O concurso foi lançado a nível estadual, e todas as escolas da rede estadual de ensino puderam se inscrever. Quanto à participação dos alunos, os interessados passaram por uma seleção pela escola a qual estudavam. Conforme o regulamento, cada escola deveria selecionar 02 (duas) redações, ou seja, dois alunos; um na categoria Ensino Fundamental (7ª e 8ª) e outra do Ensino Médio (1ª a 3ª).
Beatriz Aparecida da Silva, ou simplesmente Bia como gosta de ser chamada, é uma adolescente pankararu, gosta de encarar desafios, curte todo tipo de música, adora ler e se considera uma viciada em leitura, honra as nossas tradições, já participou de alguns movimentos sociais indígenas e se assume militante da causa, estava concluindo o ensino fundamental quando foi selecionada com sua maravilhosa redação. O resultado dos ganhadores saiu no dia 11 de dezembro de 2007. Para ela e para nós Pankararu foi uma grande conquista, pois indígena nordestino, é guerreiro, é forte, é capaz sem deixar de ser sertanejo.

Bia foi até a capital Pernambucana para receber a homenagem prestada aos vencedores do concurso, e teve o prazer de conhecer Ariano Suassuna pessoalmente na Academia Pernambucana de Letras. Entre autógrafos e fotos, ela nos conta que está apenas começando…
Segue abaixo o texto da nossa Bia Pankararu, o qual a premiou.

O SERTÃO ENCANTADO DE ARIANO SUASSUNA

Eis aqui brota da terra seca, um ser, um homem que acredita, imagina e sonha com uma terra iluminada e repleta da fertilidade de esperança.
Ariano fez do sertão a sua África, pois quando garoto sonhava em, desbravar matas, savanas, mesmo que na imaginação. Ariano vê tudo com um olhar filosófico. Até uma criação de caprinos em sociedade com seu primo Manoel Dantas Vilar Filho – foi uma homenagem às três raças que povoaram o Brasil. Cabras negras representando os negros; cabras brancas representando os europeus e cabras vermelhas representando os índios. Cabras que são o símbolo perfeito para a região sertaneja, o animal certo para o lugar certo.

Lugar onde o matuto é o maior sábio do seu universo particular, que tende a usar sabedoria e esperteza para sobreviver a uma sociedade que não há jeito melhor de ser feliz, sendo simplesmente simples. Lugar onde um homem de sandálias rasteiras, casaca de couro e um chapéu bem arrumado, se torna o herói do mato, fazendo a bicharada de gato-sapato e sua maior sabedoria é saber um pouco de cada coisa. Lugar onde uma pedra é peça fundamental do seu reino, onde a arte de compadecer sustenta todo um povo que acredita mais na força divina do que na força do homem. Povo que tem que aprender desde cedo a sobreviver com a dura realidade do sertão nordestino, mas sem perder a beleza e a alegria de viver. Assim é Ariano Suassuna, que faz das palavras armas e vê o que ninguém mais vê, ou, não quer enxergar o lado bom, estupendo e místico do sertão, que geralmente é visto como pobre e cinzento, mas no olhar de Ariano se torna rico e colorido, fazendo do semi-árido um reino encantado, o paraíso de quem sabe aproveitar o que a vida nos dá de presente…

Enfim, nos ensina a viver na eterna busca da felicidade, fazendo da terra seca o palco, da caatinga o cenário, do sol as luzes, do povo os atores e a fantástica imaginação – desse paraibano que adotou Pernambuco como o lugar perfeito para expressar tanta criatividade – é a história que embala personagens místicos e encantadores.

REDAÇÃO DE BEATRIZ APARECIDA DA SILVA
biapankararu@uol.com.br
biaorg_666@hotmail.com

*Matéria de:
Tainá Pankararu (taina@indiosonline.org.br)
Ig (juliaopankararu@yahoo.com.br