A posse denominada Santa Maria

A posse denominada Santa Maria, na década de 1947, depois que foi passada para rendeiros passou a ser chamada de São Vicente, esta mudança já foi de 1955 pra cá.

O seu antigo proprietário, o índio Arsênio Pereira dos Santos, delegado regional no policiamento do Posto Caramuru e Paraguaçu na gestão do saudoso chefe de posto pelo SPI, o Sr José Brasileiro.

Atualmente encontra-se ao léu da sorte. Um único filho, uma filha, netos espalhado como filho de lambu por este Brasil a fora, sobrinhos e sobrinhas desabrigados, inclusive uma das sobrinhas, bem como Eliza Maria dos Anjos, uma anciã de 75 anos, está traumatizada com a situação atual.

Recentemente foi despejada da posse que pertenceu ao seu saudadoso pai José Pereira dos Santos, que foi capitão liderando a sua família como a comunidade indígena dos postos Caramuru e Paraguaço pelo SPI, naquela época juntamente com outros lideres que formavam juntos com dois indios da região do Catulé e do Catulezinho, nas proximidades de Itatinga que atualmente é Itapetinga/BA.

Para esta nova geração tomar conhecimento: Nós somos do tronco Camacã-Mongoió, a nossa aldeia é composta pelos indios Camacã, Kariri-Sapuyá, Baenã, Botokudos, Tupinambá, Guerem e Xavante, somos Pataxó-Hãhãhãe.

Na verdade somos indios, e o que queremos é a nossa terra para que possamos trabalhar. Muitos dizem que nós indios somos preguiçosos, que nós não temos nada e que nós nada temos. Isto é porque quando nós começamos a trabalhar, este alguém que estou falando são os rendeiros, soltam os animais, e o gado quebra a cerca, e aí o periquito come o milho e o papagaio leva a fama.

Portanto, seu chefe de posto, seu administrador, dona FUNAI, pelo amor de nosso pai Tupã, pelo amor do que é mais sagrado, senhores governantes, senhores magistrados, nós aqui não estamos mentindo, senhores deputados federais e estaduais, senhores senadores, por favor, olha para essa velha, para as crianças, os jovens. Cadê os Direitos Humanos? – Autoridades, tenham compaixão com nós, somos seres humanos, deixe-nos viver em paz, pelo amor de Deus, nós queremos nossa terra para criar nossas galinhas, nossas vaquinhas, nossos leitões, nossos bichos.

Não queremos que ninguém morra, não queremos violência nem do lado de lá nem do lado de cá. Quando disseram que descobriram o Brasil, nós já existíamos em toda beira da praia. Aqui neste pedaço de chão chamado Bahia, essa nação de povo que uma minoria discrimina. Nós queremos respeito, merecemos consideração em qualquer departamento. Por que dar atenção a uns e a outros desprezar. Nós somos iguais, cada qual no seu cada qual, o respeito é importante.

Ass. Romildo Pereira dos Santos

Ass. Lurdes Maria dos Santos

Ass. Maria Azela dos Santos