Os fazendeiros tomaram a terra da gente. Meu pai morava aqui. Depois saiu porque eles chegaram e tomaram de conta. Agente teve que sair. Agora voltamos de novo com a turma. Estamos aqui e não vamos a sair”. Narra Maria da Gloria, quem agora vive muito contente em a Aldeia Tupã junto ao senhor Rosalvo. Toda sua família, igual a maioria de indígenas na América Latina, foi despejada de suas terras e explorada em nome da “civilização”. Os casados além trabalharam 20 anos em uma fazenda e quando o “dono” morreu, os tiraram sem nenhuma indenização. Ficaram sem onde viver. Por isso, eles junto a outras famílias retomaram suas terras.

Esta acolhedora morada quatro anos atras, tão só tihna “muita porcaria, sujeira, morcegos, coco. Era um buraco de todos os bichos”, lembra Maria da Gloria. A casa estava em ruinas, totalmente coberta de mato e era impossível que alguem pudesse se quer entrar. Assim foi que a encontraram o 18 de outubro de 2008, quando Maria da Gloria e Rosalvo Araujo junto a varias famílias indígenas Tupinambá de Olivença, retomaram essa terra. Hoje María e Rosalvo moram dignamente junto a alguns de seus 12 filhos e 22 netos. Eles e os outros moradores, chamaram esse lugar: Aldeia Tupã, onde hoje vivem 8 famílias.

Tupã, Deus dos indígenas Tupinambá de Olivença, e uma inspiração para a retomada, para o trabalho coletivo e para o fortalecimento de sua cultura. Em nome de Tupã começaram a dar vida as raízes dessa terra ancestralmente indígena. A Aldeia Tupã fica dentro do território indígena Tupinambá, finalmente delimitado no relatório publicado em abril de 2009, em um ato já tardio de justiça. A demarcação definitiva desse território ainda hoje, com 3 anos de atraso, está pendente de ratificação pelo Ministério da Justiça.

Os Tupinambá sempre fazem mutirão para as construções de suas casas. “Agente faz a armação de madeira e depois convida os vizinhos para colocar o barro e terminar a casa juntos”, fala com orgulho Maria de Araujo. Como agradecimento pelo trabalho coletivo, a família dona da casa cozinha e compartilha uma deliciosa feijoada com todas e todos os participantes.

Em Tupã agora tem muitos cultivos. Há plantios de batata, feijao, abobora, mandioca e andú. Abacaxi, banana, mamao, cana e jaca. Também têm algumas plantas medicinais que usam para fazer chas muito gostosos. Os plantios servem para sua alimentação e algumas vezes para vender. Embora vender não é nem fácil nem rentavel, porque quem planta e colhe os produtos é quem recebe menos dinheiro. Quer dizer, que quem maís ganha dinheiro é o intermediario; a pessoa que compra ao produtor. Por exemplo: o senhor Rosalvo vende um côco seco  a 30 centavos e o intermediario vende a um real, e si for raladao a 2 reaies por cada um. Então, é dificil ter sustento desas vendas, se não tem os meios de transformação e distribuição.

 

 

 

 

 

 

José Oliveira e Alessandra são também moradores da Aldeia Tupã. Eles moram com 10 de seus 12 filhos com os que lutam diariamente pelo sustento. Todos estudam na Escola Indígena: uns vão pela manhã e outros pela noite. Organizando o tempo, podem ajudar com a pesca, a roça e as tarefas da casa. Peixe e caranguejo são a base da alimentação desta família. Também tiram piaçava para vender ocasionalmente. “Tiramos muito pouco das árvores nativas, porque agente não pode desmatar. Temos que proteger nossa aldeia”, explica Alessandra.

Os moradores da Aldeia Tupã, ainda conservam as árvores nativas nos coqueros que encontraram no momento da retomada. O senhor Rosalvo com mais de 70 anos, ainda tem muita força para trabalhar na terra e subir como um menino aos coqueros, mas também, para lutar e defender seus dereitos como indígena Tupinambá de Olivença. “Agente não somos preguisosos, somos gente de trabalho e de futuro. Precisamos da terra para nossa educacão, nossa saúde e nossa cultura”, são as palavras do senhor Rosalvo.

 

Por Vilma Almendra e Manuel Rozental para Povos em Caminho