João Índio sendo retirado do HAM para o HBI
A Comunidade Indígena Pataxó Hã Hã Hãe lamenta profundamente a perca do índio João Vieira dos Santos Pataxó, mais conhecido pelo nome de “João Índio”, ele era filho do capitão Ôhak e Txitxiaka, João Índio morreu com 78 anos e viveu amarguras na vida entre as aldeias Bahetá e Caramuru, berço de sua adolescência até a morte.

      Sofreu todos os tipos de amarguras, entre elas perseguição, tortura e discriminação, mas tudo isso não foi tão cruel e perverso quanto a sua morte, o mesmo foi internado no hospital Arlete Magalhães em Pau Brasil sem acompanhamento e assistência por parte da equipe do PSFI do Caramuru, o óbito do indígena acusou que o mesmo faleceu por desnutrição aguda.

O professor Paulo Titiáh ligou para o cacique Reginaldo Ramos que reside na Aldeia Bahetá avisando que João Índio encontrava se internado em Pau Brasil entre a vida e a morte, a agente de saúde entrou em contato com o funcionário da SESAI, senhor Jorge avisando que precisava de um transporte para ir até a cidade de Pau Brasil juntamente com o sobrinho de João Índio, Pamboca que ao chegarem ao hospital constataram que o indígena estava ao abandono, não estava sendo medicado e não havia medico na unidade, o mesmo foi retirado para o hospital de Camacan, medico avaliou a situação do indígena que estava com a pressão baixa sem condições de controle, urgentemente o médico solicitou que o paciente fosse para Itabuna onde permaneceu internado por quatro dias no Hospital de Base Luiz Eduardo Magalhães, onde ficou na U.T.I e foi a óbito. João Índio foi apenas mais um índio, mais um ancião dos muitos que morreram diante da falha vergonhosa do péssimo atendimento do Órgão responsável em administrar a verba pública destinada a atender as demandas dos Povos Indígenas numa política de saúde pública.
João Vieira dos Santos Pataxó estava residindo na Aldeia Caramuru, o absurdo disso tudo é que o mesmo deu a sua vida pela morte, somente para mostrar a todos que mais uma vez o subsistema não está funcionado. No Caramuru tem duas equipes de saúde, fica a pergunta, porque muitos anciões morrem sem ao menos ter uma chance de usar um mínimo do que lhe pertence de direito referente à saúde? A quem podemos responsabilizar por esses atos? Queremos uma resposta, não podemos mais aceitar esse tipo de violência que agem em silêncio de maneira continua contra os nossos anciões, contra as nossas crianças, contra os nossos direitos garantidos por lei. João Índio morreu de desnutrição aguda, essa situação abre um leque para chamar a atenção da SESAI para a necessidade de contratar um nutricionista junto à equipe do PSFI.
A Comunidade Indígena Pataxó Hã Hã Hãe trás aqui também seu total repudio a ação feita de forma vergonhosa e desrespeitosa do senhor Marcos Bispo Santos que é Diretor do Colégio Estadual Indígena do Caramuru, João Índio estava residindo no Caramuru e logo que faleceu em Itabuna foi decidido pelos parentes que o mesmo seria sepultado na Aldeia Bahetá, mas muitos indígenas do Caramuru e Água Vermelha queriam acompanhar o velório por respeito a um dos poucos índios que junto a Bahetá sofrerá para garantir aos herdeiros remanescentes Pataxó Hã Hã Hãe. Mas quando algumas lideranças foram até o colégio pedir um dos ônibus da frota escolar mantida pelo governo do estado para conduzir o pessoal até a Aldeia Bahetá, para surpresa de todos, Marcos Bispo usando dos atributos que lhe confere dentro dos âmbitos do governo estadual e da DIREC 07 negou o transporte usando como pretexto que o ancião não era de Caramuru e sim da Aldeia Bahetá, por esse motivo se ele cedesse o transporte para esse fins, muitos alunos ficariam sem aulas.
Esse absurdo fere nossas estimas, nos deixa triste, até quando ações como essa estará acontecendo em nosso povo, acreditamos e confiamos nos homens brancos para exercer os cargos públicos em nossas aldeias, mas naqueles de boa vontade, de bom coração, que respeita nossas diferenças, nossos costumes e não usar da função para promover seus próprios egos e fazer politicagem de jogar um índio contra o outro. Outro absurdo que aconteceu dentro da aldeia é que a estudante indígena Damanes Souza Melo, filha de Zenólia Melo está fazendo estágio em Camacan, pois quando a indígena foi procurar Marcos Bispo para fazer o estagio dentro do Colégio da aldeia o mesmo disse que não era possível, mas também não disse o porquê, hoje a estudante está fazendo seu estágio na cidade de Camacan pagando 280 reais por mês. Em outra época, no ano de 2007 no lançamento do Livro Pataxó Hã Hã Hãe o mesmo disse que o livro “era torto e sem Cultura”, ferindo a todos com tal declaração dentro de um modelo racista e perverso de quem não respeita as diferenças tradicionais dos Pataxó Hã Hã Hãe.