“Hoje nos não temos nossa terra

“Hoje nos não temos nossa terra, nem nosso mar. Hoje nos estamos cheios de limites: proibido caçar, pescar, proibido entrar… No nosso mangue se nos proíbe pegar caranguejo, aratu, peixe. O Ibama proíbe coisas para nos que para o branco que paga uma gorjeta libera, libera pra eles destruir nossa mata, já denunciamos na procuradoria, já vieram tomaram a moto serra e eles sempre voltam com novas, se fosse um índio estava preso, ainda que o índio só faz as coisas pra sobreviver, ainda ele que faz tudo o que pode pra preservar. Cada planta que nasce, cada árvore, é nossos antepassados dando força pra que a terra não fique nua. Os brancos só querem deixar a terra nua. Cada vez que vejo as maquinas destruindo a mata, aquilo dói, eles tirando as vidas, e nos sabe quanto tempo demora uma mata para nascer. O cemitério indígena, na praia dos coqueiros, já esta fechada de muro, essa terra sagrada foi comprada. A cada dia que passa os brancos vão tomando e nos sem direito a nada, nem a respirar, eles estão tirando as matas, poluindo os rios e eles também vão sofrer com isso”

(Valdelici – Cacique Tupinambá / Olivença)

“O branco vem aqui, desmata, corta, joga tudo embaixo. E nós nem direito de pegar uma árvore seca temos, porque tem que ir lá pedir uma autorização ao Ibama, enquanto isso aqui se escuta a moto-serra”

(Evanildo – Índio Tupinambá / Acuipe de cima)

“Com o desmatamento e a poluição, principalmente, tudo vai acabar. A água vai sumindo e nós não podemos viver sem a água. Nós temos que preservar e não é o que estamos vendo por aí. Hoje esta tudo ao contrário e tudo se acabando. Estão tendo muitas queimadas.

Eu acredito que se a gente preservar a natureza a gente esta preservando a nossa vida. A NATUREZA É A VIDA. A gente tem que fazer de tudo pra preservar”

(Pitta – Agente de Saúde Tupinambá / Santana (Município de Buararema))

“A gente chama a moto-serra de dragão. Quem esta usando o dragão é os fazendeiros. Eles falam que vão derrubar toda a mata para que quando a gente retomar nossa terra não tenha mais nada e só o campo limpo. Eles dizem que só eles podem desfrutar da terra, a gente não”
(Leila – Estudante Tupinambá / Sapucaeira)

Tupinambá, Nação indígena reconhecida em Abril de 2002. Sul da Bahia. Com seu centro em Olivença, a 14 Km de Ilhéus. 100.000 hectares ainda não demarcados. Depoimentos colhidos por Leila e Leo (índios que estão na última foto)e Sebastian Gerlic em agosto de 2002.