O povo Pataxó Hã hã hãe tem um compromisso com sua cultura, com seu passado, com sua historia de sangue e desespero.

Tem um compromisso com a religiosidade, com a ancestralidade, com a vida, com a terra, a mãe terra. É por isso que o povo precisa das matas, das fontes, dos peixes e dos pássaros. Os fazendeiros têm compromissos com o lucro, com seu futuro e consigo mesmo. Não há programa de preservação da natureza.
Pelo relato que se ouvem, alguns políticos atuais da região, são também destruidores da natureza através do desmatamento; alguns são ate donos de serrarias e de madeireiras. Os pistoleiros agem impunemente. Agem sempre nas defesas dos que têm influencia política e financeira. As ameaças são constantes, tiros que vão alem do disparo de intimidação, são truculentos. Se praticarem atos ilícitos para defender propriedades alheias, é certamente por que alguém garante, ou pelo menos, promete a impunidade nos tribunais.

Quem fez benfeitorias nas áreas que sabia não ter direito, deveria pelos menos desconfiar que pudessem perdê-las um dia. As benfeitorias deixadas nas nossas terras, não pagam o tempo perdido por nós, nem a destruição moral, econômica, cultural, as nossas matas, rios e caças e vidas que se foram. Nós lamentamos o prejuízo que estes atos nos causaram durante os últimos cinco séculos. Ao contrario do que dizem, alegam ter direito de pedir indenização. Será que essas pessoas sabem o que significa “Estado de Direito?”. O certo seria, alem de exigir as nossas terras de volta sem pagar nenhuma das benfeitorias a quem fez exigirem-las, a menos que apareçam provas que esses financiamentos:
a) Não foram feitos a fundo perdidos;
b) Que foram devidamente pagos às agencias financiadoras.
Nós precisamos ter segurança que nossas terras, uma vez retomadas, não seremos molestados por reivindicadores francos atiradores, através de supostos direitos, apesar da coisa julgada.

Texto extraído do livro: “A Retomada” de Juvenal Payayá e Edilene Payayá.

Reginaldo Hã Hã Hãe
(Akanawan)