Pela manha fomos muito bem recebidos na Assambleia Nacional… Onde trabalham os 350 deputados…. Tivemos um espcial encontro com o deputado do Partido Verde Patrick e com…. Juntos dividimos a mesa com varios representantes de varias ONGs…. Anistia Internacional…SURVIVAL….France Liberte…Autres Bresils… e com uma Representante da Embaixada Brasileira na Franca.

Comecamos a reuniao lendo a seguinte carta (que foi traduzida para os presentes em Frances por Vilan Teresa)

Nós, representantes legítimos das Nações Indígenas do nordeste brasileiro: Pankararu, Kariri-Xoco, e Tupinambá de Olivença, viemos junto à Assembléia Nacional Francesa, e de toda sociedade francesa, a fim de assegurar aos Povos Indígenas existentes em todas às partes do mundo o direito de continuar mantendo nossa verdadeira identidade, e principalmente, o DIREITO à VIDA.

Apesar do esforço do Presidente Lula, e de uma pequena parte dos membros do seu governo, em especial do Ministério da Cultura, que vem tentando solucionar a problemática indígena do Brasil implantada desde a época da invasão do nosso Território Sagrado é insuficiente para garantir os nossos direitos escritos na Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. A Constituição respeita e visa a proteção de nos Povos Indígenas mais não é garantida.


Foto com Jean DESSARD Senateur de Paris
e Jean Pierre de Meria Senator de Limoges

Sabemos da existência de grupos fortemente armados pela ganância, e que são alimentados pela pior arma que o homem inventou contra ele mesmo – O DINHEIRO – fortalecendo uma mentalidade ainda colonialista, melhor dizendo de exploração das riquezas naturais, que impedem através dos Poderes do Estado o cumprimento das Leis brasileiras, Tratados e Declarações Internacionais, que poderiam de fato promover IGUALDADE e JUSTICA para todos.
Ainda hoje, em pleno século XXI, somos vitimas das maiores violações contra o Direito Essencial à Vida, em nome do crescimento, ou desenvolvimento econômico financeiro criado pelo homem que se diz civilizado, e que vem causando a destruição do PLANETA TERRA, e todas às formas de Vidas existentes. Modelo esse, responsável pelo maior genocídio em toda historia da humanidade.
Uma verdadeira GUERRA foi instalada em nosso TERRITORIO ORIGINARIO e SAGRADO, com tamanha sutiliza e sordidez, que apesar de terem nos transformado em prisioneiros de guerra colocando-nos em verdadeiros Campos de Concentração, onde facilita a prática do etnocídio, chamadas “Reservas Indígenas”, não há um reconhecimento legal, ou legitimo, muito menos de tomada de consciência por parte daqueles que iniciaram essa maldita guerra, nem daqueles que ainda continua-a.

Revela o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) o número de lideranças indígenas assassinadas:
– em 2003, 33 assassinatos;
– em 2004, 37 assassinatos;
– em 2005, 40 assassinatos;
– em 2006, 56 assassinatos;
– em 2007, 97 assassinatos;
– em 2008, continuam os assassinatos…

O número de assassinatos aumenta terrivelmente quando incluímos aos nossos irmãos indígenas que morrem de: desnutrição, inanição, suicídios, alcoolismo, drogas, e outros.


foto com Ronald du Luart – Vice-president du Senat – President du Groupe d eludes et d amitie Franco-Amerique du Sul

A Justiça brasileira continua com seus olhos vendados, não por representar através de sua simbologia, a imparcialidade, e sim por compactuar com os grandes e poderosos latifundiários. Além dos olhos fechados, cruza braços e pernas, e, nos vira às costas.

No Ministério Público Federal do Brasil, encontram-se pilhas de denúncias feitas por Lideranças Indígenas de todo território brasileiro, e providências concretas não são tomadas. Os processos de demarcação, ampliação, homologação e desintrusão estão paralisados, o governo Lula foi o que menos demarcou Terras Indígenas, apesar da sua promessa de campanha eleitoral, existem mais de 300 processos engavetados.
Como exemplo, citaremos a situação em que encontram nossas Nações:

Pankararu – Aproximadamente 7.000 indígenas, vivendo em uma área 14.294 hectares, nos municípios de: Tacaratu, Jatobá e Petrolândia, no Estado de Pernambuco – Brasil, já demarcadas e homologada, não está com seu território desintrusado, existem mais de 2000 posseiros vivendo dentro e explorando-o.

Kariri-Xocó – 2600 indígenas, no município de Porto Real do Colégio, Estado de Alagoas – Brasil, com uma área em demarcada de 4.419 ha só sobrevive em 699,35 ha, tendo a maior parte de seu território ocupada e explorada pelos posseiros.

Tupinambá de Olivença – Com mais de 7300 indígenas, em quatro municípios: Ilhéus, Una, Buerarema, e São José da Vitória, no Estado da Bahia – Brasil, reivindicam a retomada do seu território originário de 42.000 ha, aguardam desde 2002 que o governo federal declare, demarque, homologue e desintruse as terras indígenas Tupinambás.

A FUNAI (Fundação Nacional do Índio, órgão do Ministério da Justiça), foi criada para assistir os direitos dos índios e na verdade serve de cabide de emprego, corrompe lideranças, implanta conflitos, agencia desvios e lavagens de recursos públicos, e contribui com a idéia de que somos incapazes, se faz urgente a reestruturação do órgão.

Às políticas de Educação e Saúde, são impostas em nossas aldeias, contribuem para a prática do etnocídio, manobras políticas, argumentos para fortalecerem a idéia de “aculturação”, promovem o assistencialismo em detrimento da nossa desejada autonomia.

Os indígenas, que conseguem chegar até a Universidade, nunca sabem se conseguirão chegar até o final do curso, além da questão de adaptação, da discriminação e o preconceito, só recebem uma ajuda de custo da FUNAI, que varia entre 100€ e 400€ para pagar moradia, transporte e material didático. Não é oferecido alojamento universitário para os indígenas.

Ainda hoje, somos vistos como selvagens e preguiçosos, continuam a nos catequizar, agora não são só os católicos, mas muitas igrejas, e pior ainda, nos invadem os partidos políticos, argumentando a necessidade de participarmos da política para que possamos conseguir implantações de programas do governo com mais facilidade. Na verdade, o que fazem conosco é um jogo, impõem sua vontade corrompendo nossas lideranças, promovendo conflitos e divisões internas, não respeitam nossa autonomia, ou seja, nossa vontade de permanecermos longe dessa sujeira que afeta o espírito e o corpo.

Devolvam nossas terras que usurparam para que possamos viver com dignidade. Queremos de volta nossa liberdade, nosso direito de escolha. Temos nossos valores, nossa ética e moral, e nossa religião, também, possuímos conhecimentos que ajudam toda humanidade apesar de não ser lembrado, pois o cientificismo bebe da fonte dos nossos saberes, depois torna-o em verdade cientifica, esquecendo-nos. Daremos um pequeno exemplo: a matéria-prima, que hoje, é sintetizada em vossas indústrias farmacêuticas e de cosméticos são retiradas dos saberes autóctones, assim como os alimentos que hoje chegam a vossas mesas.
Reconheçam a guerra que foi implantada em nosso território, e nos ajudem a recuperar o direito de viver em Paz e salvar o Planeta que estão destruindo.
Se ainda possuimos a Amazônia e outras Florestas é porque nós indígenas cuidamos da Mãe Natureza. Pesquisas foram feitas sobre “Reservas Florestais” e verificou-se que nas “Reservas Indígenas”, onde vivemos nós os verdadeiros guardiões da Natureza, a Floresta esta muito mais preservada.

O Capitalismo Selvagem foi implantado como o mais vil dos homens que pega sua ferramenta mortífera que derruba arvore para depois torna-la um pedaço de madeira e envernizá-lo; por fora fica o brilho e por dentro a morte, como uma urna funerária.
O homem em busca de saberes sem precedentes se individualizou, afastou de suas raízes, e se tornou máquina para produzir e consumir. O homem dito civilizado se afastou tanto, que ele não aceita mais as leis naturais, esquecem que nada é infinito, nem mesmo a Mãe Terra.
Em alerta a toda humanidade queremos informar que a Mãe Natureza começou a dar respostas, nós que sempre vivemos harmoniosamente com o todo e somos capazes de ouvir todos os lamentos que vem da Mãe Terra estamos perdidos, não sabemos identificar o período de plantio das culturas que são necessárias à produção de alimentos, os fenômenos naturais cada vez mais intensos, as inundações e as secas estão aumentando, milhares de pingüins já chegaram ao Nordeste brasileiro, e o leão marinho no sudeste – Rio de Janeiro.

Nosso objetivo, junto aos líderes da França, e quiçá do mundo inteiro, é principalmente despertar uma consciência planetária de respeito à diversidade e a Vida.

Agradecemos

Atiã Pankararu; Ayrá Kariri-Xoco e Yakuy Tupinambá

No final do Dia a Danielle Mitterrand – Presidente da Foundacao France Liberte e sua ajudante POLINE nos receberam na Fundacao e conversamos por mais de duas horas; uma verdadeira troca muito beneficio para todos nos.