquari, pertinho Princesa Isabel, Pernambuco, casa do ex-comandante de índios da Companhia de Índios Palmeirenses, Manoel Cavalcanti de Albuquerque, agora confederados, Manoel Vieira Dantas, dois filhos e genro, sob a proteção das autoridades da Província de Pernambuco.
Taquari situada na fronteira com Palmeira, clima de intranqüilidade entre os palmeirenses fieis ao rei.
29 de abril de 1824, um ofício da junta, fez ver a insinuação no sentido que os palmeirenses arregimentados, seguissem ao encontro inimigo, era desprovido de consistência. Por isso, abandonar Palmeira dos Índios arrematava José Ramos da Cruz, seria entregar as famílias palmeirenses e seus bens ao inimigo, se sabedor invadiria o povoado e faria vingança sobre seus familiares e pessoas do Vigário José Caetano de Moraes e do Diretor da Missão.
José Ramos da Cruz insistiu na permanência dos palmeirenses na terra comum, seria uma decisão acertada. O povo acrescentou apenas se registrando duas defecções: Paulino de Holanda Cavalcanti e seu irmão, Antônio de Holanda Cavalcanti.
Em Palmeira dos Índios a vitória foi comandada pelo Major Carmo.

Terra para os índios

Os índios vieram-se envolvidos pela nefarta civilização da qual seus antepassados já haviam fugido há anos. Com o tempo, viram-se acotovelados em pequenina matriz, terras cedidas por Dona Maria Pereira Gonçalves e seus filhos para patrimônio eclesiástico. O arraial fundado pelos índios tornou-se civilização de conquistador, devia ou não ser feito. Antigos senhores, aborígines passaram a empregados ou escravos.
Os diretores da Missa confortavam-se as necessidades dos filiados porque o índio não voltava e nem ocupava cargos políticos. Os xucurus e kariri começaram a sentir o peso das convenções dos brancos a respeitar as leis caso não quisessem sofrer castigos severos.
Em 1821, estava nervosa, porque o espaço geográfico situavam setecentas pessoas não oferecia condição de sobrevivência.
No ano de 1822, o governo mandou o sargento-mor José Gomes da Rocha, juiz de sesmarias para a demarcação das terras requeridas.
A sentença do juiz poderia indenizar os brancos apossados de terras das 3.000 braças requeridas, pagamento realizado com impostos arrecadados sobre venda de aguardente.
Em 1860, os herdeiros Coronel Manoel da Cruz Vilela entraram com processo no foro palmeirense, dando vinte e quatro horas para os proprietários desocuparem as terras porque, estavam no gozo de uma posse ilícita. Os herdeiros moravam na província de Pernambuco, Alagoas se separou em 1817, guardava inesquecíveis ressentimentos.
Em 1861, o juiz da Comarca de Anadia, Dr. Serapião Eusébio de Assunção deu causa aos índios. A injustiça foi sacramenta pelo Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, em 17 de junho de 1872, declarou todos os aldeamentos de Alagoas.
Em 1954, Arnon de Melo despacha o requerimento doando ao município as terras sob o domínio da indiada.
A luta do caboclo Alfredo Celestino da Silva (falecido), na reivindicação por dias melhores para irmãos de raça, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), hoje FUNAI. A Fazenda Canto, foram alojados os primitivos donos de Palmeira dos Índios.
Obrigados a se “civilizar”, xucurus e kariris vêm lutando inutilmente contra uma cultura que os tem despersonalizado.

Religião e crenças

A cobiça do branco europeu, levou à completa extinção férica, destruiu-os na língua, mais de noventa por cento de sua cultura acabou com suas tradições.
Apenas pouquíssimas palavras do vocabulário autóctone subsistiram, a crença saturada da literatura e dogmatismo cristãos. O pajé Miguel Celestino tem motivado seus irmãos de raça a renovarem a vivência espiritual dos antepassados. Os deuses nativos, os índios fecharam-se como ostras, escondendo a antiga crença.
Ao ouricuri, ponto da crença indígena, nenhum branco pode entrar, nem mesmo suas próprias mulheres.
Os xucurus-kariri reúnem-se semanalmente para o exercício religioso no terreiro (poró). Seu espírito de religiosidade é manifestado através de danças. O Rei Davi encontrou na dança veneração pela Arca da Aliança. Os caboclos da Fazenda Canto expressam sua crença dos deuses, habitavam o mundo sobrenatural dançando e cantando. O civilizado denominou danças de Toré, este nome não designa a coreografia ritual. Toré vem logo abaixo de EI-U-KÁ, senhor do mundo, criador de todas as coisas, esses o moreno Tupã, Alá, Jeová, ou Deus. É mulatis mutandi, Jesus do índio.

As principais entidades espirituais dos xucurus-kariri

Guaraci: sol, a vida do mundo, divindade que faz nascer e alimenta a existência.
Dejaçanã: lua. Mulher que reside a noite, afugenta as trevas e complementa a energia que alimenta a criação.
Os Quaquis: os guias espirituais que acompanham cada índio.
Entre os quaquis, citam-se:
ü Ca-e-có: curandeiro. Protege o índio contra doenças, males em geral;
ü Louvador do mundo: o maior de todos os guias. Na natureza, expressa a glória de EI-U-KÁ.
ü Embaré: segunda pessoa do Louvador do Mundo;
ü Mãe D’água: peixe que faz contato com as águas. Protege rios e fontes, purifica as águas, cria peixes e livra índio de elementos líquidos.

Os índios também acreditam em céu e inferno. A verdadeira alegria depois da morte, o nirvana para o índio, é rever e conviver com seus ascendentes e parentes.
A principal dança-oração dos xucurus-kariri chama-se ouricuri. O ouricuri representa uma espécie de purificação anual uma re-ligação com EI-U-KÁ. O ouricuri tem a duração de três dias, há tribos que levam três mesas nessa festividade, é a festa religiosa mais importante. Os índios se reúnem embruçados em capotes (próias), roupagem de palha de fibra de agave, cobre totalmente a cabeça até os pés.
A coreografia devocional, retiram-se a camarinha (capelinha), lugar reservado onde fumam cachimbos de barro, ritual chama fumar-cruzado, cruzar-pé. Os cachimbos também representavam quaquis.
O cachimbo traçando um x, primeiro traço feito do ombro direito a base do tronco ao lado esquerdo enquanto do ombro esquerdo ao quadril direito. O ato de fuma, em tais ocasiões, não representa para o índio vício, mas significa purificação do corpo material para o encontro com seres espirituais. O fumo é misturado ervas: umburema de cheiro de alecrim de caboclo, juça de brejo, alfavaca, amesca, etc.
Bebem aluá ou gulijó. Usam a bebida chamada quexá. Há Santa Maria ou Jurema do Sertão.
No ouricuri nos imples torés, usam a bebida chamada quexá. Há Santa Maria ou jurema do sertão.
No ouricuri nos simples torés, usam o Cauca-Kuá, maracá feito com fruto de coité, cabaça ou coco, serve para marcar o ritmo dos cantos-orações. A flauta instrumento de bambu, varia de dez a cinqüenta centímetros de tamanho.
Os índios no ouricuri não podem ter relações sexuais a noite anteior, porque impede a sintonia com os quaquis.
Na camarinha, ao se dirigirem para o terreiro todos emitem um urro, um atrás do outro, em fila indiana. Mertra chamada Mãe do Terreiro, prestam reverência inclinando o corpo para depois recuarem.
As palavras mais usadas são: i-na-rhê, rhá-rhá-rhá, etc. As mulheres não podem dançar embuçadas nos capotes. Cada canto é uma impovisaçao mística e pessoal de cada um.

Sutilezas de religiosidade

No século XVIII estabelecem-se duas tribos no atual território do município de Palmeira dos Índios, a xucuru e a kariri.
A tribo xucuru localizado ao sopé da Serra da Boa Vista (Piroá), abrindo-se todo o vale da Promissão até Igaci (antigamente Olhos D’água do Acioli). Palmeira dos Índios invocada pelo nome de A TERRA DOS XUCURUS. Essa tribo, vem gozando do privilégio de seu nome divulgado o da co-irmã.
A tribo kariri é lembrada pela Serra dos Leitões, nela residem membros da Família Leitão. Quanto aos xucurus-kariri seu nome está em dois bairros da cidade: o Bairro Xucurus e a lagoa dos Caboclos.
Os palmeirenses idosos dizem que conheceram vestígios das primitivas habitações indígenas, construídas em forma redonda, paredes de pau-a-pique, esteiras unidas entre si, cobertas por folhas de palmeiras.
Um dos terreiros atualmente influência da mística kariri, por serem numerosos, os primórdios das duas tribos a Palmeira dos Índios.
Os índios palmeirenses de predominância sanguínea kariri, o falecido cacique Alfredo Celestino extenuava preferências por essa tribo.
Para evitar a criação que viesse cindir a unidade tribal, pelo plano religioso, havia um terreiro na Fazenda Canto, outro na Mata da Cafurna, sem necessidade de mais um.
O líder xucurus venceu-me com um raciocínio irrefutável. Seu Luiz disse em Palmeira dos Índios as muitas igrejas vinculadas ao credo cristão. A Igreja Católica, Batista, Presbiteriana, Pentecostal, Testemunhas de Jeová e outras, confessando ter Jesus seu fundador e todas elas um livro em comum, a Bíblia.

Simbolismo do pajé, do cacique e das insígnias usadas no toré

O pajé e o cacique, para desvendar o simbolismo das insígnias, do próprio ritual e dos instrumentos usados pelos índios xucurs-kariri em suas danças devocionais.
Os índios xucurus-kariri jamais tiveram qualquer tipo de escrita, seu acervo cultural e histórico vêm sendo transmitidos oralmente.
O velho senhor sabia utilizar a flora, a fauna, a água e o ar, o mundo material para facilitar ao homem o gozo integral no plano existencial, o sábio era capaz de perceber a relação existente entre EI-U-KÁ, supremo deus da indicada e único ser real, e realizados no plano material. O poder, nas mais incompetentes é uma séria ameaça ao equilíbrio da vida.
A decisão foi muito dolorosa para o sábio, mas o preço tinha de ser esse mesmo, pois ninguém é dado o poder de distribuir justiça para favorecer deslealmente a quem quer que seja: nem a familiares, nem a amigos e nem a si próprio.
Sozinho, agora o velho precisava ir em busca de outro herdeiro, antes que a morte arrebatasse o último instante de vida.
Não podia morrer sem primeiro transmitir a lavagem fabulosa de conhecimentos de quem era possuidor.
Pressentiu que estava diante de uma pessoa com virtudes acima do comum dons e atributos suficientes para substituí-lo.

A alimentação

É muito difícil uma pesquisa a respeito da primitiva alimentação dos índios palmeirenses, já que os remanescentes estão quase que totalmente aculturados e sofrendo a influência da cozinha européia transmitida pelo português colonizador.
Em entrevistas com índios e índias mais velhos, chega-se à conclusão de que os nativos jamais usavam óleo ou fritura no preparo de seus alimentos. A carne, por exemplo, ou era fervida juntamente com os legumes e hortaliças, ou era levada ao braseiro para assar.

Algumas receitas

Xoxó ou grolado: é feito com mandioca, aliás, um dos legumes mais usados pelos índios. Para se preparar o xoxó pega-se uma boa quantidade de mandioca, que se rala. Antigamente os índios usavam casca de angico para este serviço. Espreme-se e depois a fécula pegajosa é passada em peneira para separar o amido. Em seguida se leva ao fogo, colocando-se a massa em um recipiente de barro (caco) para torrar. Não se deve deixar a fécula microfragmentar-se como farinha, mas que forme bolinhos. É muito bom para comer parrau.
Parrau ou saqui para se preparar é bom assado de saqui é necessário obedecer-se as seguintes instruções: pega-se várias vezes no chão até que seus ossos sejam quebrados. O corpinho do animal se tornará uma massa disforme inchada. Estará no ponto então pronto para comer, comer levando-se ao forno é claro.
Outras gotarão de xoxó com tanagura ou então choá (teiu), que deve sem um bocado gostoso.
Moqueca de peixe: pega-se os peixes dos quais se retiram as vísceras depois de ter limpado o peixe e cortado de barbatanas.
Envolve-se o peixe em folhas de abóbora, ou de carrapateira ou mesmo de gravatá, que são seguras por cordas fininhas e embireutanha.
Afastam-se as brasas da fogueira no lugar onde estavam coloca-se o peixe cobre com cinzas por cima das cinzas arruma-se às brasas sobre o espécime icitiológico. Depois de uma hora, ou mais estará pronta uma gostosa moqueca.
Lagarta ao forno: barriguda e motamba, são duas arvores nas quais há uma espécie de lagarta que os índios chamam de mougo, é um prato suculento. Põe-se numa lage de pedra sobre uma trempe por baixo dela coloca-se achas de lenha. Acesa a fogueira, dentro de pouco tempo haverá calor suficiente para a lage onde se tornarão sequinhas. Comidas têm o gosto de tripa assada.
O milho, sendo assado com palha, é semelhante ao nosso cozinhado. A cabeça de Frade (vovó) servia para fazer cuscús. Comia-se também raiz de umbuzeiro ou abóbora de forno. O xique-xique igualmente. Com olho de boi (mucunã) requeria mais paciência e sabedoria no seu preparo. Colocava-se a semente de molho e depois era necessário lavar em nove águas porque em caso contrário, seu veneno mataria.

Bebidas

O índio é um bom preparador de bebidas, tendo por isso, aprendido a fazer vinho da mandioca, seria impossível fazer uma bebida com uva fruto desconhecido.
A macaxeira é um legume abundante e dela se pode fazer um bom vinho acontece que os índios obedecem um cerimonial religioso no preparo de suas bebidas, não visam o aspecto comercial como acontece com os comerciantes de bebidas para os brancos. Os deuses deverão provar de cada aribá (pote) para se guardar vinho, também chamado moça, antes mesmo dos devotos ingerirem o conteúdo dele.
Para as crianças existe o queixa, o equivalente hoje a um refrigerante. É apenas uma garapa feita com rapadura ou mel de abelha, ou mesmo açúcar com água.
Gulijó, é preparado do seguinte modo:
Escolhe-se uma grande porção de mandioca que se deve picar em pedacinhos. Junta-se tudo; depois em uma panela de barro a que se adiciona muita água deixa-se a mistura ferver bastante até se tornar papa, de cor rósea. Quando atingir o ponto indicado, despeja-se o líquido em um aribá para a necessária fermentação.
Aí então, chega à vez do pregustador sagrado, o quaqui, para dar sua aprovação ao vinho. Dentro do pote coloca-se uma flecha e um fuso de fiar algodão. A flecha servirá para dar gosto à bebida e o fuso é uma homenagem a toré, a segunda divindade na hierarquia celicola dos xucurus-kariri.
Aluá, separa-se uma quantidade de milho suficiente para se encher um pote pisa-se em um pilão até torná-lo xerém. Leva-se ao fogo, com muita água, e se deixa à mistura ferver por um bom espaço de tempo. Antes, porém, de se levar o xerém ao fogo, é necessário lavar para retirar as palhas.
O liquido é coado depois em um jereré (peneira) e guardado então em um aribá para fermentar durante três dias. Recomenda-se tampar o pote com palhas de bananeira. Os quaquis devem aprovar também o Aluá e, para isso se segue o mesmo ritual usado em referencia ao Gueijó.
A bebida Jurema ou Santa Maria é o mais sagrado vinho usado pelos índios. A química é regulada por um devocionário especial. Quem provar desta bebida terá inevitavelmente visões do além. É sagrado seu preparo.
Para se retirar à bebida dos aribás usa-se o aribé, um prato fundo, feito em barro cozido. Os índios chamam seus vinhos de Sei-Bá.

Ervas medicinais e esotéricas

Uma boa gama de ervas é usada pelos Xucuru-Kariri como portadoras de virtudes capazes de facilitarem um mais rápido contato com as entidades caboclas do céu indígena.
As mais usadas são:
Amesca espécie de resina que queimada, cheira como incenso.
Juá de brejo-pequeno tubérculo
Imburana de cheiro- arvore aromática
Alfavaca arbusto muito
Quitoco-um rabusto
Erva de nhabu – também chamada de alecrim de caboclo.
Guabiraba – Manacá Jurema
Todas essas ervas podem ser usadas misturadas ao fumo seu efeito se manifesta na criação do estado emocional necessário ao Toré e devoções particulares.
Todas estas ervas podem ser usadas em banho de purificação:
Umburana – É um bom defumador, serve de banho de descarga ,isto é, livra alguém de incomodo encosto espiritual, é indicado para dar de cabeça e ouvido.
Amesca – suador e defumador limpa as narinas e protege o pulmão .
Alvavaca – para coceira e intoxicação, purifica a menstruação da mulher.
Quitoco – para dor de mulher.
Manacá – verdadeiro fumo para o índio e o de mais força espiritual.
Jurema – para sinusite.
Alento – para perebas e fraquezas nos nervos.
Erva de passarinho – erva que vive como parasita nos cafeeiros e laranjeiras.

Pesquisas arqueológicas

O autor já conseguiu desenterrar cerca de vinte igaçabas de dois modelos, até agora. Uma de forma avoide e outra cônica. As primeiras localizadas em região que foi habitada pelo Kariri podem ser classificadas como sendo autoria desses índios. O segundo modelo foi usado pelos Xucuru, conclusão que chegou o autor depois de comparar com outras desenterrada em localidades habitadas por membros desta tribo.
As igaçabas são feitas de barro queimado, que lhes assegura muita resistência debaixo da terra, e por muitos anos são todas elas simples, sem nenhuma pintura ou relevo que mereça destaque. Quanto a tipos de tampas já classificou quatro.
Acredita o autor que as igaçabas desenterradas tenham um mínimo de 180 anos menos idade, talvez não com a chegada de Frei Domigos e a conseqüente conversão dos índios, daí começou a submissão do neo – convertidos aos dogmas e preceitos religiosos do catolicismo.
Quanto ao cerimonial fúnebre, pouco se sabe, dizem os mais velhos que a indiada conduzia o defunto em um bangüê, acompanhado por um cortejo fúnebre e precedido do pajé o sepultamento era realizado muito após o óbito, a fim de tornar possível à colocação do corpo na igaçaba, o que seria impossível depois que o defunto atingisse a total rigidez cadavérica.
As igaçabas variam de tamanho dependendo do morto museu-xucurus possui exemplares de vários tamanhos desenterrados pelo autor.
Era comum o índio ser sepultado de cócoras com a cabeça aflorando na boca do vaso com o cocuruto coberto pela tampa, posição que os especialistas denominaram posição fetal.
Em volta do pescoço do índio era sepultado na boca da igaçaba, eram colocados os pertences do morto: machado de pedra, furadeira pedra de quebrar coco do mesmo material por duas vezes, a tampa que cobria a igaçaba era substituída por uma laje de pedra, de pouca espessura.
Em uma delas encontrou o autor um colar de pequenos caramujos, talvez seja esse o único colar existente e que foi usado pelos índios palmeirenses.
Os Xucurus-Kariri estavam ainda na idade da pedra polida já que até agora não foi encontrado nenhum instrumento de ferro ou bronze que permita se concluir tenham sido eles uma civilização mais adiantada.

CONCLUSÕES EM TORNO DA IDENTIDADE DOS XUCURU-KARIRI DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS, ALAGOAS, BRASIL

Segundo Licenciado em Antropologia Social, Siloé Soares de Amorim:

1. Indigenismo brasileiro e identidade cultural

Ao longo da existência deles, as políticas o brasileiro indigenista sustentou a identidade de validez de uma cultura indígena. As aproximações usadas para esta definição aram os rituais, a posse de um próprio idioma, a cor da pele e o costume específico das comunidades nativas que os diferenciam da cultura ocidental dominante. Deste modo, a pessoa tem a visão do nativo ou “o índio” goste para antes de Colombo população, com próprias características biológicas, sem considerar a possibilidade que eles não misturaram com outras populações “s índio”, quer dizer, “o índio não é índio” sem para idioma, sem para ritual, sem trajes multicores, sem para chamar, sem ser parte de para comunidade; há legados efetivo no ambiente comum popular, não só no Brasil, mas em toda a América.
Porém, tal a consideração só seria possível em você se case disto completa isolamento geográfico das comunidades nativas ou, em seu defeito de grupo humano que viviam totalmente isolados, a parte disto, hipotético. Não na história da humanidade, população reproduziu biológico e culturalmente sem misturar com grupos com que entrou em contato, donde eles reproduzem formas de mim tidas que bastante vivencia de alguns e outros vivem dentro para sincretismo cultural (Cunha, 1986, pp. 113-114).
Conforme os sobre-mencionaram, se nós identificamos um grupo étnico para as características culturais deles; quer dizer, para o idioma, religião, técnico de produção, etc., não ser ela possível afirmar que este grupo é idêntico a seus antepassados, porque nenhum é isto. Alguns exemplos de sincretismo cultural que contradiz a visão de pureza étnica ou racial derivada do processo de colonização em toda a América, ache na religião, como misturas de elementos índios, Christian e africano, entre outros que foram somados em cada processo histórico; em Os idiomas coloniais divergentes de região para região e também no miscigenação. E por isso nós não paramos para ser o mexicano, hondurenho ou brasileiro, em tal a modo que, como Cunha, afirma qualquer grupo étnico adota características culturais de acordo com “as oportunidades os saciam intimamente salte à interação com outros grupos, sem perder para isto sua própria identidade” (Cunha, op. cit. 1986, pág., 115).
Paradoxalmente, na construção histórica do indigenismo brasileiro para políticas ocultadas de exterminação efetiva existente do colonial os frades, coexistindo quer dizer com para políticas de miscigenação que insinuam processos de integração, aculturação e assimilação racional, para integracionista político proposto pelo tutor Estatal e da intermediária de tal integração, o FUNAI. As demandas de integração que o território da população indígena brasileira é respeitado, para onde, a autonomia nisto e suas terras, além de educação e saúde, que reconcilia suas bases internas culturais com o externo, é contar isto capacidade para administrar os assuntos internos com o externo, principalmente no ambiente institucional.
Não obstante, o que é observado é que a população indígena, principalmente o “integrado” ás o kariri de xucurú, para vidas de situação contraditórias com o mundo externo, com caminhar dentro de sua aldeia ou posição indígena, e o outro era, no tutor de instituição ou eu os tribunais, para fim de reconciliar seus direitos naturais para a aquisição de terras pelos direitos civis, tanto de ás de ordem nacional de direito internacional das cidades indígenas. Tal conflita, arado saltou à definição de índio integrado e não integrou à comunidade nacional, esparramada pelo FUNAI. O primeiro ano depois de passar por todos os processos ou aculturação organiza, quer dizer: o índio em estado “isolado”, “semiaislado” (em contato intermitente com a próxima população nacional para a aldeia deles, eles chegam ao grau de ter civilizado, quer dizer, “integrado” para a comunidade nacional. Este grau supõe que o nativo não é distinguido mais muito tempo fisicamente da sociedade dominante e, para onde, ela adquire direitos civis, de cidadão comum. O conceito índio administrado pelo FUNAIo ser insinua ou não ser “o índio de purê” como bases para isto define aos grupos étnicos. Em tal a definição, a instituição não inclui o conceito de raça, ás especialista para subdivisão das espécies e que apresenta caráter comuns hereditários. Não obstante, a continuidade histórica de cada grupo de antes de Colombo origem é na frente do FUNAL.
Por outro lado, ao interior do grupo, caracterizaram os arados de índios quer dizer pela distinção que fazem deles, a população indígena você carro interpreta e é se percebido corno indígena; eles existem enquanto eles arados consideraram diferentes a um ao outro e considerando outros grupos com esses que interajam que isso. inclui à sociedade dominante, independentemente aquele tal a distinção é manifestado ou não em características culturais.
Ás para a aproximação individual de propriedade para grupo específico, só depende em para identificação de carro e do reconhecimento do grupo de qual é formado parte. Deste modo, o cachorro de grupo aceita ou não para um igual sócio individual de sua comunidade, desde que tem suas próprias regras de inclusão e exclusão. As comunidades indígenas, integradas ou não, eles arados consideraram diferentes da sociedade de maioria brasileira e está neste senso que as políticas são contraditas dentro do FUNAI cujo trabalha, aos mesmos fraudes que “respeita”, negam as comunidades indígenas sua continuidade histórica. Eles também tentam, com os processos de integração, para reduz os direitos civis deles e principalmente histórico, ao não dar a autonomia necessária a tais comunidades e, como isto lá é demonstrou ao longo deste trabalho no xucurú-kariri de Palmeira dois Índios sem excluir outros grupos você melodia -, a FUNAI não reage corretamente relativo à defesa do imemorial tanto direitos -suas terras – ás civil da população indígena, e eles constantemente negam qualquer relação de responsabilidade com os nativo de corporações. O que está porém claro, é que o índio integrado continua o ser índio e, então assunto de direitos históricos.

2. Resistência cultural do índio no Brasil

Os índios brasileiros principalmente esses da costa, eles foram induzidos primeiro pelo Jesuíta e depois forçaram pelas leis coloniais e os executores deles, falar idiomas novos como o “idioma geral”, o a pessoa obstruiu, e o português. Também, eles eram privados das culturas tradicionais deles, religião, costume, organização política, tecnologia, hábitos alimentares, etc. A população nativa do nordeste resistiu a estas interferências por meio do anexo para algumas características culturais que, excelente, eles preservam a identidade do grupo, processo periódico em qualquer grupo humano que mantém símbolos que garantem, apesar das numerosas perdas culturais, a continuidade das particularidades dela.

3. A identidade cultural do xucurú-kariri

O xucurú-kariri e quase todas as comunidades indígenas das conservas nordestes brasileiras e eles praticam os rituais denominaram ouricurí e toré, goste de formar de assegurar a identidade deles, para que só tenha acesso a eles outros grupos que isto arados reconheceram e identificaram ás dos símbolos que os comparam tradicionalmente. Outras tradições deram modo ou eles perderam por causa do processo de integração forçada e A separação centenária das organizações deles. Neste contexto, o xucurú-kariri procura para resolver o problema da continuidade histórico-cultural deles em forma pragmática e com uns e abaixa, quer dizer, conforme os processos externos que enfrentam, quase sempre desfavorável, em tal a modo que as características culturais deles variam nos fraudes e no espaço, desde que o xucurú-kariri de território não é definido altamente, porque eles ainda não puderam recuperar as terras ancestrais deles completamente.

4. A pergunta territorial

O problema territorial força ao xucurú-kariri a manter para limitar flexibilidade quer dizer, eles sabem isso possivelmente de para momento para outro eles terão que mover de suas aldeias ou posição indígena, ou para a recuperação de terras de vidas ou procurar meios de sobrevivência em outros lugares. Para os sobre-mencionaram eles arados sempre expuseram a identidades diferentes e influências, para o ponto que é chegada a ser a real identidade étnica de um grupo indígena lá questionar de “identificação de carro e dos reconhecimentos da sociedade circunvizinha” (Cunha, 1986, op. cit., pág. 118). Desde os arados de circunstância quase sempre favorável para a sociedade dominante, isto será capaz a isto ignora a identidade dos grupos indígenas com o argumento que estes “eles aram no purê índio mais longo”, negando a autenticidade inquestionável dos direitos deles deste modo. Deste modo, as políticas indigenistas oficiais, e difundiu no ambiente popular, eles insistem em sustentar e pôr sob condição que a identidade do indivíduo e do grupo indígena não pode existir sem as características culturais e étnicas “purê”, ás que esses previamente mencionaram.
Não obstante, apesar de que quatro séculos de domínio e desestruturação de vidas As tribos nativas por parte das políticas indigenistas e da sociedade colonial e neocolonial dominante, para quantidade surpreendente de grupos indígenas do silêncio nordeste brasileiro sobrevive conservando próprias características culturais. É diferenciado grupos étnicos da sociedade brasileira, ás o xucurú-kariri, esses que mantém os rituais significantes do ouricurí e toré, ás elementos básicos da diferenciação deles da população local; porque, como isto esteve fora pontudo, fisicamente e em muitas características culturais a diferença entre ambas as populações é quase inexistente, devido ao processo de colonização marcado e contínuo e miscigenação que é parte do processo de integração.

5. Outros elementos de identidade

Por outro lado, embora muitas famílias ou indivíduos destes grupos não pudessem reter ou para reproduz na vida social deles a origem étnica deles, quer dizer, manter a coesão ou interrelacão é do grupo tribal para qual pertenceu, eles retêm na memória e eles relaxam (em indivíduo um, família ou modo coletivo) os rituais, dance, mitos e atividades culturais ancestrais. Um exemplo disto é isto a elaboração de tubos de lama usada pelo chamam, o traje para danças o toré, elaborado com as folhas da palma do ouricurí, ás bem artes de ás trouxeram cestas de ás de fins comerciais, panelas de lama e cernidores, entre outra, igual parte do cotidiano deles e continuidade da resistência e identidade étnica.
É importante ter presente que o substrato ideológico e litológico de todos estes elementos e atividades culturais, é formado no momento por sincretismos religioso de origem indígena, européia e africana, transfigurou em forma de ritual e de folclore. Os sobre-mencionaram enriqueceram o: grupo na procura de sua identidade e sua propriedade, procura de salto intimamente para a recuperação e posse de seu território.
6. O xucurú-kariri e as políticas indigenistas oficiais

A relação do xucurú-kariri e dos outros grupos indígenas do nordeste brasileiro que ara debaixo das mesmas condições de acordo com as políticas indigenistas atuais, deveria enfrentar a superficialidade da informação oficial aquele manifesta claramente nos boletins “definitivo” da FUNAI. Neles eles realçam a omissão da história oral do grupo, ás bem ás do relativo deles arqueológico, eu como os estudos por exemplo em cemitérios indígenas diversos ao redor de Palmeira dois índios, nesses que as urnas mortuárias de igaçabas denominado cerâmico aram abundante isso contêm os restos e objetos pessoais e rituais dos mortos, tubos de ás, panelas e colares muitos dos quais arados em estado de conservação bom. Também, é significante que o próprio FUNAInão promove em real forma o descaracterização comum do índio; deste modo, por exemplo, em informar desta instituição é afirmado que “xucurú é se apelidar (…) e que eles deveriam ser chamados ás kariri índio.
A imposição dos legados que “xucurú é se apelidar” sabores restantes imóveis refletivos das políticas indigenistas coloniais: misturar e buscar unificar e para define aos grupos indígenas diferentes de etnias diversas abaixo sua “proteção”, esconder para formar desarticuladora e transformadora das sociedades nativas brasileiras. Estas políticas indigenistas assumem oficialmente que do funcionário ponto de vista econômico, social e cultural, os grupos ficam debaixo disto guia o paternalístico dela do Estado, sem poder ser vali