Na vida a gente tem escolhas, trilhas e caminhos a seguir. O caminho para a minha vida eu escolhi desde nova: MOVIMENTO INDÍGENA.

Eu nasci em Salvador – Bahia, e o universo indígena sempre estive presente em minha vida. Cresci sabendo ser indígena sem nunca ter visto uma aldeia ou outro índio. Apesar de ter uma família maravilhosa e amá-la muito eu me sentia um peixe fora d’água. Como se ali não fosse o meu lugar. Passei então a investigar a história de minha família e me descobri Tupinambá.

Essa mesma família me proporcionou estudar (obrigada!), então eu decidi fazer faculdade de Direito para poder ajudar de alguma forma os povos indígenas. Entrei para a Faculdade de Direito da Universidade Estadual de Feira de Santana. Passei os anos de faculdade pesquisando e lendo tudo que podia sobre índios. Eu só conhecia os índios dos livros. Os índios que mídia tradicional nos mostravam.

Muitos colegas da faculdade me perguntavam ou até falavam por trás: “estudar tanto para trabalhar com indos?” E eu respondia: “mas eu sou índia também”.

Hoje graças a Tupã, os caminhos e trilhas me levaram para o Sul da Bahia, e hoje moro em uma aldeia chamada Itapoã no povo Tupinambá de Olivença. Tenho uma vida simples, com a natureza em volta. Durmo ouvindo o mar e acordo com o som dos pássaros. Encontrei o meu lugar!

Sou feliz e estou no lugar em que busquei estar. Muito obrigada a Sebastian por ter aberto as portas do mundo indígena para mim, aos amigos indígenas das várias nações em que trabalho por terem me aceitado como irmã, a Jaborandy, Yakuy e Curupaty por terem estimulado a minha permanência em Tupinambá e ao povo da minha Comunidade Itapoá e a minha Cacique Valdelice por terem me aceitado e me dado abrigo.

Potyra Tê Tupinambá.