Por alguns instantes seguro entre os meus dedos uma caneta, e na minha frente vejo um papel em branco. Na minha cabeça, um turbilhão de pensamentos, uma confusão mental, um desejo enorme de gritar aos quatro cantos do mundo, uma força que me arrasta um calor que emana das profundezas do meu SER, parecendo que me encontro em um labirinto daqueles, que achamos nunca mais encontrarmos a saída.
Por um momento apenas, penso… Será que estou perdida? Logo, percebo uma voz dos nossos mais velhos, melhor dizendo, a voz daquela que foi a grande responsável por hoje eu ser o que realmente sou, por ter a consciência de onde viemos, quem somos, e para onde vamos.
Nessa absoluta certeza, é que convido a todos para uma reflexão profunda, dos acontecimentos relacionados com nós Povos Indígenas Brasileiros.
Diante de tais circunstâncias não podemos mais nos calar, ser omissos, ou tratar dos nossos assuntos de maneira isolada, é preciso tornar nossa voz uníssona, em busca da verdadeira Democracia, Liberdade e Justiça.
Precisamos formar uma aliança, uma união consistente entre todos os POVOS INDÍGENAS existentes, para lutarmos contra a exclusão a que temos sido relegados por tanto tempo.
Precisamos nos unir também, com todas as classes excluídas não indígenas, mas que são brasileiras e se sentem fora do contexto.
Chamar atenção de toda sociedade civil para que nos percebam e entendam nossa luta, todos os homens de bem existentes.
Hoje elogiam a cultura africana, mas desqualificam ou desconhecem as culturas indígenas atuais. Preferem ver os índios nos museus, ou como figura decorativa artesanal, porque para eles somos o passado, o velho, ou até mesmo uma ameaça, quando ainda nos chamam de selvagens.
Precisamos lutar pela nossa dignidade, mostramos que não precisamos do PODER, que tanto corrompe e mata a humanidade, mas sim de sermos incluídos e respeitados como verdadeiramente somos. Os primeiros Povos a povoar este território.
Precisamos mostrar ao então Presidente do Brasil, que para ele sair no mundo afora pregando uma política de união e reparação é preciso primeiro UNIR e REPARAR à sua Nação. Mostrarmos também, ao Presidente da FUNAI, que ao invés de sair em busca de outros Povos, ou outras culturas, fora do nosso território, que primeiro ele mostre ao mundo, que no Brasil existem mais de 200 etnias e 180 línguas faladas diferentes,e que somos ricos em pluralidade étnica e cultural, que apesar de todas as práticas de extermínio que sofremos até hoje, continuamos resistindo e existindo.
Parentes, e todos aqueles que se sentem excluídos fechem os olhos e ouvidos, não se iludam não se enganem mais. Cuidado com todo esse colorido, as cores são falsas, assim como as palavras deles, na primeira chuva desaparecerão, não são como as cores do arco-íris, que permanece fiel à sua origem.
União dos Povos Indígenas, em busca da Cidadania Plena (Democracia, Liberdade e Justiça).
Muito obrigada!

Yakuy Tupinambá
(Indígena do povo Tupinambá de Olivença)