Professores e funcionários da Escola Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas, compromisso e prática pedagógica embasada na luta pela terra, na interculturalidade, na identidade étnica, na organização e na história.

No dia 23 de julho de 2011 a Escola Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas festejou em grande estilo seus 10 anos de existência uma comemoração regada a muito Toré e emoção, já que os trabalhos que vem sendo realizado na instituição estão dando suporte e condição para que seus alunos tenham acesso ao mundo do trabalho bem como as universidades.

O empenho das lideranças e membros da comunidade em conquistar uma escola especifica com todas as características e valores dos Tuxá se tornou realidade depois de muita luta e confiança na capacidade e empenho das professoras da comunidade que estão conseguindo com grande êxito aplicar suas práticas pedagogias com conteúdos e currículos capazes de capacitar os alunos para os mais diferentes contextos sociais, a Escola Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas é um modelo de “escola formadora  de guerreiros”.

Todas os professores da comunidade Tuxá de Rodelas tem história e formação especial, tanto em Magistério Indígena como em Nível Superior. As mais antigas atuaram nos primeiros momentos da educação escolar indígena na Bahia e no Brasil um feito histórico.

 

O reconhecimento e regularização das escolas indígenas nas leis brasileiras são o resultado de grandes mobilizações dos mais variados grupos indígenas e organizações indigenistas que provocaram a promulgação de várias leis. A resolução CEB nº 03/99 foi uma delas já que estabelece no âmbito da educação básica, a “ estruturação e o funcionamento das escola indígenas, reconhecendo-lhes a condição de escolas normais e ordenamento jurídico próprios e fixando as diretrizes curriculares do ensino intercultural e bilíngue, visando a valorização plena das culturas dos povos indígenas e á afirmação e manutenção de sua diversidade étnica’. Mesmo com tantas irregularidades, provocadas pelos órgão responsáveis  pela gestão e execução das políticas educacionais indígenas “ União, Estados, Conselhos Estaduais de Educação e Municípios”  o que se tem visto em algumas comunidade é a superação e execução de uma prática pedagógica libertadora, humanista, transformadora e  a cima de tudo feita com amor já que essas escolas respeitam a identidade e trazem  em sua bagagem o fortalecimento da luta de cada povo pela terra, pela educação diferenciada de qualidade, por um sistema de saúde especial e pela sobrevivência e sustentabilidade dos seus membros em interface com o respeito a nossa mãe terra.

Os alunos da escola não temem mais em se auto-reconhecerem e se assumirem como indígena pois a metodologia da escola intensifica a valorização e apropriação do sentido de ser indígena e em especial " Tuxá".

 

A formação que se tem em pauta nas práticas dos professores Tuxá  da Escola Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas se intensifica na capacitação  de cidadãos capazes de trabalhar com elementos próprio da sua cultura ao mesmo tempo em que possam assimilar conteúdos escolares que lhes possibilitem compreender, explicar, analisar e transitar pelas mais diferentes culturas e organizações do mundo globalizado.

Mesmo sabendo que aqui na Bahia a Secretária de Educação e a Coordenação de Educação Escolar Indígena não divulgam e nem executam as reivindicações das comunidades Tuxá, a educação está caminhando com passos firmes.O que nos deixa triste é essa política educacional executada aqui na Bahia que desvaloriza em muitos casos algumas comunidades que não correspondem ao modelo que é adotado.O fato dos Tuxá  se apresentarem e atuarem no mundo sem atender ao modelo de comunidade que esses  órgãos valorizam, ou seja, os Tuxá não atendem aos esterótipos criados pelos colonizadores que taxaram os indígenas como preguiçosos, inocentes, românticos, sem pêlos no corpo  ou selvagens, valores estes que não se adéquam a realidade do povo Tuxá.E devido a esses e outros fatores,  nossas conquistas são desnecessariamente ocultadas nas publicações do Governo da Bahia, bem como nas suas ações a favor do desenvolvimento de um sistema educacional que respeite a diversidade de cada povo indígena da Bahia.

Por motivos políticos reforçados por falsas promessas de uma ex-prefeita de Rodelas, os Tuxá de Rodelas na Bahia, perderam o projeto de uma Escola com estrutura de primeiro mundo como as dos Tupinambá e dos Pataxó hã hã hãe do Sul da Bahia.Esse fato é relatado pela Prof. Socorro Tuxá com muita emoção, já que a mesma vivenciou o processo de exclusão e preconceito sofrido pelas crianças Tuxá que estudavam nas escolas de “branco”.

 

Contudo, a história e manutenção das culturas e tradições dos Tuxá,  é referendada no mundo inteiro.Um exemplo da ocultação das nossas facetas é  saber que na cidade de Rodelas já temos o prazer de acompanhar o trabalho de excelência  de duas indígenas da comunidade Tuxá formadas pela UNEB em Pedagogia (Tayra Tuxá e Tati Tuxá) que atuam como coordenadoras em escola indígena e não-indígena, desenvolvendo um trabalho que poderia e pode,  servir de modelo para muitas comunidades que não acreditam nas potencialidades dos seus membros quando estão atuando com educação escolar indígena.

E assim fica a pergunta, porquê o  lado bom dos Tuxá não são divulgados e levados em consideração nas pautas das políticas educacionais indígenas na Bahia? E a ampliação da escola? E a implantação do ensino Médio? Essas e outras questões são as únicas barreiras que não colaboram com os resultados aqui festejados e exaltados pelos pais dos alunos, professores, lideranças, alunos e não-indígenas da cidade de Rodelas.

 

Jandair Tuxá.

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Vejam algumas imagens da festa realizada na área externa da escola: