Carta-Resposta do Movimento Indígena Revolucionário à publicação burguesa Caros Amigos, que, na edição especial de outubro,
supostamente financiada por Ongs indigenistas aliadas à gestão petista da Funai, vedou a participação de representantes indígenas na revista – com exceção a dois quadros dessas mesmas Ongs – e, ignorando a Resistência Espontânea dos Povos Originários à supressão de seus Direitos constitucionalmente garantidos pelo Decreto 7056/09 e às agendas etnocidas e genocidas do Presidente Lula e do PAC durante NOVE MESES instalada diante do Ministério da Justiça e do Congresso Nacional no Acampamento Indígena Revolucionário (AIR), com mais de sete centenas de militantes na Esplanada e dezenas de milhares em todo o Brasil, afirma que o protesto teria tido o suporte do ex-presidente da Funai, o filósofo e antropólogo Mércio Gomes, reduzindo um levante legítima e naturalmente gerado nas aldeias indígenas contra o fechamento covarde dos Postos e Administrações da Funai e um movimento
indígena autêntico que levou aos Poderes da República uma pauta de reivindicações nascida das discussões entre lideranças indígenas e comunidades das mais diversas etnias brasileiras, algo completamente inusitado e inédito na História das relações entre Povos Indígenas e Estado Brasileiro, a uma “briga de brancos”pelo poder.

Em nenhum momento, durante os nove meses em que o AIR esteve instalado na Esplanada dos Ministérios (ou mesmo depois do refluxo estratégico do Movimento), nenhuma das lideranças, membros ou apoiadores do Acampamento Indígena Revolucionário foi procurado pelos repórteres Bianca Pyl ou Maurício Hashizume – ambos colaboradores do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), entidade devoradora de recursos públicos nacionais e estrangeiros instalada no Governo Federal e formada por agentes para-eclesiásticos e eclesiásticos do Vaticano em solo brasileiro que, em 12 de junho de 2010, por meio de Paulo Maldos, do Gabinete Pessoal do Presidente Lula, do Vice-Presidente da Funai, Aluysio Guapindaia, e da representante do Gabinete do Ministro da
Justiça, Ana Patrícia, assessorados por agentes à paisana, tentaram corromper as lideranças do Acampamento Indígena Revolucionário para que encerrassem protesto – para saber quem forneceu ou fornece suporte ao Movimento Indígena Revolucionário.

Deixamos claro que o suporte do professor Gomes muito nos honraria, mas a tentativa de vinculá-lo ao protesto do AIR é mais uma tentativa “chapa-branca” de deslegitimar as vozes indígenas que se ergueram espontaneamente contra a política genocida do Governo Federal, levada a cabo pelo Ministério da Justiça, Funai e Casa Civil, entre outros violadores de direitos – tão criminosa quanto a nota da Funai, distribuida à imprensa na segunda semana de julho corrente pela assessoria de comunicação (que se esconde sob anonimato), negando a condição de indígenas aos manifestantes na Esplanada dos Ministérios.

O Movimento Indígena Revolucionário exige da publicação Caros Amigos, da editora paulista Casa Amarela, DIREITO DE RESPOSTA e exigirá judicialmente provas cabais de que o pensador Mércio Gomes esteve em algum momento dando suporte ao Acampamento Indígena Revolucionário, manifestação espontaneamente nascida das bases indígenas, uma combustão espontânea deflagrada pela revolta com a traição do governo petista aos Povos Indígenas Brasileiros totalmente LIVRE, INDEPENDENTE E AUTÔNOMA, SEM APOIO DE ONGS, GOVERNOS OU DE MENTORES E/OU FINANCIADORES “BRANCOS”.

A publicação mensal Caros Amigos, publicação burguesa que simula dialogar com os movimentos sociais, nos parece ratificar o preconceito hegemônico da sociedade envolvente, expresso em entidades nocivas aos Povos Originários como o CIMI, ISA, CTI, CIR, Missão Kaiowá, entre outras que usam a questão indígena para angariar recursos, algumas dessas comprovadamente envolvidas na mais grossa corrupção, e em indivíduos escroques e venais, tais como Márcio Meira, Marcio Santilli, Aluisio Azanha, Dom Erwin Kräutler, Dionito de Souza, Aluysio Guapindaia, Cristiano Navarro, Paulo Maldos, Antonio Salmeirão, Ana Patrícia, Glaucia Elaine de Paula, entre outros tantos que não acreditam no indígena como Sujeito Político capaz de construir a sua própria História.

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CARTA-RESPOSTA DE CARLOS PANKARARU E LIDERANÇAS

Nós, Carlos Pankararu, Lúcia Munduruku e Korubo, líderes do
Acampamento Indígena Revolucionário (AIR), agredidos pela revista
Caros Amigos Especial, que, no nosso ponto de vista, essa edição pode
ser mais uma idéia dos brancos para ganharem altas fontes de renda nas
costas dos índios – como tem acontecido com muitas organizações de
brancos que trabalham com índios e que se mostram santinhos, mas que,
na verdade, são demônios de alta periculosidade.

Nós, indígenas, se não nos cuidarmos, ficaremos sem terras, sem rios,
sem matas e jogados à própria sorte.

A edição especial desse mês de outubro da “Caros Amigos” publicou
muitas mentiras para denegrir a imagem do Movimento Indígena
Revolucionário, na intenção de melhorar a situação do Partido dos
Trabalhadores (PT), que fez muitas cagadas contra a população
indígena. Um dos maiores crimes foi colocar um incompetente, Márcio
Meira, como presidente da FUNAI, o qual já tinha sido expulso do
Ministério da Cultura pelo ministro Gilberto Gil.

Analisem que máfia miserável que está mantendo este presidente da
FUNAI, o padrinho de Márcio Meira é o deputado Paulo Rocha do PT,
super conhecido por estar envolvido no mensalão. O ministro da Justiça
também é do PT, um anti-índio que publica uma portaria dando poderes à
Força Nacional para atirar em índios dentro da sua própria casa, a
FUNAI.

Somos obrigados a aceitar um presidente da FUNAI corrupto, que não
está na FUNAI para defender os índios, mas sim para abrir as portas do
PAC dentro dos Territórios Indígenas, assim como Belo Monte e assim
como o Decreto 7.056/09, como também Portarias de polícias dentro dos
órgãos da FUNAI.

Além disso, muitas coisas ruins virão pela frente se esse miserável
presidente continuar. Se Dilma Roussef ganhar, nós índios brasileiros,
estaremos com processo acelerado de extermínio.

Queremos dizer para os governos, principalmente, para o Presidente da
República, que o AIR não teve vínculo ou incentivo do ex-presidente da
FUNAI, Mércio Gomes: o Acampamento Indígena Revolucionário nasceu
espontaneamente, criado por indígenas que têm a visão de águia e
conseguem ver o perigo à distância.

Este movimento iniciou-se em janeiro, basicamente com 700 índios ou
mais, inclusive índios que fazem ou faziam parte da CNPI, como é o
caso de Caboclinho, Kretã Kaingang, Neguinho Truká e outros. Isto
comprova que a insatisfação veio por parte também de membros do
conselho dirigido pelo PT.

É uma pena que no decorrer do tempo alguns desses indígenas se
corromperam para este governo do PAC, mas quero deixar claro que o AIR
lutou contra estes projetos que são ameaças à população indígena em
todas as nossas audiências.

Nós fomos contra a Usina de Belo Monte, contra a mineração em
Territórios Indígenas e contra bases militares dentro de TIs. Nós
fomos e ainda somos contra tudo aquilo que é ruim para nós,
principalmente, quando querem fazer na marra, na raça, sem negociação
justa. Assim como o governo Lula quer fazer, com abuso de poder.

Nas marchas que estavam o CIMI e a COIAB, quem estava com quantidade
de índios era o AIR.

Hoje, a FUNAI não é mais do índio, pois ela virou uma agência de ong’s
com um presidente que pertence ao ISA (Instituto Sócioambiental),
chamado Márcio Meira.

A CNPI também é presidida por esse tal de Márcio Meira. E o que é
CNPI? É o CIMI, COIAB, CTI, APIME, APIB, CIR, CESE, APOIME, Missão
Kaiowá, entre outras tantas ONGs. Essas, sim, vivem de ganhar fortunas
às custas dos índios e nada de bom têm mostrado às comunidades.

Quando fazem um movimento é de 4 ou 5 dias, chorando misérias. Nós, do
AIR, nos mantemos por nove meses sem ganhar um centavo do governo,
simplesmente vivendo de doações. Todas as organizações sabem disso e
nunca tiveram coragem de nos ajudar com nada. Ao contrário, fizeram
foi nos ofender, como no caso de Paulo Maldos, assessor do Presidente
da República Luís Inácio Lula da Silva, que junto do vice-presidente
da FUNAI, Aluysio Guapindaia, e da assessora do Ministério da Justiça,
Ana Patrícia, ofereceram hotéis de luxo e a mais descarada propina
disfarçada sob o eufemismo de “reposição de gastos” para que
encerrássemos o protesto. Mas não aceitamos, porque temos objetivos
puros e bons para o nosso povo. Faríamos uma fogueira com esse
dinheiro, caso tivesse chegado em nossas mãos e chamaríamos a imprensa
para mostrar um pouco do que é chamada “política indigenista” do
Governo Lula.

Tudo o que nessa carta citamos, temos provas nas mãos, tanto impressas
quanto audiovisuais. O que aqui estou falando não é nem 10% do que o
governo tem feito de malefício aos povos indígenas, não é nem 1% do
que sabemos. Um dos exemplos: ataques policiais sem ordem judicial,
crianças indígenas agredidas, mulheres e idosos indígenas arrastados,
gestantes indígenas perdendo filhos, prisões ilegais de indígenas –
tudo isso defronte ao Ministério da Justiça e do Congresso Nacional, a
mando do governo Lula.

Estamos à disposição da justiça e da opinião pública para provar o que
dizemos e, nós, do Movimento Revolucionário Indígena exigimos DIREITO
DE RESPOSTA da revista Caros Amigos, publicação da Editora Casa
Amarela. Assim como, exigimos provas judiciais de que no AIR não tinha
lideranças – até mesmo porque o Acampamento Indígena Revolucionário
era apenas uma mera base na Esplanada dos Ministérios e o Movimento
Indígena Revolucionário é nacional, capilarizado em vários Estados da
Federação.Também exigimos judicialmente provas de que o ex-presidente
da FUNAI, Mércio Gomes, algum dia deu suporte ou dirigiu, de alguma
forma, o Movimento Indígena Revolucionário.

Atenciosamente,
Carlos Pankararu, Lúcia Munduruku e Korubo,
fundadores do Acampamento Indígena Revolucionário (AIR).