Após a suspensão da assistência aos índios da Província de Alagoas em 1873, as aldeias indígenas ficaram em completo abandono, alguns índios deixaram seu território de origem e foram para outras paragens. A fome chega as aldeias, suas terras foram declaradas patrimônio público, acostumados serem assistidos ora pela Igreja, ora pelo Império, os índios ficarem em estado de completa penúria. Neste ínterim chega na Aldeia de Colégio em 1881 o índio de Palmeira Gabriel Gonçalves de Oliveira, que fugira de sua tribo por causa da fome. Ao chegar na Aldeia de Colégio, já sem proteção do Império, Gabriel toma como esposa a índia Luzia irmã de Manoel Paulo Chefe Tribal dos Kariri, onde é integrado a cultura indígena local do Ouricuri. Pelo conhecimento de Luzia nas ervas, medicinais Gabriel torna-se conhecido na região como curandeiro afamado, fazendo fortuna em terra, gado e dinheiro. Em poucos anos atuando como curandeiro, Gabriel já era uns dos maiores fazendeiros de Porto Real do Colégio, aí começou dar assistência aos índios bancando a Festa Anual Tradicional do Ritual do Ouricuri. Gabriel sempre doava um boi, porco, farinha e alimentação dos índios no período da mata do Ouricuri, por ser rico, fazendeiro influente os índios de Colégio não eram tão incomodados pelos brancos, como em outras aldeias da Província. A índia Luzia mulher de Gabriel cai doente de cama, ficando paralítica, Gabriel em suas andanças por Própria Sergipe, conheceu Maria Matilde, que vendia chocalho, convidando-a para cuidar de sua esposa, que ele pagaria muito bem. Matilde aceita o convite e vai trabalhar na casa de Gabriel na “ Rua dos Índios “. Anos depois Luzia morre e Gabriel torna-se esposo de Maria Matilde, que logo aprendeu a arte do Curandeirismo com o marido. Tudo que os índios de Colégio precisasse Gabriel e Matilde atendia, no possível, caixão, roupa, alimentação, tornando-se um Pai da Comunidade, adquirindo respeito de todos inclusive do Chefe Tribal e do Conselho Tradicional. Sendo amado pela tribo de Colégio Gabriel morre em 1932, deixando a comunidade numa tristeza tamanha, mas Maria Matilde assume o ânimo, continua o trabalho iniciado por Gabriel, amparando os índios da cobiça do colonizador, protegendo por sua influência de Fazendeira, inclusive adquire mais riqueza do que seu antecessor, curando, rezando, usando os conhecimentos indígenas para o bem da tribo. Matilde tinha o melhor gado leiteiro da região, as melhores terras, tinha casas na cidade de Porto Real do Colégio, todos os dias a maioria dos índios iam tomar café da manhã em sua casa no Chalé, em dias de feira dava dinheiro aqueles mais necessitados, para comprar o que precisasse. Já com idade avançada Maria Matilde morre em 1944, sua fortuna foi dividida entre alguns familiares, o agente do S.P.I. toma a frente da divisões dos bens, a fortuna acaba quase por mistério. Quando morre Maria Matilde, é fundado em Porto Real do Colégio o Posto Indígena Padre Alfredo Damaso, do Serviço de Proteção aos Índios. Nhenety Kariri-Xocó.