Com a Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas em Setembro de 2009, uma vitória para todos os povos indígenas do mundo, esse documento vem reforçar o já previsto na Constituição e implementar direitos indígenas, cultura, tradição, saúde, educação.
Para os povos indígenas do Mato Grosso do sul tende a reforçar os elos entre “parentes” considerando os que já se foram e os que deram a vida para prevalecer o direito da pessoa do indígena e ter uma realidade diferente do qual estamos vivendo. O estado hoje possui uma população indígena Guarani subgrupo (Ñandeva e Kaiowá) de aproximadamente 45.000 mil indígenas.
Essa realidade talvez não é as melhores dentre muitas outras neste país. Vive-se e sobrevive-se com a força, garra e vontade que nossos ancestrais Guarani nos legaram, isso apenas o mundo espiritual e a religiosidade do povo Guarani, que outrora foi alcunhado de teólogos da floresta. Conforme o relatório que a Survival International enviou para a ONU em março de 2010, revela: “A situação dos Guarani no Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste brasileiro é uma das piores de todo os povos indígenas nas Américas”.

Considerar a cultura indígena hoje é essencial visto que cultura sempre vai estar registrada em nossas memórias, em nossas histórias, em nossas almas, no entanto muito do que era usos e costumes tradicionais tem sofrido transformações, visto que a cultura é dinâmica. Entre tantas transformações a Língua é o fator identitário entre nós. As cidades crescem e cerca nossos tekohás onde fomos amontoados e nos sufoca, ando espiritual e psicologicamente. Participamos de uma interação cultural que vamos internalizando a cada dia e a todo tempo por não ter mais matas, rios e outros aspectos do meio físico já transformando. Em meio a esta negociação cultural que estamos sobrevivendo, com a pouca terra que temos nos oferecem, miséria, dor, morte social, cultural e a discriminação.
Somos um país multicultural, multilíngue, pluriétnico e acima de tudo de uma efervescência cultural ímpar, formadora de nossas identidades, de uma sofisticação simbólica, estética que deságua nos muitos mundos que formam a riqueza cultural brasileira. Nesse contexto ao Guarani é oferecido tudo, menos os mais inerentes direitos do homem com ser, pessoa; o direito a uma vida com dignidade, com Direitos humanos.

Indianara Ramires Machado/ Kunha poty’mi
Guarani-kaiowá/MS
indy.ramires@gmail.com