O III Encontro de Acadêmicos Indígenas de Mato Grosso do Sul, acontecido entre 17 e 19 de Outubro, reuniu 300 acadêmicos, entre eles da Licenciatura Indígena Teko Arandu (modo inteligente de viver) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/Aquidauana), da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), do Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran) e da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Também participaram acadêmicos da Universidade Estadual de Londrina-PR (UEL) e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Junto às lideranças e professores indígenas os acadêmicos das etnias Terena, Guarani, Kaiowá, Kadiwéu, Ofaié, Xavante, Kaingang, Umutina, entre outros, se reuniram para expor as dificuldades relacionadas à graduação e discutir soluções para facilitar o acesso e a permanência dos indígenas nas universidades. Estiveram presentes também, representando o Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (Cinep), sua secretária executiva Cristiane Pankararu e a Dra. Maria Barroso Hoffmann do Projeto Trilhas de Conhecimentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Realizado pelos próprios acadêmicos, junto ao Programa Rede de Saberes o III Encontro foi mais uma iniciativa que possibilitou além das reflexões sobre as questões levantadas a integração entre os acadêmicos, algo que os faz sentir-se mais seguros e determinados na luta por um espaço maior e de qualidade nas universidades. Outro fator importante foi a participação das lideranças, visto que o diálogo entre estes jovens e seus líderes é importantíssimo para que o conhecimento adquirido pelos indígenas na universidade seja mais um instrumento para a melhoria de vida de suas comunidades. “Trabalhar na formação dos acadêmicos junto às lideranças marcando presença nos movimentos de lutas como, por exemplo, a Aty Guasu (Grande Assembléia)”, foi uma das proposições apresentadas. “A mentalidade da universidade ainda é uma mentalidade de mercado. O acadêmico estuda para trabalhar pra alguém. E não é assim que deve ser”, argumentou o Líder Kaiowá Anastácio Peralta ao falar da necessidade de os acadêmicos não seguirem o modelo da sociedade, mas, de alguma forma, atuarem para beneficiar suas comunidades após a formação.

Durante a abertura do encontro, na UFGD, o Deputado Estadual Pedro Kemp falou da importância de uma educação especifica para os indígenas. “A educação é extremamente importante para as comunidades indígenas, mas não é qualquer tipo de educação”. Ele lembrou a conquista do Curso de Formação de Nível Médio Ara Verá (Tempo e espaço iluminado) e da Licenciatura Indígena Teko Arandu (Lugar de Sabedoria), pelo Movimento dos Professores Guarani/Kaiowá.

O acadêmico de Direito da UEMS, Arildo França enfatizou o desafio que os acadêmicos, bem como as comunidades enfrentam. “São muitos os desafios na área da educação e saúde, mas principalmente na garantia dos nossos direitos fundamentais”, explicou ele que conduziu o encontro durante os três dias. Arildo também falou sobre algumas das ações realizadas pelo Programa Rede de Saberes, citando a instalação de tutoria, de laboratórios de informática, a capacitação para docentes e discentes para atender os acadêmicos indígenas, a criação do curso de Direitos Indígenas e a promoção da participação dos acadêmicos em eventos da área de sua graduação.

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Por Caroline Maldonado – 2008-10-20