Excelentíssimo Deputado Federal Roberto de Lucena,

 

Parabenizo-o pela Sessão Solene do dia 19 de abril, surge como uma luzinha no fundo do túnel. Mas todos sabem que ainda existe muito que fazer em relação às políticas públicas para os Povos Originários (Indígenas), que seja aberta uma audiência pública na Câmara Federal urgentemente, para tratar dos assuntos pertinentes aos nossos direitos, e que sejam convidados parentes que saibam lidar e dominar o português, a fim de tornar eficiente e esclarecedora para todos os brasileiros, o que de fato estamos pleiteando, nada mais que o direito de viver com dignidade sem deixar de ser o que somos. Chega de Etnocídio em nossas Comunidades, é assim às políticas públicas desenvolvidas: Educação, Saúde e Assistência Social, o processo de “aculturação” ou “catequese”, ainda continua até hoje, séc. XXI, não respeitam nossas culturas e tradições, afinal ainda somos mais de 300 etnias diferentes.

Tenho certeza que Vossa Excelência tem conhecimento dos descasos e desmandos do governo brasileiro e das autarquias desse Estado que ainda hoje, nos desqualificam e desconhece nossa própria existência, sim deputado, digo e repito desconhece e renega, porque o jogo é feito para estrangeiro assistir, é um faz de contas para a sociedade brasileira, que continua nos discriminando, e que ainda ler em seus livros que o Brasil foi descoberto, e se relaciona com nós originários no passado, pois os tempos dos verbos utilizados para falar da nossa existência ainda permanecem: viviam, caçavam, pescavam etc., livros que ainda nos mostram como se estivéssemos as mesmas características do fenótipo dos antepassados da Carta de Pero Vaz de Caminha, e assim continuam acreditando que ser “Índio”, tem que ter cabelos lisos e pretos, olhos rasgados e pele amarela, e não falar o português corretamente, enquanto a própria ciência de vocês diz através de dois ramos: a genética e a antropologia, que todos somos iguais independentemente da tez da pele, e o que identifica o homem é a sua história cultural, pergunto quantos descendentes de estupros existem no Brasil, quando nos dizem que sua avó ou bisavó foi “pega no laço” ou a “dente de cachorro”, ou seja, violada e com o brio ferido. Também Deputado não nós surpreende uma Nação que homenageiam heróis falsos, que vangloriam por ter sido “descoberto”, eu digo invadido por ladrões e assassinos portugueses, pois assim eram os degredados.

A FUNAI precisa ser reestruturada urgentemente, deixar de ser cabide de emprego do governo, corromper lideranças indígenas, promover discórdia e divisões internas em nossas comunidades. É preciso fazer cumprir os verdadeiros objetivos da Fundação. E não acabar com ela, sei que esse processo para por um fim na FUNAI, começou com o Governo Lula, o próprio chegou a dizer que se o Presidente Mércio, escolhido por ele, não coseguisse arrumar a casa, que seria o fim da mesma, informações dos bastidores da própria instituição. Pergunta-se quantos fazendeiros donos do agronegócio e latifundiários, mineradores, empreendedores da área de turismo e imobiliário, estão por trás disso?

Continuam articulando e tramando contra nós, afinal a guerra que se instalou aqui em 1500, ainda não acabou. Às armas ainda hoje, utilizadas são sutis, não causam hematomas, mas tem o poder de destruição comparado às bombas atômicas, como por exemplo essas PEC’s, e tantas outras, como o preconceito e discriminação que sofremos da sociedade brasileira, os governos jogam em nossa cara que o Brasil é de todos, pode até ser, mas nós somos originários, sabem nos dizer o que é isso? Não somos os invasores, não matamos mais de 100 milhões de pessoas, o maior genocídio que o planeta já viu, aconteceu em solo dos continentes americanos, e fazem questão de esquecer esse capítulo da história fatídica que manchou de sangue esse solo, onde impuseram a criação do Estado Brasileiro (Brasil) que tanto se orgulham. Não queremos expulsar ninguém e muito menos retomar todo o território, mas é preciso que revejam os vossos conceitos e passem a nos respeitar e procurar reparar os erros dos vossos antepassados. O ódio e o rancor não fazem parte de nossas vidas, mas a dor de estarmos a margem da margem, ela existe, falam de nós como se não fossemos seres humanos, de vítimas nos transformaram em vilões, porque para muitos somos os “selvagens” que roubam e matam, além de preguiçosos.

Tudo que queremos é que sejamos respeitados e ver garantidos nossos direitos que vocês mesmos criaram em vossa egrégia casa, e onde hoje, tramam contra nossas vidas, porque Senhor Deputado, a não demarcação de territórios indígenas é o fim da nossa existência, perderemos nossa identidade cultural por completo, esse é o sentido de passar a responsabilidade da FUNAI, para o Congresso, a bancada maior é a dos ruralistas. Nossa cultura é livre, portanto precisamos dos nossos espaços para dar continuidade a nossa existência através das nossas futuras gerações. A campanha lançada a favor das nossas crianças, não obterá êxito se elas não puderem continuar vivendo tradicionalmente.

Não precisamos que nos digam o que devemos fazer, e nem que  apontem nossos supostos erros, Senhor Deputado, afinal desconhecem e desrespeitam nossas culturas e tradições.

É preciso que se faça algo urgentemente Nobre Deputado, já que Vossa Excelência levantou essa bandeira, que seja avante, abra esse espaço que precisamos no Congresso Nacional! Vergonhoso ver o número de Deputados ausentes nessa sessão esquece que votamos e estamos presentes nas academias de educação.

Que o Grande Espírito ilumine a todos!